Jolivaldo Freitas

Grandes festas de Natal

Natal para uns é tristeza e para outros alegria, é claro, é óbvio eu nem precisava dizer isso,  pois até grandes filósofos já o disseram de forma melhor. Quem sintoniza no canal de áudio da Sky para ouvir especial natalino tem certeza que a festa é para baixo, melancólica, parecendo trilha sonora do pessoal do Centro de Valorização da Vida. É Fafá de Belém cantando Ave Maria e Simone destruindo os clássicos do período. Quem vai ao Shopping Iguatemi não ouve nada, a não ser o ruído dos cartões de crédito sendo passados nas maquininhas ou a C&A tocando mesmo é Chiclete.

O Shopping Barra ainda joga umas músicas natalinas e a decoração está melhor que nos outros anos.  Nos outros shoppings a decoração está até bonitinha, mas a cidade que pertence ao Senhor Salvador está devendo uma festa de porte, pois é aniversário de nascimento do Salvador. Não precisa ser Canela ou Gramado e muito menos Paris, mas poderia ser mais alegre. A não ser que o prefeito ande triste, e é o que parece.

O bom é que quem não entra na depressão – o CVV registra nesta época os seus picos de audiência, com cada vez mais gente querendo se jogar do apartamento – cai matando na gororoba e mete o pé na jaca nos presuntos e perus (lá neles) defumados. Grandes festas são conhecidas na Bahia neste período. Antigamente a maior e mais frequentada pelos jornalistas era a promovida por José Curvello com a antiga empresa de transporte Viazul .

Era um festivoal pantagruélico. Depois festa boa era a da galera do tênis da Associação Atlética da Bahia que tinha hora para começar e não tinha para terminar – como os repórteres adoram dizer – e o último a sair tinha a obrigação de limpar o vômito e carregar os destroços. 

Festa boa ainda se faz com a galera da Boa Viagem que aproveita a proximidade dos festejos em homenagem a Bom Jesus dos Navegantes e vai encher a cara nas barracas ainda em instalação. Antigamente a coisa era tão institucionalizada que os festeiros aproveitavam e ajudavam a descarregar os caminhões e por causa da farra muitas barracas eram montadas de qualquer forma e caiam. Mais um motivo para festejar o Natal: reconstruir a barraca.

Na praia da Boca do Rio ainda tem um baba que é de matar. O time que perde paga dez engradados de cerveja. E cada gol marcado vale mais dez. É até proibido entrar no mar pois já sumiu muita gente antes de Papai Noel dar as caras.

Cada um festeja o Natal como quer ou pode. Lá em casa havia a mania de se fazer amigo secreto que terminavam em porrada, pois tinha sempre um engraçadinho para esculhambar o presente recebido ou comparar o que recebeu com o valor daquilo que comprou.

Na casa do meu rico e milionário amigo oftalmologista famoso Belmiro tinha até banda de Rock. Na residência de  um outro que não vou dizer o nome a festa era regada ao colírio que eram as suas maravilhosas irmãs.

 Mas, festa de Natal de  arromba, festa das boas mesmo, hoje, é a do pessoal do jornalismo da TV Bahia. Não se trata da festa que a Rede Bahia faz para todos os seus funcionários, na área do estacionamento, dias depois da distribuição dos indefectíveis perus, enlatados, presuntos e sacola térmica.

É a festa promovida por Roberto Appel, no Centro de Tradição Gaúcha na Boca do Rio. A tertúlia este ano teve até espetáculo pirotécnico. A programação do Vanerão é aguardada com frisson. Ainda mais se sabendo que lá estarão Georgina Mainardi, que todo ano ganha o prêmio de melhor atração com seu grupo de peruqueiros desvairados,  que este ano quase que é atropelada pela novata Bárbara e seu arrocha.

Quem ficou devendo foi Thiago Mastroianni, que sempre fez duo com Matheus Carvalho. Como este não apareceu, ficou provado que Matheus canta e Thiago dubla.

Quem deu um show de apresentação foi o sonso Alan, com o não menos sonso Jefferson dançando como se fosse o fim do mundo.  Katia Cordeiro inventou um passo de dança que foi um arraso. Graça desta vez não ganhou nem panetone no sorteio. E Márcia não conseguiu casamento. Ana Valéria com seu famoso derrièr balançava na música de Renan.

Patrícia Trigueiros desfilava as pernas invejadas. Patrícia Nobre era a animação em pessoa enquanto seu marido Giácomo observava de perto e balançava a cadeira (não as cadeiras, é bom deixar claro). Binha apareceu e sumiu que ninguém viu. Perdeu o ferro de passar do sorteio.
 
A galera da técnica valorizando a Ambev e Bira gastando os dentes nas carnes de Appel (quero dizer, no churrasco oferecido). E  Appel  lá, firme e forte, sem tomar uma gota de álcool, coitado, parecendo monge trapista. Recepcionando como se fosse uma espécie de Lícia Fábio dos pampas.  

Festa boa para desestressar a galera do jornalismo, renovar as amizades, reatar com os desafetos e matar uma imensa saudade.
Feliz Natal para vocês colegas.