Opinião

Brasil é um país com inovação muito abaixo do seu potencial

Os centros brasileiros de alta tecnologia não geram efeitos ampliados

Foto: Pixabay/Creative Commons
No Brasil é fraca a utilização dos recursos científicos e tecnológicos

O Brasil está na 49ª posição do Índice Global de Inovação (IGI) 2023, no total de 132 países mencionados; avançou cinco lugares em relação à classificação do ano anterior. Porém, continua muito abaixo não só do seu potencial como desincronizado de seu PIB - nono mundial – em comparação com os modestos 70º no Índice de Desenvolvimento Humano e ao mencionado 49º no IGI.

Portanto, economia de grande dimensão com enormes desigualdades e fraca utilização de seus recursos científicos, tecnológicos e de inciativas.

No IGI 2023, o Brasil obtém 33,6 pontos, metade dos alcançados pela primeira classificada, Suíça, revelando a distância do topo. Na tabela geral, o país fica atrás de alguns pequenos países europeus, da Turquia, Índia, Tailandia, Vietnã e Arábia Saudita, enquanto a China se situa no 12º lugar.

É primeiro na América Latina, região de fraca inovação geral, estando um pouco na frente da Rússia e África do Sul, países que, neste momento, não são termo de comparação elogiosa na matéria.

Assim, os centros brasileiros de alta tecnologia não geram efeitos ampliados. Entre eles citamos duas bases de exploração espacial, um conjunto de energia nuclear (pesquisa e produção), construção aeronáutica, entrada da indústria automobilística na fase do elétrico, dois grandes hospitais entre os melhores do mundo, duas unidades de pesquisa e produção em biomedicina e outra de pesquisa e consultoria em agropecuária.

Neste caso, a importância é acrescida em virtude do impacto econômico do agroindustrial, garantidor de considerável nível de segurança alimentar interna, sendo o Brasil maior exportador mundial de alimentos em volume. Apesar disso, o país funciona em déficit de fertilizantes, causador de dependência externa num ramo vital. Qualquer crise mundial que afete os produtores ou o transporte internacional atinge uma de nossas atividades centrais.

No âmbito da biomedicina, além dos referidos centros de excelência, as maiores farmacêuticas do mundo estão presentes no país com elevado grau de oferta, considerando a dimensão do mercado interno. No entanto, uma dependência grave subsiste em vários inputs importados, por exemplo para produção local de vacinas.

Olhando, mesmo rapidamente, para a grande base atual de mudança nos padrões tecnológicos gerais – os semicondutores – vemos situação ainda pior. A produção é mínima perante a demanda e a transmissão de conhecimentos sobre avanços mundiais fica limitada a pequenos enclaves tecno-científicos, com escassa repercussão nos centros de decisão ou investimento.

São três exemplos causadores de atraso perante eixos estratégicos de desenvolvimento e redução das dependências.

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Jonuel Gonçalves é pesquisador associado no NEA/INEST da UFF (Niterói),ex-professor visitante da Uneb (Salvador) e está à frente do Blog do Jonuel.