Hoje, a Igreja Católica Apostólica Romana celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. De acordo com as escrituras sagradas, Cristo ressuscitou, venceu a morte e subiu aos céus, estando sentado à direita de Deus, Todo Poderoso.
O termo Páscoa, em hebraico Peshah, significa 'passagem'. Mas afinal, o que é a Páscoa para os cristãos? A resposta para esta pergunta, pode ser encontrada na carta de Paulo aos Romanos: “Irmãos, não sabeis que todos que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pois pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova”, (Rm 6, 3-4)
De acordo com o Arcebispo de São Salvador da Bahia - Primaz do Brasil, Murilo Krieger, a Páscoa é uma festa celebrada por judeus e cristãos. "Para os judeus, é a festa da liberdade e lembra o Êxodo, a saída do Egito em direção à Terra Prometida. Para os cristãos, é a passagem de Cristo da morte para a ressurreição e a vida eterna. Poucas festas são envolvidas por tantos ritos, tradições e símbolos tão sacrados como essa", acrescenta o Arcebispo.
Na opinião de Pedro Henrique, bacharel em Teologia pelo Instituto Bíblico de Criciúma, 37 anos, a Páscoa traz uma sensação de 'pertencimento'. "É um momento de recordação de que Jesus está vivo e triunfou sobre a morte e de que ele nos acompanha até os dias de hoje. Eu creio que a Páscoa significa uma sensação de pertença, porque evidencia de que nós, não fomos abandonados. É uma promessa de que o Cristo continua conosco até o final das nossas vidas. Ele é presente, real e vivo ", diz.
Já na visão do advogado Emanuel Souto, 29 anos, a Páscoa significa perfeição. " Páscoa é uma passagem e o Cristo eleva isto a máxima perfeição. Ele ressurge para nos trazer o verdadeiro significado de vida eterna", complementa o advogado.
A Páscoa é uma celebração rica de significados e símbolos. O Arcebispo explica o sentido deles e o que os mesmos têm a ver com a ressurreição de Jesus Cristo.
O Ovo de Páscoa
Imagem: Pixabay/Creative Commons
O ovo é um símbolo de vida nova, de vida que está para nascer. É símbolo de um começo, por isso, sua associação à Páscoa: a Ressurreição de Jesus também indica o princípio de uma nova vida, a redenção da própria humanidade. Os Ovos de Páscoa mais comuns são os ovos de chocolate, mas há também ovos feitos com ovos de galinha, pintados por fora e tendo seu conteúdo substituído por doces ou amêndoas.
O Coelho
Imagem: Pixabay/Creative Commons
Essa associação é mais fácil para os que moram no hemisfério norte, onde a Páscoa ocorre nos primeiros dias da primavera. O coelho, depois de um intenso inverno, é um dos primeiros animais que saem das tocas ao chegar a primavera, correndo pelos campos verdes, dando, portanto, a ideia de renovação da vida, que parecia 'morta' durante o inverno.
Há também um fator importante para o coelho ser adotado como um dos símbolos da Páscoa: eles são animais que se reproduzem com extrema facilidade e em grande quantidade. Vem daí também a identificação com uma vida abundante, um processo de restauração, um ciclo que se renova todos os anos.
O Cordeiro
Imagem: Pixabay/Creative Commons
O cordeiro é o mais antigo símbolo da Páscoa. Ele foi o símbolo da Primeira Aliança entre Deus e Moisés. O cordeiro foi o instrumento da instituição da Páscoa. Quando, após um longo período de escravidão, o povo hebreu estava para ser libertado do domínio egípcio, o Senhor disse a Moisés e a seu irmão, Aarão: “Cada um de vocês deve tomar um cordeiro por família e, no décimo quarto dia do primeiro mês do ano, levá-lo para ser imolado na hora do pôr-do- sol.Então, com o sangue do cordeiro, molharão os batentes das portas de suas casas. E depois comerão sua carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas. Naquela noite, passarei pelo Egito e exterminarei todos os seus primogênitos. Só não serão atingidas as casas que estiverem com o “símbolo do cordeiro”: ao ver o sangue nas portas, vocês serão protegidos e não serão atingidos pela destruição da morte”.
E o Senhor acrescentou, concluindo: “Vocês devem conservar a lembrança desse dia, celebrando-o com uma festa em honra ao Senhor. E farão isto para sempre, pois esta é uma instituição perpétua.” (Êxodo 12,1-14).
Era esta festa da Páscoa que Jesus, tempos depois, celebraria com seus discípulos na noite da Quinta-feira Santa.
