Tecnologia

LG deixa o mercado de celulares após prejuízos em todo o mundo

Os prejuízos acumulados são da ordem de US$ 4,1 bilhões

Foto: Divulgação
A empresa ainda tinha importância no mercado brasileiro

Terceira maior fabricante de smartphones do Brasil, a sul-coreana LG anunciou na segunda-feira, 5, que vai abandonar a produção de celulares em todo o mundo, alegando prejuízos acumulados da ordem de US$ 4,1 bilhões ao longo de quase seis anos. A notícia já era esperada pelo mercado, que desde janeiro aguarda a oficialização da decisão da empresa.

"Depois de avaliar todas as possibilidades para o futuro do nosso negócio de celulares, o headquarter (matriz) global decidiu fechar esta divisão, a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico", disse a LG Brasil em declaração à imprensa.

Desde o fim do ano passado, rumores davam conta de que a companhia pretendia vender a divisão de celulares - o que não se concretizou. A empresa, porém, continuará nos segmentos de TVs e monitores, produtos de áudio, eletrodomésticos e soluções telas corporativas.

Apesar de ter saído do radar de muitos consumidores, a empresa ainda tinha importância no mercado brasileiro. Segundo o Estadão apurou com fontes do mercado, a marca no País ampliou a fatia no mercado de smartphones e totalizou 12% em 2020, atrás apenas da Samsung e Motorola.

As fontes esperam que outras participantes abocanhem a fatia da LG e cresçam em participação neste ano, sem haver uma redução do mercado. Marcas menores, como Asus, TCL e Positivo, podem se beneficiar nesse movimento.

Como consequência da desistência da LG, toda a linha de lançamentos de novos smartphones da casa, incluindo o modelo dobrável LG Rollable, mostrado em janeiro durante a feira CES, deve ser interrompida e não chegará às prateleiras das lojas. Outros negócios mundiais da empresa, como baterias e componentes automotivos, deverão ser o foco e devem absorver os trabalhadores da divisão de smartphones para que não sejam demitidos.

No Brasil, no entanto, o cenário é incerto. Produtora de monitores e celulares, a fábrica da LG no País, localizada em Taubaté (SP), abriga cerca de mil funcionários, sendo 400 deles trabalhadores diretos na produção que está sendo encerrada, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau).

Devido aos rumores de que a sul-coreana fecharia a divisão de celulares, os trabalhadores brasileiros decretaram "estado de greve" em 26 de março para pressionar a fábrica sobre o futuro da instalação - "estado de greve" não é a paralisação dos trabalhos, e sim "um alerta", explicou o sindicato ao Estadão. O Sindmetau tem reunião marcada com a LG para hoje.

Greve

Os trabalhadores da Sun Tech, em São José dos Campos, da Blue Tech e da 3C, ambas em Caçapava, entrarão em greve também hoje - as três empresas são fornecedoras da LG e os funcionários querem preservar seus direitos.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a medida deve fechar 430 postos de trabalho nas fornecedoras, sendo a maioria ocupada por mulheres. "O Sindicato lutará pela manutenção dos postos de trabalho. Caso se consolide o fechamento das fábricas, a entidade reivindica que todos os direitos pagos aos trabalhadores da LG sejam estendidos às funcionárias das fornecedoras", diz nota. Sobre os funcionários, a LG disse que está analisando "todas as possibilidades", como realocação, transferência ou rescisão.

O Procon-SP também pediu explicações. O órgão quer que a LG preste esclarecimentos sobre o encerramento da operação e sobre o impacto de sua saída sobre garantia e assistência técnica. O Procon-SP quer informações sobre planos de atendimento aos consumidores que já possuem os celulares da LG, para procedimentos de reparos e reposição de peças. A LG tem até o dia 9 de abril para responder.