A educação sempre foi vista como chave de mudança pela médica endocrinologista Emanuela Sancho. Formada há 11 anos, ela levou essa filosofia para o consultório e para a vida dos pacientes. Mas queria ir muito além, a ideia era ampliar o raio de alcance para ajudar o máximo de pessoas que convivem com o diabetes.
Por isso, a especialista montou o Projeto de Educação em Diabetes, que traz a proposta de educação continuada para pacientes e para cuidadores no âmbito da doença e do tratamento, sobretudo com relação aos detalhes que envolvem o uso de insulina. A iniciativa tem a proposta de capacitar a população sobre autocuidado e tornar o paciente protagonista do seu tratamento.
“Conheci um programa de educação continuada em diabetes na Itália, onde morei por 07 meses. Lá, existe grande prevalência de diabetes, de forma que eles investem muito visando reduzir ao máximo as complicações da doença e efeitos colaterais do tratamento. Além de redução de custo para o Estado. Por isso, desde meu retorno para Serrinha, adaptei a ideia e implantei o projeto para a nossa realidade em eventos gratuitos”, conta a médica.
Emanuela Sancho percebeu que tinha em mãos um projeto-piloto com resultados muito positivos e que podia escalar a ideia para ajudar mais e mais pessoas. Então, sugeriu que a matéria virasse projeto de lei e fosse a votação na câmara de vereadores do município e conseguiu aprovação com unanimidade.
Autoridades estaduais tiveram acesso ao projeto e demonstraram interesse em ampliar para todo estado da Bahia. Para a surpresa da especialista, que incansável, tentava fazer o projeto de educação em diabetes se tornar uma realidade na vida de muitas pessoas. O sonho agora está se materializando. Autoridades de âmbito nacional também já querem saber detalhes sobre a ideia da endocrinologista.
“Minha sincera torcida é para que esse projeto ganhe escala e vire instrumento na luta de quem vive diariamente os desafios que a doença traz. Porque na minha caminhada, as melhoras para os pacientes são notadas e muito reais. Eu, não vou desistir da ideia de levar esse beneficio a todo povo desse Brasil de meu Deus”, conclui a médica.
O Diabetes mellitus é uma doença crônica não transmissível de alta prevalência no Brasil. Estima-se que 16,8 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos sejam portadores da doença. No ranking, nosso país é o 5º no mundo em número de DM, atrás apenas da China, Índia, EUA e Paquistão. E as previsões não são positivas, os números tendem a crescer. A estimativa é que no ano de 2030, teremos 21,5 milhões de brasileiros com diabetes mellitus. Só aqui na Bahia, a doença atinge cerca de? ? 15,43% da população.
O tratamento do diabetes envolve além de medicamentos, uma mudança no estilo de vida. Entre os fatores de risco estão o sedentário, os maus hábitos nutricionais, além da predisposição genética, entre outros fatores, isso quando se referencia DM tipo II.
O diagnostico precoce é importante para que o paciente seja bem orientado pelos profissionais de saúde a respeito das condutas a serem adotadas. Educando o paciente e fazendo o mesmo entender que o sucesso do tratamento é resultado do esforço conjunto e que ele é protagonista na cena. Esse movimento proposto pelo projeto de educação em diabetes, aumenta muito a adesão dos pacientes.
Mas existe ainda uma questão ainda mais alarmante, que chama atenção para a urgência da implementação de um programa obrigatório de educação em diabetes aos pacientes em todos os estágios da saúde, e sobretudo, na atenção básica, onde muitas complicações podem ser evitadas. O uso de insulina sem a adequada orientação do paciente.
Uma dose menor do que a necessária, não faz o controle satisfatório do diabetes, e ainda oferece maiores riscos de complicações a curto e a longo prazo. Enquanto uma dose maior do que a necessária, pode incorrer em episódios de hipoglicemia, que, a depender da intensidade pode levar o paciente a coma e até mesmo a óbito, se não for revertida a tempo.
A questão é que muitos pacientes recebem prescrição de insulina, mas não sabem, na realidade como manusear, como realizar a aplicação que é feita através de uma injeção subcutânea, através de uma caneta ou através de seringas e ampolas fornecidas pelas unidades de saúde.
Na prática do consultório, é comum que, ao questionar ativamente o paciente e pedir que ele demonstre como faz em casa para aplicar o remédio, encontre-se uma série de erros. como:
-- Puxada errada da medicação, seja para uma quantidade menor, seja para uma quantidade maior, muitas vezes variações expressivas.
-- Mistura incorreta das insulinas, o que inutiliza o medicamento.
-- Armazenamento incorreto da insulina, que pode inutilizar o efeito do medicamento.
-- Aplicação em horários errados, aumentando risco de hipoglicemias graves.
-- Aplicação em locais inadequados do corpo, bem como ausência do rodízio dos locais de aplicação.
-- Mudanças de dose por conta própria feito pelos pacientes e/ou familiares, aumentando em muito o risco de hipoglicemias graves, bem como descompensação de todo o esquema de insulina.
-- Dificuldade na adequação da dose aos diferentes tipos de seringa de insulina.? ?