Em Salvador, durante o verão, quartos, pátios e saguões de hotéis se enchem de bagagens, e de pessoas com de expectativas e ansiedade pela chegada do Réveillon.
"Não há, no Brasil, evento de virada de ano tão completo, diverso e atrativo. Nós temos as principais atrações, e focamos em harmonizar diferentes ritmos. Temos um pouco de tudo, roda gigante, tirolesa, gastronomia. A intenção é entreter o público de todas as idades", avisa o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.
Para o cabeleireiro argentino Sergio Ganim, 45, natural de Buenos Aires, voltar à cidade que lhe proporcionou sensações intensas há cinco anos era quase uma obrigação.
"Conheci Salvador em uma breve estadia, e tudo aqui me atraiu. Gostei bastante das pessoas, da cidade e do acolhimento que tive por parte do povo daqui. Chego hoje, passo a virada na Bahia e depois sigo para o Rio de Janeiro, onde finalizo minha estadia de 20 dias em solo brasileiro", disse Ganim.
Ocupação
Do outro lado, donos de hotéis, bares e restaurantes estão ansiosos por confirmar a projeção de que a festa na capital baiana será responsável pelo incremento nas vendas do comércio na orla marítima.
As previsões estão sob observação desde antes do anúncio oficial da festa, registrando, entre os meses de novembro e dezembro de 2017, um aumento de 30% nas reservas para as festas de fim de ano, se comparado ao mesmo período em 2016.
Os números são da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e vão ao encontro do que o trade turístico da cidade já havia adiantado para a alta estação. Salvador conta, atualmente, com 40 mil leitos distribuídos em hotéis, motéis, hostels, albergues e pousadas.
Salvador fecha o ano com um aumento de mais de 9% na taxa de ocupação hoteleira, se comparado a 2016. Este crescimento ocorre desde o início do ano, quando a Secult passou a contabilizar, mês a mês, o fluxo de turistas que se destinam à cidade.
"Isso ajudou a estancar a curva de queda apresentada nos últimos três anos, ampliando a quantidade de visitantes em Salvador, resultando em uma taxa de ocupação 9% maior que no ano anterior", diz o titular da Secult, Cláudio Tinoco.
A Secult, em parceria com os atores do turismo soteropolitano, estima que entre dezembro e fevereiro, Salvador deve receber 2,5 milhões de turistas, que injetarão, aproximadamente, R$ 3,9 bilhões na economia da cidade, apenas no primeiro trimestre de 2018.
Esse montante acarretará num incremento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2016, para os setores de entretenimento e lazer; e hotelaria, turismo e alimentação.
A expectativa de ocupação hoteleira para a noite da virada é de 100% nos hotéis do entorno da festa, que deve levar em torno de 700 mil pessoas à orla da capital somente na noite que antecede 2018. Isso tudo para aproveitar as 70 horas de música apresentadas por 29 atrações.
Do total de visitantes esperados para o verão 2017/2018, 85% corresponde à demanda interna, e os 15% restantes serão preenchidos pela chegada de estrangeiros.
Dos brasileiros, 57% devem vir do interior da Bahia e 43% de outros estados, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe. Dos turistas vindos de fora do país, a maioria vem da Argentina, Alemanha, EUA, França e Chile.
Casada e apaixonada por Salvador, a engenheira civil paulistana Eliana Zacarias, 59 anos, passará dez dias na cidade.
"Decidimos passar o Réveillon em Salvador porque queríamos um local agradável e que não fosse tão longe de casa. Além disso, a relação custo-benefício foi bem pensada, pois Salvador mantém bons preços em relação a outras cidades nordestinas".
Ainda tentando entender o cronograma da festa em Salvador, o engenheiro argentino Roberto Massiotra, 59, recém-chegado a Salvador, não tinha local definido para passar a festa.
Um tempo depois de deixar a bagagem no quarto procurou a equipe da Prefeitura para saber a programação e local do Festival da Virada.
"Eu e minha esposa escolhemos Salvador para este Réveillon, pois já havíamos estado na cidade há dez anos, e queríamos trocar o frio desta época do ano na Argentina para o calor do Brasil, além da ótima recordação que temos de Salvador", conta Massiotra.