Andam dizendo por aí que as ruas de Salvador recebem mais de quatro mil veículos novos por mês. Como ouvi isso pela primeira vez faz tempo, significa que no mínimo desde lá, calculo, já são mais de 100 mil carros novos nas ruas, o que - convém dizer-, situação que traz todos os inconvenientes, como a presença de novos motoristas trafegando ao seu lado, atrás e na frente, e não menos vezes, por cima e por baixo.
Todos nós sabemos que mulher não sabe dirigir (brincadeirinha!). Na verdade são poucas as pessoas que realmente sabem dirigir. O que vemos todos os dias são acidentes cometidos por motoristas que não sabem diferenciar uma placa, entram na contramão, aceleram quando deviam frear ou fazem pior: ignoram até sinais vermelhos.
Algumas normas de civilidade são esquecidas, mas neste caso tanto por novos e velhos condutores, a exemplo de se estacionar carro na calçada, jogando os pedestres para o meio da rua. Quem quiser que fique esperando passagem na faixa de pedestre. Um cara outro dia pirou de vez no alto da Ladeira da Barra, quase chegando ao Largo da Vitória. Ele ficou esperando passagem e nada dos motoristas pararem.
Perdeu a paciência, encheu a mão de pedras portuguesas. Descia do passeio, colocava o pé na faixa. O carro que invadia levava pedrada. Atirava a pedra, corria e se escondia. Tomou gosto e sempre estava lá com pedras na mão até que sumiu. Ou a polícia levou para internar ou morreu atropelado em cima da faixa.
Outro dia teve briga para tudo que foi lado na Carlos Gomes, quando um transeunte irritado com os carros em cima do passeio, saiu riscando todos com uma chave de fenda. O cara estava no limite. Como eu estava dizendo acima, brincando com as mulheres, não é que elas dirijam mal. Elas mudaram de atitude no trânsito. Talvez, pressionadas pelas piadas que insistem em sua inabilidade, adotaram uma postura masculina e mal educada no trânsito.
Elas não dão passagem, cortam pela direita, aceleram como loucas e já nem agradecem a uma gentileza. “Só agradece se o cara for um gato ou tiver carrão”, diz um amigo ressentido. Eu respondo sempre: “Ô meu cacete, quem manda ser feio e pobre e andar com carro popular motor 1.0?”.
Quem fala sobre trânsito no grupo de amigos sempre tem uma crítica aos taxistas e aos motoristas de trânsito. No entanto, todo mundo invade a pista exclusiva, para nos pontos de ônibus ou dá fechada. São nestes momentos que a violência aparece. Li, não vou lembrar onde, que todo dia pelo menos um motorista de ônibus ou taxista apanha no meio da rua.
O que me preocupa, com quatro mil novos motoristas dividindo espaço no asfalto comigo é não saber quem é quem. Devia ter um adesivo nestes veículos neófitos alertando “Motorista Novo”. Então a gente se picava, acelerava ou deixava passar com os dedos em cruz. E os motoristas de final de semana são de arrepiar os cabelos dos sovacos. Não sabem para onde devem ir, esquecem de colocar gasolina e dirigem mais lento que caramujo no cio.
Estava na praça de alimentação de um shopping e ouvi a mulher perguntar para o marido onde estava o cunhado. Ele disse que este tinha recebido a Carteira de Habilitação do Detran e pegara o carro para fazer um teste de direção na Pituba. Fiquei pensando: se o cara recebeu carteira é porque sabe dirigir. Agora é que foi testar as habilidades? Ou comprou a carteira em Santo Amaro, como se dizia antigamente.
Jolivaldo Freitas