Política

Peronismo renasce das cinzas na Argentina e vai ao segundo turno

O segundo turno das eleições para presidente será disputado por Massa e Milei em 19 de novembro

Além do surpreendente resultado obtido pelo presidenciável Sergio Massa no primeiro turno, o peronismo se impôs novamente como principal força no Congresso da Argentina.

O ministro da Economia e candidato governista a presidente, Sergio Massa (Unidos pela Pátria), apesar da crise econômica, da inflação brutal e da disparada do dólar, foi o mais votado no primeiro turno das eleições e enfrentará o ultraliberal Javier Milei (A Liberdade Avança) no dia 19 de novembro.

As eleições do último domingo (22) também renovaram 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 assentos do Senado, e a coalizão governista União pela Pátria (UxP), de centro-esquerda, seguirá com a maior bancada.

A aliança peronista, que conta hoje com 118 deputados, terá 107 na próxima legislatura, mas aumentou o número de senadores de 31 para 34, segundo o jornal Clarín.

A coalizão de direita Juntos pela Mudança (JxC), de Patricia Bullrich e Mauricio Macri, manteve apenas 24 de seus 33 assentos no Senado e 94 de suas 117 cadeiras na Câmara.

Por sua vez, a aliança A Liberdade Avança (LLA), do ultraliberal Javier Milei, aumentou suas bancadas na Câmara de três para 39 deputados e no Senado de zero para oito, tornando-se a terceira força no parlamento argentino.

O segundo turno das eleições para presidente será disputado por Massa e Milei em 19 de novembro.

O ministro da Economia, no meio de um salão repleto de euforia, prometeu um "governo de unidade nacional", admitiu a existência de problemas, mas sublinhou que "a Argentina não é um país de merda, como dizem alguns, mas um grande país". Em seu discurso, garantiu que o seu governo vai "abrir uma nova etapa institucional" na política, com "mais desenvolvimento no Norte e na Patagônia, mais inclusão e o aumento das exportações com valor agregado".

Em contraposição, Milei, que comemorou seu aniversário de 53 anos no domingo, disse ter conseguido um "feito histórico" e clamou por união para combater o kirchnerismo, que "é a pior coisa da Argentina". Além disso, garantiu que não quer "tirar direitos", mas sim "acabar com privilégios" da "casta corrupta".

Filho de imigrantes italianos e ministro da Economia desde julho de 2022, Massa, 51 anos, tenta tirar do atoleiro um país com inflação de 140% ao ano, 40% da população na faixa da pobreza e dívidas bilionárias com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A tensa noite eleitoral, embora com uma tendência sólida que começou a ficar evidente uma hora e meia após o fechamento das urnas, mostrou um fraco desempenho de Bullrich, da coalizão que Mauricio Macri começou a montar em 2005 e que o levou ao poder, mas que agora parece estar à beira da implosão.

O peronismo progressista, que governou por 16 dos últimos 20 anos - com um parêntesis de Macri entre 2015 e 2019 -, ressuscitou das cinzas mais uma vez e ainda está na briga.

A ascensão vigorosa do histriônico Milei, que surpreendeu nas primárias de agosto e até ameaçou vencer no primeiro turno, perdeu força graças aos resultados do peronismo em seu bastião histórico, a província de Buenos Aires, com 13 milhões de eleitores, 37,04% do eleitorado nacional.

Axel Kicillof, do núcleo duro do kirchnerismo, foi reeleito governador da província, com 44,9% dos votos, derrotando confortavelmente o conservador Néstor Grindetti (JxC), com 26,6%, e a ultraliberal Carolina Píparo (LLA), com 24,6%.

Em uma noite de sombras, Bullrich apareceu no palco com um sorriso forçado, ladeada por Macri. "Aceitamos a derrota, mas temos uma profunda convicção dos valores que carregamos dentro de nós, da república, da transparência, do combate à corrupção em um país que deve abandonar o populismo se quiser crescer", afirmou a candidata derrotada.