No dia 08 de março, o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher. O que com o tempo se tornou um dia de comemoração, de ganhar flores e mensagens de afeto é, na realidade, um dia de reflexão e de contínua luta pela manutenção ou conquista de direitos. E isso não é obra do acaso. As origens da escolha inicial da data são permeadas por muitas histórias e, de acordo com pesquisadoras feministas, escondem muito da articulação de movimentos feministas de trabalhadoras do começo do século XX.
O primeiro registro de que se tem notícia é de 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres na Dinamarca, quando a ativista Clara Zetkin propôs que trabalhadoras de todo o mundo se organizassem em torno da demanda pelo voto feminino. Em 1911, no dia 25 de março, um incêndio em uma fábrica têxtil nova-iorquina matou 146 trabalhadores, entre eles, 125 mulheres, muitas delas imigrantes judias e italianas. O incidente, que matou mulheres de 13 a 23 anos, uniu as estadunidenses em torno de um conjunto de demandas por melhores condições de trabalho.
Desde então, os movimentos feministas pelo mundo passaram por vários momentos de atualização de suas pautas. Aos poucos, as conquistas chegaram, ainda que não em todos os territórios: direito de votar e ser votada em uma eleição; o direito à contracepção; o fim da tutoria do marido sobre viagens e gestão de herança; o direito ao divórcio ou a trabalhar. Dos movimentos indígenas canadenses à luta boliviana contra a privatização da água; das revoltas feministas em Paris, em maio de 1968, às Mães de Maio brasileiras; dos grupos de mulheres moçambicanas e quenianas contra o colonialismo europeu, ao exército feminino curdo que enfrentou o autoproclamado Estado Islâmico...
O que todos esses casos têm em comum? Exigir mudanças, refletir sobre velhos problemas e redesenhar estratégias de sobrevivência para que as novas gerações tenham menos dificuldades. Inspiradas nessas mulheres que vieram antes de nós, decidimos neste 8 de março de 2022 pensar em alguns dos desafios da atualidade, como equidade de gênero no mercado, a construção de redes de apoio e o combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
Como andam as redações e agências de publicidade para as mulheres? De acordo com o Meio & Mensagem, embora muitas atuem em agências hoje, ainda existe um reduto altamente masculino na área de criação: em grandes agências brasileiras a presença feminina é, em média, inferior a 20%. No jornalismo, em 2018, o grupo de pesquisa Gênero e Número e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) apresentaram um estudo inédito sobre a situação das jornalistas: 83,6% das entrevistadas relataram sofrer violência psicológica no trabalho e 86% enfrentaram algum tipo de discriminação de gênero na hora de crescer profissionalmente.
Diante desses indicativos, quais estratégias de solidariedade estão sendo aplicadas por essas mulheres no ambiente de trabalho? Quais são as nossas revoluções diárias? Quais projetos têm fortalecido grupos inteiros para a construção de espaços respeitosos e autônomos?
Na esperança de debatermos possíveis respostas para as perguntas acima, organizamos o evento “Machismos e a importância da sororidade no mercado de trabalho” que acontecerá no dia 8 de março de 2022, com organização das professoras doutoras do CCL Mirtes de Moraes, Patrícia Paixão e Vanessa Oliveira e mediação das alunas Ana Luiza Sanches (Jornalismo) e Julia Machado (Publicidade).
Vanessa de Oliveira é professora do curso de Jornalismo no Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).