Na última crônica citei o caso da Construtora MRM que destruiu a Mansão Wildberg na calada da noite e vai levantar uma torre com arquitetura meio fake das torres de Dubai, respeitando-se, claro as devidas proporções e de nada adiantou o Iphan chiar e suspender as obras na justiça, pois veio a justiça e deu uma liminar na boca do final de semana – e esses juízes e juízas baianas... sei não, mas o CNJ sabe – e o patrimônio foi-se mas aqui estamos para lembrar e registrar no arquivo do jornal e na memória da internet que é cruel. Aqui se faz e aqui se paga.
Recebi ligação de alguém que não disse para que vinha, me perguntando qual era meu interesse em rememorar um caso tão “antigo” e que não mais interessava e que disse que lembrei, como outras pessoas jamais esquecerão de tal ação que só serviu para manchar a imagem de uma empresa que, antes disto, era considerada e bem vista e bem quista. Hoje o povo da Vitória, do Ipac, do Iphan e até os anjinhos da Igreja da Vitória querem é distância.
- Coisa do Satanás -, brinquei.
Foi daí que me lembrei de outras promessas que não foram cumpridas em outras obras polêmicas em Salvador, algumas das quais por confiar em que me apresentava os projetos como jornalista, e me deixaram parecendo Alice no paraíso das maravilhas. Foi o caso da Bahia Marina, aquela obra que fica na Avenida Contorno.
Quando me apresentaram o projeto na década de 1990 foi em forma de defesa, uma vez que no extinto jornal Bahia Hoje estávamos defendendo a posição do Ibama e de grupos ambientalistas baianos, que viam na construção da marina uma agressão ao meio ambiente. Convenceram-me do contrário com bons argumentos. O projeto Também previa – como ajuda à recuperação ou revitalização da área do Comércio – a construção de um hotel e um shopping. Na verdade foi um engodo, pois passadas tantas décadas o assunto virou apenas piada e quando instado a falar sobre o assunto o dono da marina, sai de baixo como se tivesse caindo granizo na área da Contorno.
A Bahia Marina só tem colecionado queixas. Quem não lembra que em 2013 da noite para o dia (porque será que é sempre assim,?) surgiu do nada um píer no Avenida Contorno. Neste caso a empresa garantiu-se com estudos sobre impacto ambiental, arqueologia, fauna e flora marinha e também foram realizadas audiências públicas com as comunidades do entorno. O projeto foi definitivamente aprovado sob a bênção do Ibama, Iphan, Marinha do Brasil e Prefeitura de Salvador, pelo que disse quando do escândalo que foi gerado nas redes sociais.
Hoje a Bahia Marina passa uma crise porque o público que frequentava os restaurantes do seu reduto tem se afastado. Primeiro pela ambição desmedida dos empresários de bares e restaurantes que cobravam preço de primeiro mundo e ofereciam atendimento de terceira. Depois se queixaram dos valores cobrados pelo empreendedor pelo espaço e hoje é um mix de questões.
Eu gosto da Bahia Marina, vou lá, saiu nos barcos dos meus amigos – barco dos outros é bom porque você não precisa caçar vela, olhar a mestra ou desenrolar balão na mão grande e muito menos limpar casco ou adoçar motor. Mas me sinto enganado, vejo Salvador enganada e o Comércio sendo feito de besta com o não cumprimento das promessas. Cadê o shopping e o hotel? Dinheiro a gente sabe que não falta. Sabe quanto custa deixar no píer um veleiro de 32 pés? E uma lancha em dique seco? Não é para seu bico ô baixo PIB.