Boa a briga entre o secretário da Agricultura Eduardo Salles e o presidente do Sindipan Mário Pithom. Um querendo enfiar a mandioca e o outro sem querer que o tubérculo tenha vez. Não é nada disso que a senhora está pensando. A “Guerra da Mandioca” começou por culpa do deputado Mário Negromonte Júnior, que, com base em estudo elaborado por técnicos da Seagri, decidiu colocar para aprovação uma lei que determina a inserção de fécula de mandioca na fabricação do pão francês ou cacetinho, o famoso pão de sal.
Todo mundo sabe que o pão sempre foi feito de trigo. Sabem os árabes e o pessoal de Israel, passando e chegando a Jesus Cristo que taí que não me deixa mentir, que considera que o pão a sua carne e querer botar a mandioca lá nele é um sacrilégio e pecado mortal para os judeus e para todo cristão que se preza e quem assim o fizer vai queimar indefinidamente no fogo do inferno, até esturricar, virar broa ou baguete queimado, apenas com a vantagem de que ninguém, nem o Satanás, vai querer comer. São tantos tipos de mandioca. Ao gosto do freguês: mandioca-doce, mandioca-brava, mandioca-mansa.
O secretário diz que só vai botar um pouquinho, no pão, coisa que começa com dois por cento e pode chegar a 10 por cento, mas todo mundo sabe que se passa um pedaço passa o resto ou onde entra um boi entra uma boiada. O Sindipan diz que é mais uma falácia. Não sei se é ou não é, pois para o projeto que está na Assembleia Legislativa da Bahia, quem sai ganhando é o produtor de mandioca – tem maniva em tudo que é município baiano. Só tem menos que formiga, cupim e acampado do MST.
O outro observa que somente as grandes indústrias seriam beneficiadas no final das contas (parece até que a Odebrecht estaria interessada ou envolvida na instalação de um complexo de manufatura, sei lá, não tenho certeza e não posso garantir), pois os empresários terminariam por deglutir as cooperativas. Pelo pouco que sei a Sadia e outras empresas alimentícias brasileiras já usam a fécula de mandioca na produção em larga escala. Será que os plantadores de mandioca vêm sendo beneficiados? Não sei. Só sei que nada sei.
Que venha a fécula de mandioca, se ela realmente trouxer benefícios para os agricultores locais, que são dos maiores produtores nacionais e para nós baianos é um orgulho saber que nossa mandioca é admirada e requestada pela sua qualidade intrínseca, pois temos mandiocas de todo tamanho, peso, bitola e consistência. Mandioca dá em qualquer lugar. Depois é só pegar, puxar, colher, desfolhar, raspar, espremer e tirar o sumo (que faz mal) e aproveitar para colocar a mão na massa.
Li outro dia, sei lá aonde, não sei em que lugar, que a fécula de mandioca - que tanta dor de cabeça está dando ao deputado, ao secretário e ao líder sindical - já estaria sendo substituída pelas grandes empresas do ramo de alimentos (congelados ou não), pela fécula do milho. Se bem que nós também temos milho, inhame, batata doce e fruta pão. Como eu deixei de ser tarado por pão, podem enfiar a mandioca toda (no pão é claro minha senhora).
Será que no final o povo vai ter de comer o pão que o diabo amassou? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. No final de tudo – sabemos - o secretário e o representante dos panificadores (que hoje agem como o trigo e o joio) se entenderão como se fossem o pó e a água. O leite e o amido. A massa e o fermento. E o deputado vai poder cair de boca no pão híbrido sem engordar. Enquanto isso minha batata deve estar fervendo. Vou pedir a opinião do seu Manuel da Padaria Imperatriz, onde compro bolacha quebrada.