A internet móvel de quinta geração (5G) será ativada na cidade de São Paulo na quinta-feira (4 de agosto), nove anos depois da chegada da tecnologia antecessora, o 4G.
A informação foi antecipada para o Estadão/Broadcast pelo conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Moisés Queiróz Moreira, que preside o grupo responsável pela limpeza da faixa por onde vão transitar os sinais de internet.
Na sexta-feira (29 de julho), três capitais, Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Porto Alegre (RS), receberam a tecnologia 5G. Brasília (DF) foi a primeira cidade do país a receber a quinta geração da internet móvel, e todas as capitais devem contar com a nova tecnologia até o dia 29 de setembro, de acordo com o cronograma da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O prazo anterior era 31 de julho, mas foi alterado porque a faixa de 3,5 Ghz está passando por uma limpeza, a fim de evitar interferências no tráfego dos sinais de TV captados por antenas parabólicas.
A Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) acompanha o processo da chegada do 5G ao país desde o início, dando apoio principalmente aos municípios, que precisam alterar as legislações ultrapassadas para permitir a instalação das novas antenas necessárias à nova tecnologia.
Luciano Stutz, presidente da Abrintel, conversou com o Brasil61.com sobre o andamento da implementação da internet móvel de quinta geração e as perspectivas de instalação nas demais capitais brasileiras. Stutz também fala sobre os cuidados que os usuários devem ter ao se deparar com a nova tecnologia.
Confira a entrevista com ?Luciano Stutz, presidente da Abrintel
A Abrintel acompanha desde o início o processo da chegada do 5G, principalmente ajudando na reformulação das legislações municipais defasadas e que atrapalhariam a instalação das antenas necessárias para a internet móvel de quinta geração. O prazo estipulado pela Anatel para que o 5G chegue a todas as capitais do país, que era até o fim de julho, foi prorrogado até o dia 29 de setembro. Mesmo com o prazo estendido, como nós estamos em relação à instalação do 5G no país?
“Estamos bem nesse período de julho e explico o porquê. Primeiro é preciso dizer que o cronograma da Anatel foi adiado por 60 dias. O prazo para implantação do 5G nas capitais passou para 29 de setembro. Isso não tem nada a ver com velocidade de implantação, mas muito por conta das providências de mitigação de interferência que a Agência está coordenando, distribuindo filtros de parabólica de TV aberta para quem tem o CadÚnico. Até agora, o que nós podemos dizer é que nós vimos bem. Alguns aspectos eu gostaria de destacar. Primeiro, na implantação física. As antenas estão sendo colocadas, a maioria das capitais já está vendo as antenas sendo colocadas para promover essa cobertura até o dia 29 de setembro, e também quero ressaltar o compromisso que nós tivemos desde o começo, da Abrintel, com a reformulação de leis municipais. As principais capitais brasileiras que tinham uma legislação defasada já corrigiram seu problema e hoje estão no caminho, com a legislação bem sedimentada e que permite a implantação das novas antenas.”
À medida que o 5G chega às capitais, os usuários também precisam realizar alguma mudança junto à operadora? O celular também precisa ser diferenciado?
: “É importante dizer que você usar a tecnologia 5G depende primeiramente do seu smartphone. O seu aparelho tem de ter acesso a essa tecnologia. Se você está hoje, por exemplo, em Brasília, e já vê aparecer no seu smartphone ‘5G’ no topo do aparelho, é porque ele funciona na rede 5G. O segundo passo é entrar em contato com a operadora, porque aí vai fazer parte da opção comercial de cada operadora como é que ela vai liberar o seu usuário para fazer uso do plano de serviço com o 5G. Provavelmente as operadoras não vão cobrar qualquer adicional e deixar seus usuários utilizarem o 5G, mas outras podem, e isso é permitido, cobrar, por exemplo, um plano de serviço diferente para o 5G. Até agora não vi nada nesse sentido, com plano diferente do 4G. Se a estratégia das operadoras for a mesma, provavelmente você vai detectar o 5G no seu aparelho e a partir de então fazer uso da nova tecnologia.
Além do aparelho utilizado e da velocidade 100 vezes mais rápida que o 4G, tem alguma outra mudança que o usuário vai sentir?
“À medida que você usar o 5G, tem que ficar ligado no tamanho do pacote de dados. Como a velocidade é muito mais alta, o consumo de dados costuma ser mais muito rápido. Ou seja, se para baixar um filme no 4G demorava 25 minutos, um filme de 2 gigabytes, agora vai levar cerca de 25 segundos. Em 25 segundo você vai gastar o número de dados que você levava 25 minutos para gastar, então, o seu plano de dados contratado, que é por capacidade, ele pode se esvair de maneira muito mais rápida e o consumidor precisa ficar ligado nesse consumo.”
Em Brasília, apenas o centro recebeu essa cobertura de 5G, e não todas as cidades do Distrito Federal. A periferia das capitais, ou seja, as pessoas que moram perto, vão se beneficiar de uma internet mais rápida quando?
“Aí vai ser por interesse comercial das operadoras. Conforme for surgindo demanda, as pessoas tendo aparelhos com 5G, e demandarem consumo, essa cobertura vai aumentando para chegar nessas localidades. As periferias das grandes cidades, e aí não sou eu que estou dizendo, é uma filosofia de política pública, é primeiro tentar fazer uma cobertura de 4G de 100%. Você bem sabe que nas cidades satélites, alguns trechos, como é a realidade de bairros de São Paulo, bairros do Rio de Janeiro e de outras regiões metropolitanas do Brasil, ainda dependem de uma cobertura efetiva de 4G. Então, a primeira meta imposta pela Anatel é levar 5G para as capitais brasileiras, mas 7 mil localidades aproximadamente no Brasil, que hoje não tem 4G, afastados dos distritos sedes dos municípios, estão ganhando cobertura de 4G também para massificar essa cobertura. Isso é aumentar a inclusão digital, diminuir desigualdade social. Essa é a meta. Você vai ver primeiro aumentar a mancha de 4G na cidade satélite e depois, então, essa mancha de 5G, alcançar as cidades mais periféricas. Isso é o que vai acontecer certamente.”