Brasil / Saúde

Covid mata um jornalista por dia

Já são 213 profissionais mortos, no Brasil

Foto: Jorge Maya/Unsplash/Creative Commons
As mortes estão acima do que revelam as estatísticas

Levantamento que vem sendo realizado pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) mostra que a covid-19 está matando um jornalista por dia no Brasil.

Entre janeiro e abril de 2021, a categoria assistiu a perda de 124 profissionais para a doença, uma média de 31 por mês, bem acima da verificada em 2020, que foi de 8,3 mortes. No total, já são 213 profissionais mortos. 

Os números fazem parte do “Dossiê Jornalistas Vitimados pela Covid-19”, documento elaborado pela Federação com a ajuda dos sindicatos de todo o país.

Na Bahia, levantamento do Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas da Bahia) mostra que mais de 350 contraíram a doença, com o registro de oito mortes.

O presidente da entidade, Moacy Neves, considera que estes dados não mostram ainda a situação real. “A pesquisa está em andamento, inclusive coletando e apurando dados anteriores e todos os dias incluímos novas informações ao dossiê”, informa ele. 

Até março de 2021 o Brasil ostentou a primeira posição no mundo em mortes de jornalistas pelos efeitos do coronavírus. No mês, um em cada três profissionais mortos no mundo estava no país. Foi superado a partir de abril pela India, nação com uma população 6,6 vezes maior que a nossa.

A Informação está em um levantamento feito pela ONG Press Emblem Campaign, entidade com sede em Genebra (Suíça), que vem acompanhando os casos de covid-19 no segmento da imprensa em todo o mundo. 

Mortes cresceram 124% no setor

Outro estudo publicado este mês pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), “Boletim Emprego em Pauta”, chama comprova que as mortes no setor de comunicação estão acima do que aparece nas estatísticas.

Para organizar o boletim a organização apurou os dados do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), divulgados pela SEPRT-ME (Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia do Ministério da Economia) e revelou uma situação dramática. 

No 1º trimestre de 2020 foram registrados 194 desligamentos por morte de profissionais no setor de Informação e Comunicação. Quando se olha para os números do 1º trimestre de 2021, verifica-se que as mortes saltaram para 435, um crescimento de 124,2%. 

Na página 5 do estudo, a tabela “Número de Desligamentos por Morte no Emprego Celetista – 1º trimestre de 2020 a 1º trimestre de 2021 – Brasil” mostra que só os campos “médicos” e trabalhadores do ramo de “eletricidade/gás” registraram mais desligamentos por morte que o setor de “Informação/Comunicação”. 

“Olhando o que aconteceu no Brasil neste intervalo de um ano entre o fechamento do 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021 podemos afirmar que o único motivo que justifica tamanho avanço é a Covid-19”, destaca o presidente do Sinjorba.

Para Moacy Neves, isso aconteceu porque após o arrefecimento da pandemia em outubro e novembro de 2020, os jornalistas que trabalharam em home office a partir de março foram convocados de volta ao trabalho. “Quando a segunda onda chegou no início do ano, apanhou a categoria desprotegida, cumprindo pautas nas ruas ou em redações e estúdios fechados”, conclui ele.

Nesta quinta-feira (20 de maio), o Sinjorba terá audiência online com o GT Coronavírus do Ministério Púbico da Bahia. O órgão questionou a decisão da Comissão Intergestores Bipartite, que na terça-feira (18) aprovou a inclusão dos jornalistas/radialistas da linha de frente nas prioridades do plano de imunização.

“Pedimos este encontro com o MPE para explicar os números que justificaram o pleito de prioridade feito pelo Sinjorba aos gestores de saúde na Bahia”, diz Moacy. Ele explica que o pedido foi feito no estado porque o governo federal sequer respondeu ao ofício que a entidade protocolou em março passado.