Os traficantes do bairro Nordeste de Amaralina sitiam a Pituba e aproveitam a ausência da polícia para atacar. De carro, moto, bicicletas, outros a pé, praticam assaltos, furtos, saidinha bancária, sequestros relâmpagos e comercializam drogas na Rua Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Sergipe e Avenida Manoel Dias da Silva e parte da Orla.
“Eu moro na Rua Minas Gerais e fico observando a noite toda a movimentação da bandidagem. A maioria dos carros que param para as garotas de programa não é em busca do sexo, e sim, para pegar a droga que elas carregam na bolsa, a pedido dos traficantes.
A polícia tem que proibir esse comércio, pois daqui a pouco, outros traficantes também estarão aqui vendendo e depois começam as mortes em decorrência da disputa pela venda de drogas”, disse uma moradora que preferiu se manter no anonimato.
O tráfico denominado de “formiguinha”, em que os criminosos usam a droga empacotada em pequenas quantidades, para não chamar a atenção da polícia, é uma das maiores preocupações das autoridades, para combater. Nesse tipo de tráfico, geralmente adolescentes e até crianças atuam como “aviões”.
Com o fluxo de barzinhos e boates localizados nas ruas Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Goiás e o trecho da orla, centralizado entre as baianas de Amaralina e o antigo Clube Português, para conseguir a droga, basta pedir em código.
Os seguranças das ruas, que trabalham para proteger o patrimônio dos comerciantes, sabem da venda de entorpecentes, mas, temendo represália, fingem não ver nada. “Se tem quem compre, tem quem venda. Trabalho aqui na rua para inibir a ação de assalto nos estabelecimentos e contra os clientes, mas isso aí (comércio de drogas) é um caso para a polícia resolver. Não vou me meter com traficante, que não tem nada a perder”, contou um segurança da Rua Minas Gerais, que não se identificou.
Segurança privada custa R$ 200
Nas Ruas Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe e Goiás, os donos de comércios optaram por pagar segurança privada, para driblar as ações dos assaltantes. Vários vigilantes trabalham dia e noite para coibir a prática de assaltos. A microempresária Suzana Alves Teixeira entrou para o grupo de comerciantes que pagam por vigilância privada.
Ela tem um salão de beleza e preferiu contratar os serviços, para que as clientes se sintam mais seguras, principalmente no período da noite.
“Às vezes precisamos ficar com o estabelecimento aberto até as 20 horas. A primeira coisa que as clientes perguntam é se não é perigoso ficar até tarde, mas ao falarmos que o local tem segurança, as clientes ficam mais tranquilas. Ainda mais por se tratar do bairro da Pituba, eu prefiro pagar a segurança do que sofrer um assalto e perder clientes”, contou a microempresária, acrescentando que paga R$ 200 por mês.
Os comerciantes que contribuem com a segurança privada pararam de sofrer assaltos. “Somos vários seguranças que fazemos revezamento durante o dia, noite, finais de semana e feriados.
Aqui nas ruas, tem muitos pivetes que aproveitam para roubar pedestres e estabelecimento. Com a nossa presença, principalmente nas portas dos estabelecimentos, os números de assaltos diminuíram e os bares e restaurantes, que eram assaltados em plena luz do dia, pararam de ser roubados”, confirmou um segurança, que pediu para não ser identificado.
Apelo por ação policial
“Precisamos que a polícia realize blitz aqui pelas ruas para acabar com essa descaração dos traficantes. Se a polícia fingir não estar vendo, daqui a pouco o “comércio” de drogas também vai estar sendo feito durante o dia.
Acho que os consumidores, se quiserem comprar drogas, têm que arrumar outro jeito e não ficar comprando em plena rua, onde também existem moradores e comerciantes que não querem conviver com a presença de marginais e prostitutas nas ruas. A Avenida Manoel Dias, quando foi inaugurada, a polícia tirou todos as garotas de programas da rua, mas, agora, voltou tudo de novo e a polícia não faz mais nada”, denunciou uma moradora. Um segurança da avenida disse que a polícia sabe, mas não faz nada.
“Uma vez, tinha um traficante chamado Igor, que fazia ponto aqui na rua. Ele estava com R$ 400 e foi até um supermercado trocar o dinheiro. Momentos depois, uma viatura da polícia passou pela rua e um dos agentes abordou o rapaz e tomou o dinheiro da mão dele, e o mandou vazar. O tráfico aqui na área está demais, e não podemos fazer nada”, disse um segurança.
Noites marcadas por prostituição e tráfico de drogas
À noite, em frente à clínica Ecos, situada na Avenida Manoel Dias da Silva, e nos estabelecimentos comerciais das ruas Goiás e Minas Gerais, “é grande o barulho que as prostitutas fazem durante toda a madrugada. Ficamos até receosos em sair de casa, ou retornar na madrugada, pois ficam prostitutas, traficantes e viciados gritando nas ruas”, denuncia uma moradora.
Ao lado da boate Eros, situada na Rua Goiás e orla de Salvador, as garotas de programa que fazem ponto nas esquinas das ruas esperam os traficantes para pegarem a droga para ser vendida durante a madrugada. Tarde da noite, um homem de moto chega trazendo mais droga para abastecer os colegas que estão vendendo nas ruas.
“Antigamente, eu ficava pensando, como é que um homem tinha coragem de parar o carro para aquelas prostitutas da rua, mas com o passar do tempo, vi que eles param é para comprar drogas. É cada carro luxuoso que para nas esquinas e espera as garotas de programas. Alguns param mais adiante e os próprios traficantes fazem a entrega da droga”, denunciou um porteiro de um prédio. (SB)