O advento das redes sociais serviu para duas coisas distintas e interligadas: fazer de todo internauta um repórter e levar jornalista a atuar como blogueiro. Outro dia vi na novela “Império” uma discussão entre um personagem e o fofoqueiro Téo Pereira em que o primeiro pergunta se ele quer continuar blogueiro ou virar um jornalista de verdade. Acho que é os “blogueiros” estão dando de lavada nos jornalistas, fazendo, mesmo que de forma torta, um papel que antes pertencia à imprensa formal, como denunciar os fatos e insistir na suíte. Mas eles se alinham quando deixam de investigar ou caem na tentação de servir à ideologia de direita ou de esquerda. Foi o que aconteceu durante o período eleitoral e que continua ainda exacerbado.
Já as redes sociais, que são formadas hoje não por compadres e comadres, mas por “repórteres” irados e improvisados, também se alinham à questão da informação duvidosa e vêm sendo manipuladas para desqualificar as pessoas, e como se viu, recentemente, sobrou para os nordestinos e beneficiários do Bolsa Família. Por falta de leitura e capacidade de avaliação, o povo das redes sociais termina incorporando a informação sem avaliar, e repassa, no que se chama de processo viral. Se o blogueiro ou o cara do Facebook tivesse parado para avaliar e se informar, antes de disseminar a notícia, veria que os votos de quem depende do Bolsa Família – 27 milhões de votantes – não dariam para reeleger, sozinhos, a presidente Dilma. Quem ajudou na reeleição foram os votos “conscientes” do Nordeste, Sul e Centro-Oeste em “conjuração”.
O que se vê nos blogs e redes sociais é uma falta de respeito às instituições, e a maioria dos brasileiros não reage. Você notou que a governante petista faz de conta que não é com ela e lava as mãos? Pois também quem agride a imprensa e a democracia faz parte do seu staff e da sua militância (que levou um susto danado nas últimas eleições, lembrando que Dilma passou por média), que cuida de fazer o tsunami. O governo não reage nem mesmo quando é atingido pelos opositores. De todos os agressores, os mais perigosos são os neonazistas e os neostalinistas de plantão na blogosfera.
Esta semana voltei a ler nas redes sociais que nordestino bom é nordestino morto. E outra ilação de que o PT está fazendo de tudo para nos transformar em títeres ou detentos ou decapitados num futuro processo de ditadura socialista. O partido é acusado de querer implantar uma ditadura bolivariana, cubana e soviética, como se isso fosse fácil num país com seus milhões de habitantes e que hoje rejeita qualquer tipo de ditadura. Uma iniciativa desta e viraríamos uma Síria. Uma grande Hong Kong.
Quando se olha blogueiros, jornalistas e adeptos do “Zapzap”, tem-se a impressão que o mundo vai acabar, que o Brasil terá uma guerra civil sem precedentes. Temos uma guerra, sim, dos brasileiros probos contra os mensaleiros e o Petrolão. Sabemos que existe por parte de uma minoria uma coceira para o totalitarismo, mas todos sabemos que nenhum tipo de ditadura, nem dos petistas nem dos militares, serviria para alguma coisa a não ser virarmos pária. O mundo é outro. A não ser que sejamos masoquista e adeptos de viver no caos. Como se não bastasse a zona que é a internet.