A nova exposição nasce da vontade de preservar a memória do que se passou de 1964 a 1985, servindo assim como um instrumento para superar problemas herdados da ditadura.
“Eu sempre fiquei pensando nessa coisa: a vida se impõe. E de repente é uma verdade, de repente nós estamos numa ditadura, meu marido pode ser preso, pode ser torturado. E no entanto eu estou vivendo, cuidando dos meus filhos, do jantar, vou no supermercado. A vida se impõe.”
Essa frase dita por Walderez de Barros integra a mais nova exposição virtual do Museu da Pessoa:
Ditadura: cotidianos e heranças Link que está no ar desde 15 de setembro, no Dia Internacional da Democracia, e fica em destaque até dia 30 de novembro.
Em 2022, com a necessidade de defender a democracia, as vinte histórias de vida da exposição surgem como uma referência para entender o que o país herdou dos 21 anos do governo militar de 1964. A exposição apresenta experiências subjetivas a respeito de como é viver num regime autoritário, em período de interrupção e regressão de acesso à direitos humanos, civis, políticos e sociais.
Na nova exposição é possível encontrar trechos que emanam lutas e movimentos pouco explorados e/ou divulgados no período: movimentos sociais negro, LGBTQIAP+ (à época nomeado “GLS”), feminino, de bairros, do campo e regiões menos favorecidas dos centros urbanos.
Ditadura: cotidianos e heranças conta com a curadoria de Mauro Malin, jornalista e sócio-fundador do Museu da Pessoa, Karen Worcman, fundadora e diretora do Museu e Lucas Torigoe, coordenador de pesquisa da instituição.
“A preservação da memória do que aconteceu no Brasil entre 1964 e 1985 é um instrumento para superar problemas herdados da ditadura. Para tratar do tema, buscamos apresentar o cotidiano de diversos brasileiros durante aquele período, baseando-nos nas histórias de vida do acervo do Museu da Pessoa. Organizamos 20 relatos em 10 eixos temáticos, indo da violência do Estado às migrações forçadas, da saúde à devastação ambiental, passando ainda por movimentos de resistência. São um roteiro possível para entender e combater as desigualdades que caracterizam o Brasil aos 200 anos de sua existência como nação independente, e compreender o papel da ditadura na manutenção desse processo”, contextualiza Mauro Malin.
Masterclass e PDF Educativo
Além da exposição, serão lançados dois produtos com a temática: uma Masterclass e um PDF Educativo. Ambos materiais podem ser acessados pelo público em geral e trabalhados em sala de aula, com foco para alunos de 8º e 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio.
A Masterclass é uma co-realização da produtora audiovisual Navega -- representada pelo cineasta Marco Del Fiol -, o Museu da Pessoa e o coletivo Quebrada Cult, representado por Vinaum, estudante de Filosofia (UNICAMP) e pesquisador em Filosofia Política, e Audino Vilão, estudante de História (Anhanguera).
Já o PDF de apoio para alunos e professores contém reflexões em torno das pautas levantadas na exposição virtual e na masterclass e conteúdos adicionais e complementares como artigos, livros, filmes, podcasts e músicas. É uma co-realização do Museu da Pessoa com o Quebrada Cult, representado desta vez por Layne Gabriele, formada no Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), graduanda de Letras (UNICAMP) e pesquisadora na área de psicolinguística, e Matheus Passos, vulgo Titeu, estudante de História (UFBA) e pesquisador na área de História das Religiões.
Parcerias
A exposição é uma realização do Museu da Pessoa em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, o Instituto dos Estudos Avançados da USP (IEA), o coletivo Quebrada Cult e a produtora audiovisual Navega.
Este trabalho recebeu apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo por meio de emenda parlamentar destinada pelo Vereador Eduardo Suplicy.
Relização: Instituto Vladimir Herzog e Museu da Pessoa
Onde: Museu da Pessoa, SP
Endereço: Rua Natingui, 1100, Vila Madalena, SP
Dias: 15 de setembro a 30 de novembro
Link da exposição:Link
Mais informações: Link
Sobre o Instituto Vladimir Herzog-IVH
Organização sem fins lucrativos, fundada em junho de 2009, para reiterar o compromisso do jornalista Vladimir Herzog - assassinado em 1975 por agentes do Estado, durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) - com os valores mais altos da humanidade, implementando ações destinadas a preservar a Memória brasileira, promover o respeito aos Direitos Humanos e incentivar as boas práticas do Jornalismo. Nossa missão é contribuir para o engajamento da sociedade em uma cultura de Justiça, Democracia, Direitos Humanos e Liberdade de Expressão.
Sobre o Museu da Pessoa
O Museu da Pessoa Link é um museu virtual e colaborativo fundado em São Paulo em 1991 com o objetivo de registrar, preservar e transformar histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. O Museu da Pessoa conta com um acervo de mais de 18 mil depoimentos em áudio, vídeo e texto e cerca de 60 mil fotos e documentos digitalizados de brasileiros e brasileiras de todas as regiões, idades, classes e atividades.