Brasil

Fausto Silva recebe novo coração em cirurgia que durou 2h30

Faustão foi incluído na lista de transplantes após agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca

Foto: Instagram | Reprodução
O apresentador Fausto Silva

Internado desde 5 de agosto, em São Paulo, com um quadro grave de insuficiência cardíaca, o apresentador Fausto Silva passou por um transplante cardíaco na tarde deste domingo (27 de agosto), em cirurgia que durou cerca de 2h30.

De acordo com o hospital, a Central de Transplantes do Estado de São Paulo comunicou a unidade na madrugada deste domingo, quando “foi iniciada a avaliação de compatibilidade do órgão, levando em consideração o tipo sanguíneo B”.

O procedimento teve início nesta tarde e durou cerca de 2h30, informou o boletim médico assinado pelo cardiologista Fernando Bacal; pelo cirurgião cardiovascular Fábio Antônio Gaiotto; e pelo diretor médico e de Serviços Hospitalares do Hospital Israelita Albert Einstein, Miguel Cendoroglo Neto.

Boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, informa que  o procedimento "foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição".

Faustão foi incluído na lista de transplantes após agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca que é acompanhado desde 2020. Ele estava passando por diálise [filtração do sangue] e recebendo medicação para ajudar a dar força ao coração no bombeamento do sangue.

Em comunicado no dia 20 de agosto, o hospital informou: “Fausto Silva já foi incluído na fila única de transplantes, regida pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que leva em consideração, para definição da priorização, o tempo de espera, a tipagem sanguínea e a gravidade do caso”.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na madrugada deste domingo a Central de Transplantes teve a oferta de um coração. "O sistema informatizado de gerenciamento de transplantes trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Desses, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente (Faustão) ocupava a segunda posição nesta seleção. A equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção."

Um prazo menor de 30 dias para um transplante de coração não é raro. "Neste ano, 60 pacientes no Brasil receberam o órgão com menos de um mês de fila de espera", afirma Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e diretor do programa de transplante da Santa Casa.

Como funciona a lista de espera

A Lista Única Nacional é formada pelo conjunto das listas estaduais que, por sua vez, são formadas pelas listas regionais. O critério da lista engloba outros aspectos além da ordem de chegada. O primeiro deles é o compatibilidade, que exige que doador e receptor apresentam exames médicos compatíveis.

Sendo satisfeita a exigência da compatibilidade, outro ponto determinante da escolha do receptor é a urgência do transplante. Quem estiver em pior situação de saúde terá preferência, mesmo que tenha sido o último a entrar na lista.

A cada vez que surge um doador a Central de Transplantes é informada e processa a seleção dos possíveis receptores para os vários órgãos.

Esta seleção leva em conta o tempo de espera para o transplante, o grupo sanguíneo, o peso e altura do doador, com nuanças próprias para cada órgão. Só isto faz com que nem sempre o mais antigo (o que chegou primeiro na lista) fique em primeiro lugar na “fila” daquele doador.

Além disso, é preciso levar em conta alguns exames feitos no doador para ver se ele é portador de infecções, como por exemplo, as hepatites por vírus B ou C. Caso um desses exames seja positivo as equipes não aceitam os órgãos para transplantar receptores negativos para a tal infecção pois isto representa um risco de contaminar o receptor com uma doença que colocará em risco sua saúde. Nesses casos algumas equipes aceitam os órgãos para transplantá-los em receptores que tenham a mesma infecção e estes podem não ser os primeiros da “fila”.

Outras vezes o receptor que foi selecionado em primeiro lugar pode não estar momentaneamente em condições de receber um transplante em conseqüência de complicações clínicas ou não pode ser localizado, não quer ser transplantado naquele momento, etc e portanto, para aquele doador ele é preterido.

Algumas vezes a equipe médica responsável pela realização do transplante não está disponível (acontece em feriados prolongados, época de Congressos das especialidades) e o paciente selecionado não pode ser transplantado.

378 esperam por um coração

Segundo dados do Ministério da Saúde atualizados em 16 de agosto de 2023, 65.911 pessoas aguardam na lista para receber um órgão no país. Destas, mais de 36 mil esperam por um rim, 25,6 mil por uma córnea e 2,2 mil por um fígado.

Até 21 de agosto, eram 378 pessoas esperando por um transplante de coração no Brasil.

O Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. A estrutura, gerenciada pelo Ministério da Saúde, assegura que 90% das cirurgias atendam à rede pública. No primeiro semestre de 2023, foram realizados 206 transplantes de coração no país, aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante. 

A doação de órgãos é um processo complexo, que envolve diferentes instituições e requer agilidade para ser bem-sucedido. Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado de tempo de isquemia. Para o coração, o tempo de isquemia é de apenas 4 horas, o que torna o transplante do órgão ainda mais complexo. 

A lista para transplantes é única, valendo tanto para pacientes do SUS, quanto para os da rede privada. A lista de espera por um órgão funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada e conforme outros critérios como os de compatibilidade, gravidade do caso e o tipo sanguíneo do doador. Esses fatores são levados em consideração para a definição de quem deve ser priorizado. Pacientes em estado crítico podem ser atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica. 

O Sistema Nacional de Transplantes tem em sua composição a Central Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e as Centrais de Transplantes estaduais, dentre outros atores no processo de doação e transplante de órgãos e tecidos. As listas de espera para transplante são geridas pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única. 

Para doação de órgãos, é fundamental que a pessoa interessada deixe clara para a família a sua vontade de doar. No Brasil, a doação só pode ser realizada com a autorização da família. Nenhuma declaração em vida é válida ou necessária, não há possibilidade de deixar em testamento, não existe um cadastro de doadores de órgãos e nem são mais válidas as declarações nos documentos de identidade e carteiras de habilitação e nem as carteirinhas de doador.

No caso de doação em vida, é permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive. Para qualquer outra pessoa, somente mediante avaliação em Comissão de Ética do hospital e autorização judicial, onde seja comprovada estreita relação, exceto quando se trata de doação de medula óssea.