Jolivaldo Freitas

O perigo que vem das ruas e do Planalto

plena insatisfação de parcela da população brasileira com relação ao PT e a polarização da última eleição tem gerado um fato novo com formato antigo. A ida às ruas dos grupos insatisfeitos que não se conformam com os resultados, por entenderem que o governo petista deveria, sim, ter sido punido nas urnas por causa do Mensalão e do Petrolão, principalmente a partir do momento em que o doleiro Alberto Youssef confirmou a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto e ainda colocou um pouco de raiz forte ao assegurar que Dilma e Lula estariam envolvidos, sabendo de tudo e contemporizando.

Mas a participação do povo nas ruas paulistanas e de outras cidade, pedindo ao impeachment de Dilma pode até ter um certo sentido, bastando que venha a público a acusação formal do doleiro. O que chama a atenção e deixa o país atento é o pedido feito aos gritos, em cartazes, mensagens em twuitter e no Facebook, para que os militares adotassem uma atitude. Somente quem não viveu o período da Ditadura Militares ou nunca leu a respeito ou se leu não acreditou, para pedir a volta dos militares.

Pode-se dizer que ruim com o PT, pior com um governo militar. Mas entenda-se que o Brasil de hoje já não comporta uma ditadura, embora cientistas políticos e analistas políticos de todos os quilates e quadrantes, inclusive de longe do Brasil, reconheçam que há uma atitude, uma vontade em gestação, do PT querer se prolongar ainda mais no poder, fazendo de tudo para ampliar sua ingerência na vida dois brasileiros.

Os riscos são muitos, segundo observam, notadamente pela extrema vocação bolivariana que os petistas têm demonstrado, uma tendência já conceituada nos países da América Latina. O PT vem atuando basicamente na linha do populismo, a partir do momento em que mantém a população mais pobre e menos esclarecida sob o manto das suas ações sociais como o Bolsa Família; e agora com mais quatro anos no poder certamente tem um comichão que o induza a criar mecanismos para num próximo período termos um populismo autoritário, como já ocorre na Venezuela e Argentina, e que a presidente do Chile diz rejeitar.

O que aventa, neste instante, claro que numa futurologia perniciosa, é que o PT vai querer, com seus direitos democráticos, é insistir em criar os conselhos sociais, mudar a Constituição, criar lei de controle das mídias e fazer uma reforma política conforme os seus interesses, e é bom lembrar que Hugo Chaves quando não conseguiu mudar a Constituição venezuelana usou o artifício de fazer um referendo. Nosso governo também pensa num referendo. O PT sabe que ainda detém o apoio de uma ampla parcela da população e não é somente nordestina, tanto que quem ferrou Aécio foi Minas e Rio de Janeiro, mais que a Bahia e Pernambuco, para citar alguns dos maiores celeiros eleitorais do país. O PT com seus partidos aliados possui a força necessária no Congresso Nacional para efetuar os seus projetos e que ninguém se iluda com a derrota de Dilma recentemente, na rejeição da Medida Provisória que instituía os conselhos sociais, pois sabe-se claramente que foi uma vendeta, que a raiva dos perdedores da última eleição vai passar e tudo volta a ser como antes. Mas, vamos confiar na democracia, embora ela seja autodestrutiva, quando permite que a usem para acabar com ela mesma. Mas viva a democracia.