Artes Visuais

Galeria Lume abre Drama Dream,  uma história não linear de realismo mágico

Exposição reúne trabalhos do artista Bruno Vilela com imagens que são metáforas para o inconsciente do artista

Foto: Divulgação
Kali [deusa hindu da morte]. Bruno Vilela, 2022

Na exposição “Drama Dream”, que estreia sábado, 24 de setembro, na Galeria Lume, o artista plástico pernambucano Bruno Vilela apresenta uma série de trabalhos inéditos, que transitam na tríplice fronteira entre arte, psicanálise e espiritualidade.

A mostra contempla um total de 12 obras, sendo seis pinturas a óleo em grandes formatos, dois desenhos, três fotografias (sendo dois backlights e uma foto com intervenção de nanquim), e uma cortina de veludo pintada.

Cada uma das obras tem uma narrativa própria, mas, o conjunto conta uma história não linear de realismo mágico, onde o espaço expositivo da galeria é como um grande livro.

As telas foram preparadas com folhas douradas e prateadas, e aplicação de serigrafia com tinta acrílica. As imagens que surgem são como metáforas do inconsciente. “Drama Dream nasceu de uma vontade antiga de fotografar as cenas que vêm para mim nas noites de sono.

O mundo dos sonhos é fonte de estudos de diversos psicanalistas. Freud e Jung foram a fundo nesse universo e é de lá que podemos analisar nosso inconsciente através da interpretação dos enredos e imagens que lembramos ao acordar”, explica o artista.

A partir da recordação e meditação sobre essas imagens, uma espécie de “estado de sonho” surge, e eu passo a ser um agente ativo nesse universo. É nesse instante que os personagens oníricos passam a habitar o universo digital, gráfico, da impressão serigráfica, através da pintura a óleo, analógica e orgânica, conclui ele.

Assinado pela psicanalista Ticiana Porto, o texto curatorial chama a atenção para a “luminância do breu”, a luz que o artista joga sobre aquilo que até então estava no escuro, em um campo desconhecido. DRAMA DREAM materializa o “estado de sonho” do artista, que traz à tona imagens de seu inconsciente, reminiscências que pairam em sua mente ao despertar de uma noite de sono. O fechamento dessa trindade ocorre na integração — palavra-chave de Drama Dream — dos elementos que conectam personagens e espaço.

No dia 5 de novembro, data de encerramento da exposição, o artista fará o lançamento do livro “A persistência da luz” — um levantamento completo da produção de uma carreira de quase 3 décadas —, e acontecerá, na Galeria Lume, uma palestra sobre a mostra com a curadora Clarissa Diniz. O livro estará à venda na Galeria Lume, nas redes sociais de Bruno Vilela e nas principais livrarias do Brasil pelo valor de R$ 150,00. 

As obras  

Kali é a deusa hindu da morte. Surge também numa escavação arqueológica, separada por um rio, que nos mostra do outro lado uma usina nuclear. Máquina e carne separados pelo rio da vida. Kali vem para cortar a cabeça que, sedenta de desejos sem fim, nos afasta da integração, da nossa essência. 

O teosofista é o retrato de Van Gogh. Uma metáfora do alquimista, do mago, do mensageiro que faz a ponte entre esses dois mundos. O xamã. Exu, Hermes Trismegistos e Mercúrio. O pontífice e o mensageiro. É o artista.

O oráculo da noite é uma visão do Drácula no mundo dos sonhos. Ele traz a noite. A abóbada celeste num arco de cores. Todo o espectro de tons, do ultravioleta ao infravermelho. Nos cantos opostos de um vaso chinês (oriental), e de um vaso grego (ocidental), brotam também flores. Consciente e inconsciente vibrando numa nova realidade chamada trindade.

As fotografias O espírito do lago e Vishnu resgata Oxum são uma relação direta com o cinema. Temos uma locação, direção de arte, de objetos, maquiagem, o ator, mas tudo para um único frame. As fotos são instaladas em backlights, o que reforça essa característica de imanência do cinema através da luz.