Pela primeira vez dedicado exclusivamente a um autor, o projeto que mapeia a presença da produção literária brasileira no exterior reúne, durante três dias, escritores, tradutores, pesquisadores e professores. Todos os debates giram em torno da recepção da literatura de Machado em âmbito internacional
Até o dia 8 de dezembro, o Conexões Itaú Cultural celebra Machado de Assis e dedica inteiramente sua edição de 2022 para debater como a obra do autor é acompanhada no exterior. Exibida no canal do Youtube do Itaú Cultural (www.youtube.com/itaucultural), a programação conta com seis mesas de debates – duas por dia, às 12h e às 15h. Elas se debruçam sobre temas como as traduções realizadas de suas obras, questões raciais suscitadas pelos seus textos e as perspectivas atuais e internacionais no que se refere aos estudos machadianos.
Idealizado em 2007, o projeto vem mapeando a presença da literatura brasileira no exterior, destacando a tradução e a edição em outros países. Em 2018, o cinema também foi incluído no escopo da pesquisa. A proposta do Conexões parte do princípio de que traduzir e editar são elos fundamentais na literatura, sem os quais a produção literária brasileira não viajaria com a mesma intensidade das últimas duas décadas.
A programação deste ano começou na terça-feira, dia 6, com a mesa Machado canônico: recepção internacional. Na discussão, Ana Cláudia Suriani da Silva, professora da Universidade de Londres, e Kenneth David Jackson, professor da Universidade de Yale (EUA), comentam se o autor brasileiro já é reconhecido como canônico na tradição literária universal. Como a formação do cânone, em todas as expressões artísticas, depende muito mais das hegemonias políticas do que da qualidade das obras, eles analisam o caso do autor. A mediação é de João Cezar de Castro Rocha, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A segunda mesa trata da tradução da obra de Assis e é mediada pela professora da Universidade de São Paulo, Sandra Guardini Vasconcelos. Participam dela, Pablo Rocca, professor da Universidade da República, no Uruguai, e Saulo Neiva, professor da Universidade Blaise Pascal, na França. Eles analisam o impacto produzido pela tradução das obras de Machado de Assis no exterior e como os autores de outros países receberam e interpretaram sua obra traduzida.
O segundo dia de debates, quarta-feira, 7, em sua primeira mesa, trata das traduções das obras do autor. Com mediação da professora da Universidade do Rio de Janeiro, Maria Aparecida Salgueiro, ela tem participação de Vincenzo Arsillo, professor da Universidade de Nápoles, na Itália, e Greicy Pinto Bellin, professora do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade). Eles partem de uma fala de José Saramago – ”os autores somente criam literaturas nacionais, pois em geral escrevem em seus idiomas” –, para comenta como se lê Machado em outros idiomas e quais são os desafios enfrentados na tradução de suas obras.
A mesa seguinte trata da questão racial na obra machadiana, já que, por décadas, gerações de leitores rejeitaram os seus livros acusando o autor de não se atentar à realidade brasileira e para a condição dos escravizados. Eduardo de Assis Duarte, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Fernanda Felisberto, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) falam sobre essa questão na obra de Machado e como deve se entender essa perspectiva na leitura de seus livros. A mediação é de Henrique Marques Samyn, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
No último dia de programação, quinta-feira, a primeira mesa traz o debate sobre Machado de Assis no sistema literário lusófono, uma vez que a primeira fase da projeção internacional de sua obra se deve à recepção portuguesa de sua poesia. Posteriormente, no século XX, os países africanos de expressão portuguesa recorreram à literatura brasileira como fonte de diálogo para se distanciar culturalmente da metrópole. Para comentar como os autores de países de língua portuguesa leram a obra machadiana, falam Regina Zilberman, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Viktor Mendes, professor da Universidade de Massachusetts Dartmouth (EUA). A mediação é de Lucia Granja, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A última mesa trata das perspectivas atuais e internacionais dos estudos machadianos, com Paulo Dutra, professor assistente da Universidade do Novo México, e Victoria Saramago é professora da Universidade de Chicago, ambos nos Estados Unidos. Com a mediação do jornalista e tradutor Felipe Lindoso, os convidados comentam se há uma diferença significativa entre a crítica machadiana produzida no Brasil e a realizada no exterior, levando em conta a crescente presença internacional de sua obra e sua valorização.
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