Opinião

O Centenário do Governador Antônio Balbino

Curta é a memória dos baianos, especialmente quando se esquiva de celebrar ou parece desconhecer o passado de algumas personalidades da sua história. 


É que tenho deduzido das últimas homenagens prestadas a insignes homens públicos do passado, ignorados pelos políticos da atualidade, por pessoas que, de modo algum, deveriam estar ausentes desses eventos, porque essa é uma obrigação imposta aos que ocupam determinados cargos e funções de natureza pública ou privada.
Essas ausências, entretanto, não apagaram o brilho das homenagens tributadas ao ex-governador da Bahia, Dr. Antônio Balbino de Carvalho Filho, ao ensejo do seu primeiro centenário de nascimento. Isto porque, o ilustre filho de Barreiras, no oeste do Estado dedicou 40 anos de sua vida pública ao Brasil e à Bahia, tendo-se destacado em várias oportunidades.

Advogado, professor, jornalista e político, estudou no Colégio Antonio Vieira, em Salvador, cursou a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde se diplomou em 1932, realizando especialização em Economia Política, na Sorbonne, (França) em 1934.
 
Ingressou na vida política, como deputado estadual, em 1935. Além de político militante, também foi jornalista e professor. Cabe-me acrescentar que foi professor fundador da Faculdade de Filosofia da Ufba. Na imprensa, atuou como repórter e redator do jornal “A Noite” (RJ), “O Imparcial” (Bahia), tendo sido também  diretor do Jornal de Noticias (Bahia). 
 
Apoiado pelo presidente Getúlio Vargas foi Deputado Estadual (1935-1937), Deputado Federal (1951-1955) Ministro da Educação e Cultura (1954), Governador do Estado da Bahia (1955 – 1959), Consultor Geral da República (1961-1963), Ministro da Indústria e Ministro Interino da Fazenda (1963) e Senador (1963-1971).
 
Eleito governador da Bahia, realizou gestão inovadora, criando novos órgãos públicos,  tais como: Comissão de Planejamento Econômico (CPE), por meio da qual foram desenvolvidos os projetos de desenvolvimento socioeconômico, a exemplo do Fundo de Desenvolvimento Agro–Industrial (Fundagro), Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba), Matadouros Frigoríficos S.A (Mafrisa); Companhia de Armazéns e Silos (CASEB); Companhia Telefônica da Bahia (Tebasa), depois denominada Telebahia. Experimentou-se, portanto, com sua eleição, uma administração fortemente vincada no planejamento, inovação naquele tempo de transformações da vida brasileira.
 
Preocupado com a Educação, promoveu a criação de cursos de formação de professores, além de promover a ampliação da rede estadual de ensino ginasial, tanto na capital quanto no interior.  Em seu governo concedeu merecido destaque os Conjuntos Assistenciais, que envolviam escolas, atendimento médico-dentário e áreas de lazer, num total de 38 unidades espalhadas pelo interior. 
 
Em Salvador, realizou obras importantes, a exemplo do Teatro Castro Alves, inaugurado dia 4 de julho de 1958. Com efeito, visivelmente satisfeito com a grande obra, o governador, acompanhado de D. Tsylla e auxiliares diretos, teve oportunidade de ver o projeto concluído, antes da terrível destruição da estrutura, ocorrida na madrugada do dia 9 de julho, edificação que era a “menina dos seus olhos”. 
 
Ainda no seu governo Salvador se beneficiou da construção da Maternidade Tsylla Balbino, obra de enorme valia que, até hoje, atende parturientes menos favorecidas financeiramente, tanto da cidade quanto do interior. 
Sob sua determinação foi construído o Ginásio de Esportes Antônio Balbino (Balbininho) recentemente sacrificado para a construção do novo Estádio Octávio Mangabeira, que vem sendo, inadequadamente, denominado Arena da Fonte Nova, segundo consta por imposição da FIFA. Custo a acreditar nessa versão popular, por considerá-la inteiramente absurda. 
 
Convidado pela família Antônio Balbino para ser o conferencista do anoitecer do dia 23 de abril passado, usou da palavra o ex-governador Waldir Pires. Em seguida falaram Dr. Ubiratan Castro de Araújo, presidente da Fundação Pedro Calmon, a Sra. Ana Maria Patury Assunpção, sobrinha do homenageado e presidente da Fundação Thomas Jefferson (Brasília), esta última vivamente aplaudida pela assistência, pelo carinhoso depoimento. Finalmente, em nome da família, pronunciou-se o engenheiro agrônomo Antônio Balbino de Carvalho Neto que, emocionado, agradeceu a homenagem prestada ao saudoso avô. 
 
Ao final da sessão magna do centenário de Antônio Balbino sua família ofereceu elegante coquetel aos presentes, além de proceder ao lançamento do Catálogo Comemorativo – 1912/ 2012. O prefácio é da autoria do competente jornalista Sebastião Nery, que não mede palavras de elogio ao intelectual. Antônio Balbino de Carvalho Filho, uma das personalidades políticas da sua preferência, a quem debita elevados serviços prestados à Bahia e ao Brasil: “Dos políticos da Bahia, só Otávio Mangabeira rivalizava com ele. Culto, talentoso e inteligente, formação universal, Balbino foi preparado, como dizia Mangabeira, para brilhar lá fora”.
 
Ao deixar o governo da Bahia, o Eng. Antonio Balbino de Carvalho Filho passou a viver no Rio, instalando-se naquela cidade e trabalhando no seu escritório de advocacia, onde possuía grande clientela, à Rua da Quitanda. Era muito requisitado, para emitir pareceres de real importância. Faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1992.