Jolivaldo Freitas

A Polícia Federal e o Viagra feminino

Sem tesão não há solução”, disse sei lá quem, num lugar qualquer, dia destes. Estou brincando. Todo mundo sabe que este é o título de famoso livro do terapeuta Roberto Freire. Para a época bem mais conservadora que hoje, foi bombástico. Tesão, na verdade, e testoterona, de montão, estão vazando pelos poros dos policiais federais. Os caras vão com tanta sede ao pote que terminam por quebrar a cara e desmoralizar a instituição.

Sabemos que a PF é de extrema importância para que os maus hábitos sejam repelidos. Mas, por causa do afã, veja que eles têm um trabalho danado para pegar bandido, mas pecam por excesso ou por falha e quando chega à Justiça o juiz chama todos de incompetentes e joga na lixeira os inquéritos.

Uns dizem que o problema está no aparelhamento no órgão (este enunciado não tem duplo sentido) e outros falam que é falta de treinamento e adequação da força policial que grassa hoje em todo o Estado. Os federais estão perdidos e até numa luta intestina, espécie de canibalismo ou autofagia. Também, veja que os federais, que deveriam atuar com discrição,  estão ficando cada vez mais midiáticos. Eles querem competir nas fotos e nas telas com Gisele Bündchen ou Gianecchini.

Muitos se acham verdadeiro John Wayne e saem por aí dando gravatas e bravatas. Não tem uma ação em que alguém não se queixe de desmandos e abuso de poder. O caso agora do pessoal do Ministério do Turismo é chocante. Não estou aqui defendendo os meliantes. Mas, denunciando os excessos. A história das algemas é emblemático. Na verdade, trata-se de uma cópia, um clone, um plágio ou edição pirata do famoso passeio que o FBI faz com os acusados antes de levá-lo para a cadeia. Mas, dificilmente o FBI erra na dose. Ouvi um senhor na fila do banco dizendo que o pessoal da PF acha que é caubói e todo mundo é bandido.

Outro respondeu que não era bem assim, pois na realidade os agentes federais são pessoas como outras quaisquer. Com suas carências, ineficiências, deficiências, talento, preparo, erros e acertos. “Em qualquer profissão tem os bons ou ruins”, disse, no que foi rebatido: “Mas eles estão agindo mal em série”.

Foi então que lembrei de dois lances interessantes. Lá no meu bairro, quando era adolescente, havia um rapaz forte, brigador, raivoso, aquilo que hoje se caracterizaria como pitbull. O sonho do cara era ser polícia para “dar porrada a torto e a direito”, dizia. Soube outro dia que foi ser policial federal e que pirou de vez. Nem os colegas suportaram seu ímpeto. Foi afastado. E o outro fato foi um advogado que estava com um gringo no Centro Histórico quando a PF apareceu e, sem nenhum documento, prendeu um turista. O advogado protestou, foi preso, e mesmo tendo um irmão também federal, levou uns tabefes. Faltou, perdoe a ironia, corporativismo nesta hora.

E o que a PF tem a ver com o Viagra feminino? É que têm aparecido na internet uns emails em que vendedores chamam a atenção das mulheres no sentido de que chegou o momento delas deixarem seus homens loucos na cama. E apresentam uma série de remédios ou técnicas que a farão mais ousadas, sexy e matadoras que Mata Hari ou atrizes de filmes pornôs. Num dos flyers que cheguei a ver, aparece uma mulher vestida com colete de agente policial, chicote e algemas. Fiquei imaginando se o tesão que o pessoal da PF destila não é fruto de uma dose a mais. Uma das agentes envolvidas numa das operações, vi outro dia na TV, parecia muito afogueada. Arma, algema e poder devem dar tesão. Melhor que a pílula azulzinha. Com certeza.