Política

Candidatos à presidência na Argentina fazem último debate

O debate foi marcado por instantes ríspidos

O candidato governista a presidente da Argentina, Sergio Massa, evocou suas raízes italianas para expor por que deseja liderar o país, enquanto o ultraliberal Javier Milei prometeu frear a "decadência" e o "populismo".

Os dois postulantes à Casa Rosada protagonizaram nesse domingo (12 de novembro) o último debate do segundo turno, a uma semana da eleição mais incerta e tensa desde o retorno da democracia na Argentina.

"Quero ser presidente porque meus avós e meus pais chegaram aqui fugindo de uma guerra, e este país lhes deu tudo. Eles me ensinaram a amá-lo e protegê-lo", declarou Massa (União pela Pátria), filho de Alfonso Massa e Lucia Cherti, naturais de Niscemi, na Sicília, e Trieste, respectivamente.

"Quero ser presidente para ser um veículo contra a violência que se expressa no outro lado", acrescentou o candidato em suas considerações finais.

Por sua vez, Milei (A Liberdade Avança) disse que é o momento de os argentinos se perguntarem se querem "seguir esse caminho decadente, com cada vez mais pobres e indigentes".

Durante o debate, marcado por instantes ríspidos, Massa tomou a iniciativa e deixou seu oponente desconfortável em mais de uma ocasião.

Em determinado momento, Milei ficou em silêncio, como se não tivesse argumentos, e deu um sorriso nervoso: "Cedo a palavra". Massa aproveitou e destacou que seu rival não tinha nada a dizer.

Os ataques do ultraliberal ao papa Francisco também foram tema do debate, e o ministro da Economia questionou se o ultraliberal se desculparia por ter chamado o líder católico de "representante do maligno".

"Não tenho problemas em pedir desculpas. Estamos dispostos a recebê-lo na Argentina com honras. Isso não é uma questão, bem como as Malvinas. Nós consideramos que as Malvinas são argentinas", rebateu Milei.

O ultraliberal também recuou de algumas propostas de campanha, como privatizar a saúde e a educação, ocasião em que Massa reiterou mais uma vez suas raízes italianas. "Apostamos na ascensão social para que um filho de imigrantes, como eu, possa fazer seus estudos universitários", disse o peronista.

Por outro lado, Milei reiterou a promessa de dolarizar a economia e fechar o Banco Central, além de indicar que não pretende manter diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso seja eleito, embora tenha negado o desejo de romper relações com o Brasil.

"Você faz parte de um governo no qual Alberto Fernández também não falava com Bolsonaro. Então qual é o problema se eu falo ou deixo de falar com Lula?", questionou.

Massa terminou o primeiro turno na frente de Milei (36,7% a 30%), porém todas as pesquisas desenham um cenário de empate técnico entre os dois candidatos, que buscam os votos dos últimos indecisos para chegar à vitória.