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Sinagogas são atacadas em Israel e tropas se posicionam na fronteira

Os Estados Unidos estão despachando um enviado

Soldados israelenses se dirigem à Faixa de Gaza

Tropas israelenses se concentraram na fronteira de Gaza nesta quinta-feira (13) e militantes palestinos atingiram Israel com foguetes em hostilidades intensas que desencadearam choques entre judeus e árabes em Israel e causam preocupação internacional.

Dias de violência entre judeus israelenses e a minoria árabe do país se agravaram de madrugada, quando sinagogas foram atacadas e confrontos ocorreram nas ruas de algumas comunidades.

Diante do receio crescente de que a violência que veio à tona na segunda-feira (10) fuja de controle, os Estados Unidos estão despachando um enviado, Hady Amr, à região, mas os esforços para encerrar as piores hostilidades em anos não parecem ter feito progresso até agora.

Em novos ataques aéreos em Gaza, Israel atingiu um edifício residencial de seis andares na Cidade de Gaza que disse pertencer ao Hamas, o grupo islâmico que comanda o enclave

Ao menos 83 pessoas foram mortas em Gaza desde que a violência se agravou na segunda-feira, disseram médicos, pressionando ainda mais hospitais já sob grande estresse em meio à pandemia de covid-19.

"Estamos enfrentando Israel e a covid-19. Estamos entre dois inimigos", disse Asad Karam, um operário de construção de 20 anos, na lateral de uma rua danificada durante os ataques aéreos - um poste de eletricidade caiu e os fios se romperam.

Nos ataques de foguetes mais recentes dos palestinos, um foguete atingiu um edifício próximo da capital comercial israelense de Tel Aviv e feriu cinco israelenses, informou a polícia. Sirenes foram acionadas em cidades de todo o Sul de Israel, fazendo milhares correrem para abrigos.

Sete pessoas foram mortas em Israel, disseram seus militares.

"Israel está sob ataque. É uma situação muito assustadora", disse Margo Aronovic, uma estudante de 26 anos, em Tel Aviv.

Caça
Caça decola para ataque a posições palestinas

Israel colocou tropas de combate de prontidão ao longo da fronteira com Gaza e está em "vários estágios de preparação de operações terrestres", disse um porta-voz militar, uma medida que lembra incursões semelhantes durante as guerras entre Israel e Gaza em 2014 e entre 2008 e 2009.

Autoridades de saúde de Gaza disseram estar investigando as mortes de várias pessoas de madrugada que disseram ter inalado gás venenoso. Amostras estão sendo examinadas, e eles ainda não chegaram a nenhuma conclusão definitiva.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu "continuar agindo para atingir as capacidades militares do Hamas" e de outros grupos de Gaza.

A troca de hostilidades entre Israel e o grupo palestino Hamas, que controla Gaza, foi intensificada nesta terça-feira (11), com bombardeios aéreos para os dois lados, em um dia que lembrou o último grande conflito entre as duas partes, em 2014. Em dois dias, 30 palestinos e três israelenses morreram.

Um prédio residencial de 13 andares em Gaza desabou após um entre dezenas de ataques aéreos de Israel. No meio da noite, moradores da Faixa de Gaza disseram que sentiram suas casas estremecendo e viram o céu se iluminar com ataques quase constantes de Israel. 

Os israelenses correram para se abrigar em comunidades a mais de 70 km acima da costa em meio a sons de explosões de mísseis interceptores israelenses. Israel disse que centenas de foguetes foram disparados por grupos militantes palestinos.

O conflito entre Israel e as facções de Gaza foi provocado pelo choque entre palestinos e a polícia de Israel na Mesquita de al-Aqsa em Jerusalém na segunda-feira (10).

Mesmo antes de disparos enviados em retaliação pela destruição do prédio, que continha um escritório civil do Hamas, Israel reportou que 480 foguetes haviam sido disparados além da fronteira por grupos militantes palestinos, o que fez comunidades israelenses inteiras correrem para buscar proteção em abrigos anti-bombardeio.

Não parecia haver fim iminente para a violência. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que os militantes pagariam um preço "muito alto" pelos foguetes, que alcançaram os arredores de Jerusalém na segunda-feira durante um feriado em Israel em comemoração à captura de Jerusalém Oriental em uma guerra de 1967.

"Estamos no auge de uma campanha de peso", disse Netanyahu em comentários televisionados ao lado de seu ministro da Defesa e chefe militar.

A Casa Branca condenou os ataques de morteiros e disse que Israel tinha um direito legítimo de se defender, mas afirmou que o principal foco dos Estados Unidos era na desaceleração do conflito.


Soldados israelenses preparam munição contra bases do Hamas

A Organização das Nações Unidas está "profundamente preocupada" com o aumento da violência em Israel e nos territórios palestinos ocupados, declarou um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

"Condenamos toda a violência e toda a incitação à violência, assim como as divisões étnicas e as provocações", declarou Rupert Colville durante entrevista coletiva em Genebra (Suíça), no momento em que a região registra a pior escalada em anos, desencadeada pela violência em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada.

Sobre os confrontos na Esplanada das Mesquitas, o porta-voz considerou que as forças de segurança israelenses "claramente não respeitaram nos últimos dias" a sua obrigação de responder de forma proporcionada e de garantir o direito de reunião pacífica.

Acrescentou que os disparos de foguetes a partir da Faixa de Gaza contra Israel "estão estritamente proibidos pelas leis humanitárias internacionais e devem parar imediatamente".