Há coisas que são inexplicáveis no meio automobilístico. Ou, então, têm uma razão impublicável. Quando a General Motors decidiu criar o Prisma, em 2006, preferiu fazer uma versão sedã do Celta com traseira avolumada.
O resultado não foi dos piores, mas o carro em si era fraco a ponto de o Classic, uma espécie de antecessor mais barato, vender bem mais que ele.
Quem quisesse algo maior e melhor tinha o Corsa Sedan, porém, o carro nunca caiu nas graças do brasileiro e também da montadora, que via nele um produto caro de produzir.
Curiosamente, a solução chegou num pacote de três sedãs. O primeiro foi o Cobalt, modelo de dimensões generosas e visual sem graça, que custa hoje entre R$ 39 mil e R$ 51 mil.
Depois veio o importado Sonic Sedan que é o oposto do Cobalt: é bonito, jovem, mas mais apertado. Sem falar no preço elevado que começa em R$ 54 mil. Sim, estamos falando de compactos e não médios...
Agora é a vez do novo Prisma, que, para o bem da GM e de seus clientes, é irmão do hatch Onix. Por isso traz um design muito bem resolvido, até melhor que o do próprio Onix. Em vez de puxar um terceiro volume a equipe de projetistas da montadora americana optou por conceber uma espécie de cupê de quatro portas.
A traseira ficou bem curta e elevada a ponto de mal se ver a curva da carroceria. E o mérito é não ter sido necessário mexer na distância entre os eixos do carro, medida geralmente comum em projetos de sedã. Com 2,53 m, a medida é adequada para permitir espaço para os ocupantes do banco traseiro.
Prova da qualidade visual do novo Prisma é que ele continua com 500 litros no porta-malas, é verdade que parte disso coube ao estepe de emergência, mais estreito. Só faltou mesmo uma maçaneta na tampa do porta-malas, que só pode ser aberta pela chave-canivete.
1.4 obrigatório
Acreditem, o Prisma pesa apenas 10 kg a mais que o Onix. Isso significa que possuem desempenho parecido, seja na velocidade máxima, aceleração ou mesmo no comportamento ao dirigir, que é bastante agradável.
Na estrada, onde foi feita a maior parte do test-drive, o sedã é preciso e até mais ágil do que se espera de um carro com motores 1.0 e 1.4, mas a versão mais potente é quase obrigatória. Como levará mais peso já que é voltado para famílias com filhos e muita bagagem, o carro deixa um pouco a desejar na versão “popular”.
No interior, poucas diferenças em relação ao Onix. O sedã mantém o ajuste do assento do motorista ainda muito elevado para quem é mais alto e a porta, com a maçaneta mal posicionada.
Em compensação, volante, alavanca de câmbio e os principais instrumentos estão bem localizados. Para dar um ar mais sofisticado ao carro, a GM aplicou um tom de marrom em algumas partes do painel e dos bancos, combinação que realmente passa uma impressão melhor.
MyLink sem link
Um dos grandes diferencias do Prisma é o sistema multimídia MyLink, que é de série no LTZ e opcional no LT. Como no Onix, a sua grande sacada é trabalhar em conjunto com um smartphone. Com ele, o MyLink pode operar alguns aplicativos interessantes, mas que até agora são restritos. No sedã, a GM apresentou mais dois, o TuneIn e o BringGo.
O TuneIn é um sintonizador com mais de 70 mil rádios on-line que pode ser baixado de graça. Tentamos conectá-lo ao Prisma, porém, o funcionamento foi estranho. Ao clicar no ícone do programa, a mensagem era que não era possível conectar ao celurar, porém, a conexão Bluetooth conseguiu reproduzir as músicas no sistema de som do carro.
Já o BringGo era esperado pelos clientes desde o lançamento do Onix. É um navegador capaz de interagir com o veículo a ponto de indicar postos de combustível caso o nível do tanque esteja baixo, entre outras funções. O aplicativo custa US$ 0,99 na Apple Store, mas não pôde ser avaliado ainda.
Lista recheada, preço idem
O novo Prisma vem bem equipado desde a versão LT, mas isso significa que o sedã está mais caro que seu antecessor. Enquanto o antigo Prisma 1.4 LT custava pouco menos de R$ 30 mil o novo sai por R$ 39.090.
O ganho, é verdade, se equivale, afinal é um carro maior, mais potente e que traz nessa configuração a maior parte dos equipamentos desejados pelo consumidor como direção hidráulica, travas e vidros elétricos, ABS, airbags e até sensor de estacionamento, porém, significa que o Prisma já não é para qualquer público.
A versão LTZ, exclusiva para o motor 1.4, então, já se sobrepõe ao Cobalt já que custa R$ 45.990 sem pintura metálica.
Os valores mais altos não impediram que a GM traçasse um futuro promissor para o novo Prisma. A expectativa é que o sedã venda cerca de 6 mil unidades por mês, bem mais que o apagado Prisma da primeira geração. Para quem não tem tanto dinheiro disponível, o jeito é esperar pela versão LS, a caminho, ou ir de Classic, que pode ser adquirido por módicos R$ 27 mil e sem MyLink, afinal quando ele nasceu nem internet existia.
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