Comportamento / Curiosidades

Do pião ao jogo de amarelinha: como era a infância antes do tablet

Psicólogo fala sobre o estímulo às brincadeiras mais lúdicas

Elena, 12 anos

É bem verdade que a maioria das crianças da época de 60, 70, 80 e 90 aproveitou bastante as chamadas brincadeiras de rua. E é claro que o tempo mudou, acompanhado de novas tecnologias e, assim, novas vontades. Mas, as lembranças do passado permanecem vivas na memória de muitos. E, finalmente, você teve infância?

Quem viveu nessa época garante que teve uma infância feliz, mágica, sem preocupaçoes e as coisas mais simples eram fonte de diversão por horas. Os brinquedos eram todos praticamente confeccionados pela garotada.

Gudes


Amarelinha ou macaco

 

Pipa

Telefone de lata

Pião

Os carrinhos de rolimã eram sucesso e, aparentemente, bem fáceis de fazer, assim como os telefones de lata, que mais tarde se tranformaram em woki toki. Com materiais simples e super baratos, as crianças também faziam suas pipas coloridas e as enfeitavam sempre que podiam. “Empinar pipa era uma das minhas brincadeiras favoritas. A gente sabia sempre o melhor lugar, horário e ganhavamos horas com a pipa no ar, mas confesso que não era todo mundo que tinha habilidade para ‘colocar a pipa no céu’”, disse a aposentada Norma Pereira, de 58 anos, que aproveitou sua infância no bairro da Cidade Baixa, em Salvador. 

E não precisava necassariamente de um “mega brinquedo” para se divertir. Picula, elástico, queimado, amarelinha, pedra de liso, fura pé, pau de sebo, gudes, quebra pote e dança da cadeira  são umas das mais lembradas.  

Paquera
Havia, ainda, as brincadeiras da paquera que aceleravam o coração das crianças : salada mista, verdade ou consequência, gato mia, o mestre mandou, entre outras. A tradicional dos anos 80 era a salada mista: nesta brincadeira um dos participantes tinham os olhos vendados, e o  grupo de amigos fazia uma fila. Existiam alguns truques para a pessoa conseguir beijar quem queria. 

Dependência virtual 
Não existia uma diferença grande entre crianças de classes distintas. O pobre e o rico se divertiam com as mesmas brincadeiras de rua. Com a chegada do computador nos lares, da tecnologia como um todo, os encontros e as brincadeiras foram ficando cada vez mais difíceis e as crianças cada dia mais conectadas - mesmo com a internet discada da época. 

A dependência virtual já se transformou em um sério problema e o exagero da tecnologia tem deixado crianças e adolescentes desconectados do mundo real.  Contrariando a ideia de de que a tecnologia apenas ajudaria no conhecimento e no multiplicar de informações, muitas crianças e adolescentes nunca estiveram tão desconectados do mundo e parecem hipnotizados com essa onda tecnológica. 

De acordo com o psicólogo Ramon Marcel, os responsáveis pela criança podem sim ajudá-las de maneira simples. “Os pais devem estimular os filhos sempre para o lado criativo, buscando brincadeiras mais ludicas, como desenhos e até construção de algum brinquedo. Outra coisa super importante é o estímulo às atividades fisicas, como andar de bicicleta, skate, futebol, entre outros. Essas atividades, além de estimular a criatividade e o exercício físico, ajudam também na evolução cognitiva da criança - e uma coisa ainda mais importante que é o momento social em família que  muitas vezes é  prejudicado pela tecnologia e essa busca pela criatividade, atividades fisicas e psicológicas, são importantes não so para criança, mas também para a família”, explicou. 

E é justamente dessa forma que a advogada Taiche Santos procura conduzir as brincadeiras da sua filha Elena, de 9 anos. “Elena não tem os brinquedos da moda nem aparelhos tecnológicos. Além de super caros, acho que ela se diverte muito mais com brincadeiras de rua. Ela desce para a pracinha e vai brincar de pega-pega com os amigos. Sempre estou levando para parques, praia, por do sol e todo lugar aberto para ela brincar e se movimentar”, disse Taiche. 


Elena Dias, 12 anos

“O unico brinquedo que considero caro foi uma boneca que imita um bebê de verdade. Custou R$ 600 e mesmo assim pesquisei bastante porque a média de preço e R$ 1500. De qualquer forma, é uma boneca que vai brincar com a imaginaçao dela e não um tablet”, completou a mãe de Elena.