Saúde

Brasil registra 400 novos casos de câncer ocular em crianças por ano

O retinoblastoma se forma na retina do olho

400 novos casos de retinoblastoma, câncer ocular mais comum em crianças, são registrados por ano no Brasil. 

Ele ocorre mais frequentemente em crianças pequenas, geralmente antes dos 3 anos de idade. Esse câncer raramente se desenvolve em crianças com mais de 5 anos. O retinoblastoma se forma na retina do olho. A retina é uma fina camada de tecido nervoso na parte de trás do olho. As células da retina detectam luz e cor. O retinoblastoma pode afetar um olho (unilateral, mais comum) ou ambos (bilateral).

O principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, que é o reflexo branco na pupila ou “menina” dos olhos. Trata-se do reflexo da luz sobre a superfície do tumor, que está dentro do olho (intraocular). Outros achados são o estrabismo (olho torto), fotofobia (sensibilidade exagerada à luz), perda da visão, olho saltado (proptose) e movimentos oculares rápidos e incontroláveis.

De acordo com a médica oftalmologista Fernanda Fernandes, o tratamento depende da localização do tamanho do tumor, da extensão da doença e da presença de metástase. “Os possíveis tratamentos são a quimioterapia, fotocoagulação à laser, crioterapia, radioterapia e cirurgia para retirada do globo ocular. A escolha da terapia será feita após a avaliação do caso”, explica Fernanda. 

O diagnóstico precoce do retinoblastoma é feito por meio do exame de mapeamento de retina, realizado pelo oftalmologista. Segundo Fernanda, ele deve ser realizado de forma regular, mesmo que a criança não apresente sintomas suspeitos..

“Os principais objetivos de tratar a doença são preservar os olhos e a visão o tanto quanto possível, e limitar o risco dos efeitos colaterais que podem ser provocados pelo tratamento como um segundo câncer em crianças com retinoblastoma hereditário”, finaliza Fernanda.

A prevenção começa ainda na maternidade, com a realização do Teste do Olhinho (Teste do Reflexo Vermelho) até 72 horas de vida. Após essa abordagem inicial, o exame dever ser repetido pelo pediatra ao menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança. Na identificação de qualquer anormalidade, a criança deve ser encaminhada para consulta com oftalmologista infantil, que aprofundará a investigação e indicará o tratamento mais efetivo para o caso.

Pais, ao tirar fotografias de seus filhos, podem detectar a presença de reflexos diferentes entre os olhos, estrabismo ou olhos que se movimentam de forma diferente ou irregular e avisar imediatamente o seu pediatra, que se encarregará de fazer o encaminhamento para o oftalmologista.

Este é o momento ideal para divulgar a importância do exame oftalmológico preventivo aos 3 e 5 anos de vida. Muitas doenças oculares da infância podem ser diagnosticadas e tratadas precocemente. Recomenda-se que, além da avaliação pediátrica, bebês de seis a 12 meses passem por um exame oftalmológico completoDevem, se possível, repetir o exame anualmente ou pelo menos nas idades entre três e cinco anos.

Na maioria dos pacientes, o retinoblastoma fica confinado ao olho, e o câncer é muito curável. A taxa de cura para esse câncer é superior a 95%, devido à detecção precoce e aos tratamentos disponíveis. Se a doença não for tratada, ela pode se espalhar para outras partes do corpo, onde se torna muito mais difícil de tratar.

Os tratamentos para retinoblastoma incluem quimioterapia, para encolher o tumor, terapia administrada localmente (agentes anticâncer administrados diretamente ao olho), terapia focal (terapia a laser ou de congelamento aplicada diretamente no olho), cirurgia para remover o olho e radioterapia.

Se o retinoblastoma não for tratado, ele poderá se espalhar:

-- Pela retina
-- Pelo fluido dentro dos olhos
-- Para além da retina e para tecidos próximos, a cavidade ocular (órbita) e o nervo ótico
-- Para o cérebro
-- Para os ossos, a medula óssea e o fígado