Quem disse que no Brasil não existe mais a figura do médico de família? Tem sim. Lula ficou doente e o doutor Khalil, lá do Sírio-Libanês, foi cuidar do ex-presidente em sua casa. Aqui, nem pagando estas empresas que atendem em casa elas aparecem. Leva tanto tempo que o paciente prefere ir andando para os hospitais.
Lula não precisou nem marcar consulta. O médico foi quem o instigou e praticamente deu uma ordem e quando ele chegou, nem foi preciso entrar na fila dos idosos, aleijados e mulher prenhe. Foi logo sendo atendido.
Também não foi preciso marcar para fazer os exames. Fez um, saiu dalí fez outro e saindo de lá submeteu-se a mais um. Nem ficou esperando data certa para começar o tratamento. O resultado saiu numa sexta e na segunda já estava sendo tratado. Não começou no sábado porque não quis. Queria antes de se submeter ao procedimento, tomar uma birita que ninguém é de ferro. Nem Lula.
Aqui, para tomar uma vacina no Quinto Centro peguei chuva, fila, cara feia do atendente e como fui chato na hora de espetar a enfermeira quase tira um bife do meu braço. Minha irmã morreu, este ano, pelo azar que teve de sofrer um derrame leve, mas que se transformou em algo mortal por ter sido levada para o Hospital Roberto Santos, ter demorado de ser atendida.
Quando foi atendida muitas horas depois a deixaram sentada num lugar qualquer – teria que ficar deitada imóvel e protegida -, pois não tinha leito disponível. Eu estava fora do país e nada pude fazer.
Uma neurologista de fora do hospital consultada disse que era melhor não remover àquela altura e ela ficou lá perdida, pois não havia equipamento de tomografia, nem ressonância, nem ultrassom e nem mãe-de-santo ou benzedeira. Mexeram e remexeram tanto na moça que seu estado se agravou. O atendimento foi péssimo. Ela veio a falecer lá mesmo.
Mais um caso para virar índice. Fazer o quê? Denunciar na imprensa – todo dia tem um drama – e o pessoal do hospital e as autoridades já estão anestesiadas. Passar com o trator por cima do hospital? Ruim com ele, pior sem ele. Melhor uma grávida ter o filho no chão do corredor que ao relento na Barroquinha.
Daí que eu queria ser Lula para ter médico em casa, na hora que bem aprouver, fazer todos os exames que a gente só vê no seriado norte-americano do doutor House, ter um apartamento individual, o carinho e a atenção de toda equipe do hospital e principalmente um tratamento certo, científico, adequado, sem a prática de errar para ver se acerta.
Torço para que Lula fique bom. E que minha irmã perdoe a estrutura hospitalar pública baiana, o diretor do hospital, o secretário de Saúde, o governador, o ministro da Saúde e a presidenta. Mas, que pelo jeito a situação nunca teve nem terá jeito. Só chamando o médico de Michael Jackson.