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Mercedes-Benz apresenta o novo Classe A que virou hatch esportivo instigante

Modelo passa a ser o mais acessível da marca e quer atrair um público que passa longe da Mercedes-Benz hoje

Foto: Divulgação
Novo Classe A: agora sim um Mercedes-Benz autêntico e jovem ao mesmo tempo

Ainda não inventaram o elixir da juventude para o ser humano, mas que bom que ao menos os carros podem rejuvenescer, para alívio de suas marcas. Que o diga a Mercedes-Benz. A fabricante alemã tem uma imagem já cristalizada de elegância, requinte e de automóveis para pessoas mais velhas e tradicionais.

Sim, o que poderia ser uma vantagem é hoje um problema. Enquanto a BMW conseguiu trazer um público mais novo para seus carros e a Audi simplesmente investiu tudo na juventude e hoje colhe esses frutos na Europa, a Mercedes demorou a perceber que sem ele o futuro ficaria mais nebuloso.

Daí a empresa ter desenvolvido a família “NGCC”, ou nova geração de carros compactos, numa tradução livre. Direto ao ponto? Isso significa deixar de lado certos dogmas como a direção mais lenta e confortável, a tração traseira e também os padrões de acabamento com madeira e outros caprichos mais datados para desenvolver uma linha de modelos instigante.

Para atrair esse público que hoje acha Mercedes carro dos pais, a marca escolheu os modelos Classe A e Classe B para essa mudança radical. O B já mudou e está entre nós desde o ano passado. De minivan pacata passou a um familiar arisco e divertido. Surpreendente, mas não tanto quanto o novo Classe A.

Para lá de esportivo
As más lembranças da primeira safra do Classe A induziriam a um esquecimento completo do carro, que ficou mais famoso pelos problemas de segurança, pela manutenção cara e pelo fracasso nas vendas no Brasil. Mesmo na Europa, a 2ª geração, praticamente ignorada por aqui, fez pouco pela marca.

Então para que resgatar esse nome no novo modelo? Coisas da Mercedes-Benz, que, claro, manteve alguns dogmas, afinal ninguém é de ferro.

Qualquer relação com o antigo carro acaba no nome. O novo Classe A é uma estreia histórica na Mercedes, um hatch médio premium com uma pegada esportiva como nunca se viu. Comparado aos seus dois rivais diretos, o A3, da Audi, e o Série 1, da BMW, o Mercedes-Benz é bem mais ameaçador, sem dúvida nenhuma.

A agressividade nata tem uma explicação: depois de ignorar esse segmento por muitos anos, não restou outra saída que não chamar a atenção por onde passa. Por isso, o novo Classe A é um hatch com pegada esportiva desde as primeiras versões.

Frente alta e longa, carroceria baixa e vidros estreitos formam sua carroceria, que ainda traz elementos que não deixam dúvida sobre sua vontade de acelerar. É o caso da grade perfurada, do aerofólio integrado à tampa do porta-malas e do difusor traseiro.

Público novo, campanha polêmica
É esse carro que a Mercedes-Benz começará a vender no Brasil neste mês. Disponível na versão A200, intermediária, o Classe A tem duas opções de acabamento, Style e Urban. A primeira é melhor ignorar. Serve apenas para efeito psicológico de ter um carro abaixo da marca dos R$ 100 mil.

É a Urban a variante que atrairá essa nova clientela, distante hoje da marca. Não é à toa que a Mercedes-Benz ousou em seu primeiro anúncio de TV, com direito a funk carioca. É preciso chamar a atenção de quem ignora a marca até hoje.

Se depender do carro em si, a Mercedes pode ficar tranquila. O novo Classe A é um brinquedo divertido até no trânsito.

Sentado no chão
Avaliamos o Classe A na versão Urban por cerca de 150 km e gostamos do que vimos. A fabricante alemã desenhou um hatch envolvente, com posição de dirigir bem baixa e para-brisa estreito, típico de um carro de corrida. Somado ao teto preto do acabamento do modelo testado, a sensação é de claustrofobia até, mas logo nos acostumamos e “vestimos” o veículo.

O Classe A buscou no irmão SLS a inspiração para muita coisa, o que é um bom sinal. Os difusores de ar em formato de turbina e o painel alto e volumoso, além dos bancos esportivos, são alguns desses elementos derivados do carro mais veloz da marca.

Mas há outros itens familiares. O sistema multimídia, por exemplo, é o mesmo que vemos em outros Mercedes, com seus defeitos já citados – entre eles, a retirada do navegador, algo inexplicável. A interface, já ultrapassada, e a tela sem opção touchscreen, não combinam com o frescor do modelo.

O acionamento por meio de teclas que lembram as de um telefone também poderia ser trocado por alguma solução mais moderna.

Por outro lado, o Classe A herdou outras soluções, algumas boas, outras de utilidade discutível. O freio de estacionamento, por exemplo, fica perto da porta, mas passa a ser elétrico, um alívio. Para liberar espaço no console central, a alavanca de acionamento do câmbio de dupla embreagem fica atrás do volante, como naqueles modelos da década de 70.

Prático, porém, sem um pingo de esportividade. Em compensação, há borboletas para trocas de marchas, que funcionam temporariamente nos modos Econômico e Sport, e de forma definitiva no Manual. Pena que o botão para trocar os modos fique na parte inferior do painel central.

Damos a partida (por meio de uma chave sem miolo que poderia ter virado um botão) e o motor 1.6 turbo de injeção direta acorda sem fazer grande ruído. Tudo isso por causa do trabalho de isolamento acústico muito bom.

A verdade é que esse motor não se importa em parecer potente, afinal ele é. A dica já aparecia no maior e mais pesado Classe B, mas a dupla motor/câmbio não deve nada ao seu rival A3, ao menos no conjunto já que não temos aqui um 1.6 desse tipo na Audi.

Acelerações vigorosas e trocas na medida, que combinam de forma deliciosa com a direção elétrica ágil e direta. Não via tanto prazer num Mercedes desde o CLS. Para fechar com o chave de ouro, o Classe A apóia bem nas curvas, mesmo em velocidades mais altas e quase não deixa passar as imperfeições do solo.

O modelo também carrega a famosa sopa de letrinhas de sistemas de segurança, controlados pelo ESP, que incluem de freios que se mantêm pré-acionados, a recursos para partida em ladeira a limpeza dos discos a cada 600 ciclos.

Embora não seja mais um “familiar”, o Classe A até leva mais passageiros com algum conforto. O banco traseiro, por exemplo, pode acomodar pessoas mais altas, mas três ocupantes vão viajar apertado. O porta-malas, com 341 litros, parece até menos, mas tem um compartimento extra acima do estepe que serve para levar itens pequenos.

Aluno novo na turma
Se o Classe A pode encarar o Série 1 e o A3? Pode e fácil. O preço (R$ 109.900), comparado aos dos rivais alemães é competitivo: o BMW custa menos, mas com menos potência e itens, ou mais na versão 118i; já o Audi é mais caro e potente, porém, ainda da geração antiga.

Contra eles, o Mercedes dá banho no visual, mas peca um pouco na atualidade de alguns sistemas. À parte isso, o fato é que agora, sim, a marca alemã entrou no radar do público jovem. Com ou sem leklek.

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-- iG 

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