Helô Sampaio

Só porque voltei para Ibicaraí vou lhe ensinar a preparar uma pizza Maci

Helô Sampaio

Olha eu sentada à porta de casa, curtindo a cidade, os vizinhos, e fofocando
Olha eu sentada à porta de casa, curtindo a cidade, os vizinhos, e fofocando

Vim passar a Sexta-feira Santa na minha terra, Ibicaraí city, como digo sempre com orgulho. A terrinha está do mesmo jeito, mas o meu coração sempre fica cheio de amor, cheio de ternura quando aqui estou. Esta é a minha terra, diz o coração. Tá certo, confirma o cérebro. E o corpo todo fica feliz somente em estar aqui.

Quando desço a ladeira do Marçal, saindo de Vitoria da Conquista, já sinto a mudança na natureza, que começa a apresentar mais o verde, principalmente após Itambé. Eu me espantei com Itapetinga: a cidade se desenvolveu muito, mais que Ibicaraí, está mais bonita, mais arrumada; mas fiquei triste porque a região está sofrendo muito com a crise da Azaléia, com o grande desemprego após o fechamento das filiais de Itororó, Firmino Alves, Itambé e de outros municípios. Demitiu quase metade dos seus empregados, que agora estão padecendo, sem saber o que fazer da vida.

Então, eu vou chegando a Ibicaraí. Vejo o bairro da Saloméia, passo na Barra do Luxo, onde tem um bar com um nome bem curioso: ‘Nóis bebe, nóis intorta, mas não cai’. Tinha que ser na minha terra. Mas tá certo: pode entornar, entortar, mas não deve cair. Ah! A ‘Marvada’ pinga não perdoa.

Quando chego em casa, com Lali fazendo todas as minhas vontades, meu irmão Lula – que sabe que eu gosto de ver a cidade toda – me leva de carro para visitar os pontos principais. Secretário da Cultura, aproveita para fazer o ‘merchan’ da administração municipal da qual faz parte, lógico. Mostra as novas casas para o povo, as ruas asfaltadas ou calçadas, o posto médico... Aproveita para fazer, na verdade, uma visita técnica às obras. Tá certo.

O prefeito até pode não ser dado a cortesias, mas trabalha para o povo. O meu irmão também trabalha, mas é chegado ao povão, como meu pai. O melhor é que os dois tem promovido qualidade de vida para os meus patrícios.


Essa é a Praça Henrique Sampaio, a minha 'Praça Pai'

Os ‘zoios’ enchem de emoção quando os amigos vêm me ver. Como Gisélia, de Seu Otáviano, minha amiga querida, que era quem inventava as fantasias para o nosso bloco no Micareta, onde a ‘tchurma’ toda desfilava. A festa atraia um bocado de gente das cidades vizinhas.

Era um agito na cidade porque a gente ficava com muita opção para namorar. Ana, minha irmã, então, arranjava um bocado de paquera, ‘varria’ os meninos bonitos todos. Eu era mais comedida e só paquerava alguns por festa. Carmen, minha irmã mais velha, não participava desta gandaia. Quem mandou casar cedo?

Quando Angélica, a enfermeira que trabalhou com meu pai desde novinha, veio me ver, quase choro. Eu saía com meu pai e ela para fazer atendimento médico, partos, etc. Ela aprendeu a ler com meu pai. Depois estudou, hoje é contabilista “porque não tinha curso de Enfermagem por aqui. Mas o que gosto mesmo é da Enfermagem”, me diz enquanto me abraça com saudade.

Na época, eu estava firmemente decidida a ser médica, seguiria a carreira do papai. Até que descobri que o meu negócio realmente era escrever, contar estórias. Aí, o Jornalismo teve que me aguentar. Ou, como diz Zagallo, a Imprensa teve que me engolir. E eu estou – e fui sempre – muito feliz com a escolha. Se eu voltar, em outra encarnação, serei jornalista novamente.


Antigo Ginásio. Nesse prédio comecei a ensinar e também fui Secretaria. Tempo bom!

Orleans, um amigo muito querido da juventude, também veio me ver. Primo de Edna Mendonça, minha amiga querida de Ilhéus, veio de Sergipe tentar a vida na região. Batalhador, meteu a cara no trabalho e hoje é importante empresário, dono de dois dos principais hotéis da região e casado com uma ibicaraíense, amiga nossa. Cachacinha, Glória de Seu Arcênio, Luzia... que bom que é sentar na porta de casa e ficar proseando com estes e outros amigos, tomando o sorvete de Fátima de Núbia, ou saboreando os quitutes de Marcianita – a Maci de Nicécio.

Maci, aliás, tem uma mão ótima para a cozinha. Flavinha fez os brigadeiros e docinhos deliciosos e Maci preparou os ‘comes’ do aniversário da Maria Carolina, a minha Lolozinha amada, a sobrinha mais linda do Sul e Sudoeste, que completou dez anos da sua vidinha, comemorados com Ana Rosinha, Bianca, Maria Luiza, Betinho, Vinicius, Cauchinha, Nietinha, todos os priminhos em volta, e mais Brenda e um monte de amiguinhos.

Gente, os doces e salgadinhos estavam divinos, maravilhosos. Experimentei a massa dessas pizzas que ela faz para aniversários – um pouco menor que o tamanho ‘brotinho’. Foi o sucesso da festa. A garotada disputava na saída do forno, fazia fila. Vamos fazer para comemorar o Domingo de Páscoa com a família. Colocar o avental e rumar para a cozinha.

Pizza Maci
Ingredientes:
-- 1k de farinha de trigo
-- 2 ½ copos de água morna
-- ½ copo de óleo de soja
-- 1 colher (sopa) de açúcar
--- 2 colheres (sopa) de fermento biológico
-- 1 gema
-- 1 colher (chá) de sal

Modo de preparar
-- Dissolver o fermento na água e colocar o óleo, a gema, açúcar, sal e, por último, a farinha de trigo, deixando no ponto de pão

-- Fazer os discos da pizza (Maci usa a forminha nº 11, que é um pouco menor do que a forma da ‘brotinho’, que é nº 14) colocando a massa na forminha, e apertando para formatar a ‘pizzinhas’

-- Depois de formatadas (dá em média umas 20 pizzas), deixar descansar por 90 minutos

-- Colocar o recheio que mais gosta (atum, queijo mussarela e orégano, ou calabresa com mussarela e orégano, ou colocar cebola, tomate; o que quiser).

O melhor é que pode congelar para comer depois da Páscoa. Pode saborear com o amorzinho em qualquer hora de xamêgo.

P.S - Achei engraçada a data de hoje: 31.3.13.