Se eu fosse cego abria bem os olhos. Estão fazendo as maiores loucuras nas calçadas, depois que a prefeitura deu um prazo para que elas fossem recuperadas e os buracos sumissem e se aproveitasse para padronizar, colocando pisos de acessibilidade; faixas do tipo tátil para orientação aos deficientes visuais ou seja, cego, vesgo, doca ou com catarata e congêneres. Aliás, se não estou errado e sei que não estou, o prazo de 90 dias para que os trabalhos fossem feitos já foi vencido. Terminou em abril e a prefeitura disse que, quem não fizesse ela faria e cobraria os custos. Até agora não fez.
Ela também disse que em áreas com passeios públicos, de sua responsabilidade, daria o exemplo. Até agora não deu, pelo menos na Ribeira. Mas, voltando ao papo dos cegos a prefeitura parece que está fazendo vista de mercador. Lembre-se que teve aquele lance das obras de requalificação da Barra em que o empreiteiro foi levando o podotátil, foi levando, levando e crash! parou num muro. Claro que quem fez a obra é cego.
Mas a colocação do piso tátil, pelo que vejo, na Ladeira da Barra é de dar agonia, dar gastura para quem não é cego e imagina o ceguinho descendo ou subindo a ladeira. Primeiro cada um colocou o modelo que achou mais bonito para sua porta. Tem uns que colocaram piso direcional (ou guia) que é aquele onde as linhas seguem em paralelo; temos outros que colocaram piso de alerta (aqueles com bolinhas redondas) que mostra garagens ou entrada e saída de carro, por exemplo.
Imagine que num dos prédios da ladeira vem lá o piso tátil reto, e 20 metros a seguir faz uma curva, faz uma elipse, contorna o poste e pronto. Vupt, vapt, zuum, não vai a lugar nenhum. O cego que fique dando voltas ao redor do poste ou o poste que saia da frente. Na frente de uma casa lá vem o piso de novo, pirracento e o cego vai descendo, descendo, seguindo e ploft! (desculpe as onomatopeias).
É que tem um desvão de uns 20 centímetros. Cai no vazio. A prefeitura tem de passar lá para enxergar se está tudo certo certo e eu acho eu está errado. Em vários trechos da cidade, onde a população atendeu ao chamamento do prefeito, vários proprietários fizeram verdadeiros enxertos ao invés de tratar adequadamente o passeio público. E, como armengue nunca dá certo, tem faixa para deficientes visuais já saindo do prumo, faltando pedaços e tome-lhe erros.
Os técnicos da Prefeitura têm de sair por aí olhando tudo direitinho. Senão o deficiente visual vai ficar a ver navios (perdão).
Jolivaldo Freitas