Jolivaldo Freitas

O Natal como se conhecia acabou em Salvador

Jolivaldo Freitas

Se tem um momento real em que a economia brasileira entra em ebulição é no período do Natal. Hoje o grande gestor dos sonhos de consumo são os shoppings. Mas se depender dos shoppings de Salvador o Natal acabou faz tempo. Você passa nos corredores e se não fosse a musiquinha natalina tocando baixinho nos serviços de som, dificilmente saberia que é o mês de dezembro e que neste mês se comemora o Natal.

Os shoppings cada vez economizam nas decorações e vai chegar o tempo em que apenas uma guirlanda vai ser afixada na porta do elevador. Não somente a decorações é fuleira como as árvores mostram claramente que são recicladas. Igual a lá de casa que todo ano é a mesma, mudando apenas as lampadinhas que queimam, mas eu resisto e exijo mais esplendor, mais brilho e mais beleza, de preferência com bonequinhos de Papai Noel cantando os temas em formato clássico ou na versão jazzista. Minha árvores de Natal é mais criativa que as dos shoppings que estão economizando desde coral até o sebo de vela. Uma miséria franciscana, que São Francisco m perdoe a comparação.

O Natal pela cidade também já foi vistoso e as ruas iluminadas com gambiarras, num tempo em que nem se pensava em lâmpadas de LED. As casas com suas fachadas iluminadas passavam a alegria natalina, mas acho que assim como os shoppings, o povo foi ficando mais mesquinho e economiza nas lampadinhas que custam meros dois reais o metro e tem até Papai Noel cantante por R$ 2,90. Acho que ano que vem vou fazer uma vaquinha para ajudar ao pessoal de promoção e marketing dos shoppings, embora meus amigos lojistas, que foram aqueles que me despertaram para a questão, garantam que estão cada vez mais endividados e os “donos” dos shoppings, como a Previ cada vez mais ricos e tão ricos, como neste caso, dá até para oferecer uns bons trocados para o pessoal do PT.

Salvador, cujo nome de batismo remonta a Jesus Cristo, teria todo o direito no Brasil de ser a cidade onde a festa teria de ser maior e melhor e com isso ajudar na sua própria economia, esta que está sempre combalida. Temos hotéis, pousadas, pensões, bares e restaurantes e um Centro Histórico que permite uma ação mercadológica para atrair turitas em profusão. Que nosso administrador copie o que se faz em Gramado. Que Guilherme Bellitani – que minha mulher Inara Niederauer que é gaúcha, elogia dizendo que ele tem feito um excelente trabalho em Salvador e Fernando Guerreiro diz que é mesmo e acredito pois basta até ver a programação do Réveillon este ano, com jazz e tudo – tenha uma ideia boa a motive o soteropolitano a comemorar, puxe as orelhas dos marqueteiros do shoppings que ou estão sem, criatividade ou a falta de criatividade é do administrador, pois dinheiro tem.

Ele pode chamar o pessoal de Gramado para fazer um projeto. O dique do Tororó pode ser transformado numa espécie de Lago Negro, onde shows de alto nível possam ser realizados. A Fonte Nova pode ser usada para algo como por exemplo o espetáculo a Fábrica de Papai Noel e as igrejas para os autos de Natal. No mais oferecer um bom serviço de transporte e fiscalizar para que bares, restaurantes e taxistas não roubem os turistas, os sacizeiros não fumem a mirra do presépio, os vendedores de medidas do Bonfim não encham o saco e os visitantes não sejam assaltados. Este ano o dique ficou bonito, animado, mas ainda foi pobre. Lembrando que somos a cidade do Salvador. E o salvador é Jesus, ou você acha que é Lula?