Brasil / Comportamento

William Waack nega racismo e apresenta sua obra como prova

O jornalista escreveu artigo publicado pela Folha de São Paulo

O jornalista William Waack, de 65 anos de idade e 48 de profissão, manifestou-se pela primeira vez sobre o vídeo gravado em novembro de 2016 que o levou a ser demitido da TV Globo. O vídeo mostra o apresentador fazendo um comentário considerado racista, ao ouvir a buzina de um carro. “Tá buzinando por quê, seu m. do cacete? Não vou nem falar porque eu sei quem é”. Na sequência, diz, em tom baixo: “É preto. É coisa de preto”. 

Em seu artigo William Waack diz que "aquilo foi uma piada - idiota, dita em tom de brincadeira, num momento particular"

Ele afirma ter sempre combatido a intolerância, incluindo o racismo, e reproduziu a defesa que fez dele a jornalista Glória Maria, negra: "Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português".


William Waack tem 48 anos de profissão

O jornalista ressalta o fato de que "em todo o mundo, na era da revolução digital, as empresas da chamada 'mídia tradicional’ são permanentemente desafiadas por grupos organizados no interior das redes sociais". E critica as empresas que sucumbem a esse cerco no ambiente online. “Julgam que ceder à gritaria dos grupos organizados ajuda a proteger a própria imagem institucional”.

Em outro trecho, escreve o que pode ser entendido como uma crítica à decisão da Rede Globo de afastá-lo e depois demiti-lo. 

“Por falta de visão estratégica ou covardia, ou ambas, (as empresas de mídia tradicional) tornam-se reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que ‘donos’ de outras agendas políticas definem como ‘correto’.”

Veja outros trechos do artigo de William Waack

“Se os rapazes que roubaram a imagem da Globo e a vazaram na internet tivessem me abordado, naquela noite de 8 de novembro de 2016, eu teria dito a eles a mesma coisa que direi agora: ‘Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão.’".

"Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento. Até porque não se poderia tomar um pensamento verdadeiramente racista como uma piada."

"Aproveito para agradecer o imenso apoio que recebi de muitas pessoas que, mesmo bravas com a piada que fiz, entenderam que disso apenas se tratava, não de uma manifestação racista."

 "Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui."