Quarto, sala, cozinha e porão. Isso mesmo! Aquele cômodo subterrâneo muito comum em residências antigas que serviu de moradia para afilhados de nobres proprietários e depois passou a servir para guardar quinquilharias agora está de volta e com tudo. O espaço completamente repaginado ganhou um conceito arrojado: reunir os amigos num ambiente mais intimista e ainda recordar momentos únicos através da exposição dos objetos que até então eram inservíveis ou simplesmente foram deixados de lado com o tempo.
A nova versão do porão já é uma tendência imobiliária. “Empreendimentos novos, a exemplo do Alphaville e do Horto Florestal tem uma geografia pelo terreno ser acidentado construir um porão”, disse o arquiteto Alex Galletti, um dos idealizadores.
Por conseguirem dar um novo status ao espaço, os arquitetos Galletti e o André Figuerêdo foram premiados pela 16ª edição baiana da maior mostra de decoração do país, Casa Cor Bahia 2010 na categoria O Mais Original.
Figuerêdo conta como surgiu a ideia. “O espaço subterrâneo já foi muito utilizado na década de 40, seja como moradia ou para guardar o que não tem mais uso. Muitos casarões do Pelourinho, Centro Histórico têm muito porão. Me inspirei nessas residências”.
A criação agrega várias funções, segundo Figuerêdo. “É uma forma de dar uso aos objetos inservíveis, de recordar momentos – quantas vezes você viajou e comprou algo que acabou ficando jogado num canto? O que fazer com aqueles baús, malas? – e ainda lançar uma tendência nos prédios de Salvador”.
Dar vida ao porão que já foi apelidado popularmente de “quartinho da bagunça” pode ser também uma alternativa de se refugiar de algumas particularidades, de acordo com um dos visitantes da Casa Cor, o empresário Marcelo Fontes Pedreira. “Pra quem precisa de concentração pra estudar, ler um livro ou até trabalhar. Quem tem casa cheia com criança, cachorro sabe do que eu estou falando”.
A climatização do ambiente tem todo um toque especial, conforme Alex Galletti. “A gente tem uma marcenaria própria, que é a Alfaiataria da Madeira, e isso permitiu modular os móveis. Tudo o que você vê aqui é único e de muita personalidade. Desde o projeto (pela 3A do Brasil – outra empresa dos sócios arquitetos) até a marcenaria. A gente tenta trazer pra realidade o que nossos clientes sonham pra viver”.
Galetti destacou ainda que “dentre as novidades contempladas pelo projeto, o uso diferenciado de alguns materiais, a exemplo do papel de parede, que recebeu uma nova roupagem e foi aplicado no teto”.
Visitas até o próximo dia 24
Galletti e Figuerêdo associaram a nova versão do porão ao conceito de socialmente responsável e sustentável. Num ambiente com referências aos modos de vida contemporâneos: aproveitamento dos pequenos espaços, conforto, funcionalidade, bem estar e reutilização de matéria prima descartável.
Mas, não é só isso. O novo porão é muito mais do que a simples reutilização de um espaço já existente e sem uso para morar, segundo Galletti. “A vantagem da reutilização do Porão como espaço para viver, e não mais um mero ambiente para acúmulo de cacarecos, é que ele não gerou resíduos para o meio ambiente nem agrediu a natureza”.
Figuerêdo acrescentou: “Movidos pela constante necessidade de mudanças, decidimos criar um espaço economicamente viável, sustentável, curioso e diferente. Em vez de construir, seguimos o conceito de uso responsável dos recursos naturais disponíveis e propiciamos uma nova cara para um espaço já existente na casa, evitando, dessa forma, gastos desnecessários”.
Merece um destaque especial soluções inteligentes e baratas que aliados a materiais totalmente relacionados com o uso racional, como água e utilização de eficiência energética. Aos leitores que ainda não visitaram a 16ª edição da Casa Cor fica na Rua José Pancetti, nº 7, no Morro do Ipiranga, na Barra, em frente ao Cristo da Barra. A exposição da Casa Cor vai até o dia 24 de novembro.