Moda

5 cuidados para a pele negra

A indústria de beleza precisa dar passos mais largos para atender à maioria da população brasileira

Foto: Divulgação
A farmacêutica esteta Arina Gabriela

Quando mergulhamos na discussão sobre representatividade, é impossível não perceber a longa jornada que percorremos até alcançar a diversidade e a inclusão que tanto almejamos nos meios de comunicação e na indústria de cuidados com a pele. Por muito tempo, as personalidades da TV e da música não refletiam a rica pluralidade do colorismo presente na sociedade contemporânea.

É um fato inegável que mais de 50% da população brasileira se identifica como preta ou parda (segundo dados divulgados pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em 2022), mas a pergunta que permanece é: estamos sendo representados de forma precisa quando se trata da cor de nossa pele? Para responder a essa pergunta, é fundamental analisar as escalas utilizadas atualmente, e um exemplo notável é a escala de Fitzpatrick, que, apesar de sua obsolescência, ainda é empregada para classificar os diferentes tipos de pele.

Esta escala reconhece apenas três tons de pele negra, o que claramente não é suficiente para abranger a rica diversidade de tons de pele que encontramos em nossa população. Quando falamos sobre representatividade na TV e no cinema, muitas vezes nos deparamos com um cenário onde ainda somos minoria em papéis de destaque e, mesmo aqueles que conseguem chegar ao topo, muitas vezes enfrentam desigualdades salariais em relação às pessoas brancas em posições similares.

Uma virada de jogo acontece quando observamos o crescimento da indústria de skincare e cosméticos. Muitas marcas se autodenominam como inclusivas, mas falham em atender às reais necessidades da pele negra, seja em relação à composição, textura, variedade de cores ou absorção dos produtos. Isso resulta em uma lacuna frustrante e no descontentamento daqueles que tentam usar essas marcas.

O problema vai além disso, pois quando o público de pele negra finalmente encontra seu 'tom' ideal, muitas vezes fica preso a um único produto que nem sempre é benéfico, dependendo do estado da pele e das condições climáticas.

A realidade inegável é que a indústria de beleza precisa dar passos mais largos para atender à maioria da população brasileira, levando em consideração a diversidade de tons de pele, as condições climáticas variadas e as diferenças genéticas que existem de estado para estado. É essencial que personalidades da TV e da música assumam um papel proeminente nessa mudança, liderando marcas de cuidados com a pele e promovendo representatividade de forma contínua.

A inclusão não deve ser uma exceção, mas sim a norma em nosso país. É hora de abraçarmos a diversidade de tonalidades de pele, celebrando a beleza em todas as suas formas e criando um mundo do Skincare brasileiro mais inclusivo, onde todos se sintam representados e atendidos em suas necessidades únicas. Essa revolução estética não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma necessidade premente para construir um Brasil mais diverso e igualitário.

Para colaborar nesse sentido, separamos 5 cuidados principais que a pele negra deve ter com a sua pele:

-- Hidratação adequada: A pele negra pode ser naturalmente mais seca devido à menor produção de óleo e à perda transepidermal; por isso, é importante manter uma rotina de hidratação regular. Use um hidratante adequado para o seu tipo de pele, preferencialmente com ingredientes como d-pantenol, alfa bisabolol ou óleos naturais, para manter a pele hidratada e evitar ressecamento. Além de beber água adequadamente.

-- Proteção solar: A pele negra possui naturalmente a melanina mais ativa, o que oferece uma proteção leve contra os raios UV, mas isso não a torna imune aos danos do sol. Use protetor solar diariamente, com FPS apropriado para seu tipo de pele, para prevenir o envelhecimento precoce, manchas escuras e reduzir o risco de câncer de pele. Opte por UVa/UVB, pois as luzes visíveis, no caso da pele negra, podem sim ser prejudiciais.

-- Limpeza suave: Evite produtos de limpeza abrasivos ou que ressequem a pele. Opte por produtos de limpeza suaves, como os géis de limpeza, e lembre-se de limpar a pele suavemente sem muita pressão.

-- Tratamento de manchas escuras: A hiperpigmentação é comum em peles negras, e as manchas escuras podem surgir devido a lesões, acne ou inflamações. O uso adequado de ativos despigmentantes pode facilitar essa etapa.

-- Evite ácidos sem conhecimento prévio: Evite produtos que prometem clarear a pele, pois muitos deles podem ser prejudiciais e causar danos à pele. Alguns produtos contêm ingredientes agressivos que podem levar a uma despigmentação irregular e problemas de saúde.

Lembre-se de que cada pessoa é única, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Consultar um profissional especialista em pele negra é sempre uma ótima ideia para desenvolver uma rotina de cuidados com a pele adequada às suas necessidades específicas.

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A farmacêutica esteta Arina Gabriela é criadora da marca 'Seja sua Pele'