O Lava Pés
Imagem: Aleteia.com/Divulgação
Na quinta-feira, atualiza-se a última ceia de Cristo com seus discípulos, ocasião em que Jesus instituiu a Eucaristia e deixou um mandamento novo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!". Foi durante a última ceia que Cristo lavou os pés de seus discípulos. Pondo uma toalha na cintura, despejou água numa bacia, começou a lavar os pés de cada um dos apóstolos e enxugou-os com a toalha.
Fez isso para nos dar uma lição de humildade e simplicidade, de igualdade e serviço aos irmãos: “Dei-lhes o exemplo para que, como eu fiz, assim façam também vocês. O servo não é maior do que seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou”. (João 13,15-16).
O Óleo
Imagem: Representação/Divulgação
Na Igreja, o óleo é usado em vários sacramentos:
O óleo dos Catecúmenos- utilizado no Batismo.
O óleo da Unção dos Enfermos - utilizado aos doentes que estão à beira da morte
O óleo do Crisma - utilizado no Sacramento da Crisma, na Ordenação Presbiteral e Episcopal
É na Quinta-feira Santa, de manhã, na Igreja Catedral, que se celebra a Missa do Crisma, presidida pelo Bispo e concelebrada pelos padres que trabalham na respectiva diocese. Nesta celebração é abençoado todo óleo que será usada nos sacramentos ao longo do ano.
O Fogo Novo
Imagem: Pixabay/Cretive Commons
No início da cerimônia da Vigília Pascal, na noite do Sábado Santo, o círio pascal é levado pelo celebrante para fora da igreja, junto à porta. Enquanto isso, apagam-se todas as luzes do templo e o povo, com velas nas mãos, aguarda no escuro, em silêncio. Aceso o círio com o “fogo novo” – isto é, fogo solenemente abençoado -, o celebrante o leva para dentro da igreja e o apresenta aos fiéis como a “luz de Cristo”, o “fogo novo” da Ressurreição.
Todas as velas que estão com as pessoas são acesas no círio, até que todo o templo fica iluminado pela luz das velas, ou seja, pelo fogo novo do círio pascal. Segue- se então a celebração da Vigília Pascal e, mesmo com as luzes acesas e as pequenas
velas apagadas, o grande círio continua aceso até o fim da cerimônia. É aceso também em todo o Tempo Pascal (da Páscoa até Pentecostes, a festa do Espírito Santo).
O Círio Pascal
Imagem: Pixabay/ Creative Commons
O círio é uma grande vela, usada na cerimônia do Sábado Santo e representa a luz de Cristo. No círio há duas letras gregas: o alfa e o ômega; respectivamente a primeira e a última letra do alfabeto grego.
O alfa representa o princípio e o ômega, o fim, uma vez que Jesus falou: “Eu sou o princípio e o fim.” Na grande vela há ainda a indicação dos quatro algarismos do ano em que está em curso, simbolizando a presença viva de Jesus junto a todos os povos do mundo, em
todos os tempos.
A Água
Imagem: Pixabay/ Creative Commons
Também a água é um símbolo da Páscoa. Ela simboliza pureza, purificação e renovação. Na Vigília Pascal (Sábado Santo), durante a celebração, o sacerdote faz a benção da água batismal, quer haja ou não batismos.
Para isso, o sacerdote mergulha o círio pascal na água, invocando sobre esta a força do Espírito Santo. Com a água já benta, o celebrante asperge o povo e diz uma oração, para que, ao recordar o batismo, todos possam renovar-se, permanecendo fiéis ao Espírito Santo.
O Aleluia
Imagem: Pixabay/ Creative Commons
Aleluia é uma palavra hebraica que significa “louvem o Senhor com alegria”. Muito usada nos salmos, a palavra aleluia passou a ser um grito de júbilo obrigatório para os cristãos na época da Páscoa.
Na Páscoa e nas semanas seguintes, os cristãos repetem muitas e muitas vezes: Aleluia! Estão conscientes de que vivem um novo dia, um novo tempo, uma nova vida.
Páscoa celebrada em anos diferentes
Por que em cada ano muda o Domingo da Páscoa? O Arcebispo Primaz do Brasil explica que o Concílio Ecumênico de Nicéia, no ano 325 depois de Cristo e seguindo uma tradição judaica, ordenou que a Igreja Católica celebrasse a Páscoa - do qual dependem as demais festas móveis da Igreja - no domingo depois da primeira lua cheia da primavera no hemisfério norte, a qual se inicia no dia 21 de março.
Como a primeira lua cheia desta estação cai em um dia diferente a cada ano, sempre entre 21 de março e 18 de abril, segue-se que, a celebração da Páscoa também será em um dia diferente, sempre no período entre 22 de março e 25 de abril.
De acordo com o Arcebispo, há um movimento na Igreja Católica Apostólica Romana para que o Dia da Páscoa tenha uma data fixa, embora, não seja uma decisão fácil de ser tomada.