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Pesquisadores brasileiros conseguem eliminar HIV de paciente

Estudo da Unifesp é 1º do mundo a eliminar vírus sem transplante

Foto: Sergio Dazzi/Unifesp/Divulgação
Infectologista Ricardo Diaz
Infectologista Ricardo Diaz liderou pesquisa da Unifesp sobre HIV

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apresentaram nesta terça-feira (07) os resultados de um estudo global sobre o HIV e anunciaram a cura de um homem de 34 anos da doença apenas com o uso de medicação.

O feito foi anunciado durante a 23ª Conferência Internacional de Aids, o maior evento do tipo do mundo, e detalhou a descoberta brasileira.

O homem de 34 anos se infectou com o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) em 2012 e seguiu com o tratamento com o coquetel de medicamentos tradicional.

Em 2015, a participar da pesquisa que contou com 30 pessoas, o grupo em que ele estava (eram seis pessoas no total) começou a tomar outras duas drogas - maraviroc e dolutegravir - e "duas substâncias que potencializam o efeito dos medicamentos: a nicotinamida, uma das duas formas da vitamina B3; e a auranofina, um antirreumático [...] que deixou de ser utilizado há muitos anos para tratar a artrite e outras doenças reumatológicas".

Além disso, todos mantiveram o uso do coquetel tradicional. Segundo a Unifesp, a maraviroc é uma substância "que força o vírus a aparecer", e o dolutegravir é a droga mais forte atualmente disponível no mercado. Já a nicotinamida "mostrou ser capaz de impedir que o HIV se escondesse nas células" e a auranofina "revelou potencial para encontrar a célula infectada e levá-la ao suicídio".

Os especialistas, liderados pelo diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina, o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, queriam assim aumentar a capacidade do corpo de combater o vírus. O rapaz passou pelo tratamento por um ano e, há 14 meses não registra mais o HIV.

Os outros cinco pacientes que receberam a mesma combinação de drogas do homem que se curou ainda aguardam os resultados.

"Somente após as análises de sangue e das biópsias do intestino reto desses pacientes vacinados é que partiremos para o desafio final: suspender todos os medicamentos de um deles e acompanhar como seu organismo irá reagir ao longo dos meses ou, até mesmo, dos anos. Caso o tempo nos mostre que o vírus não voltou, aí sim, poderemos falar em cura", destacou Diaz.

Esse é o terceiro caso de cura de HIV já registrado no mundo, mas o primeiro a ser atingido sem o transplante de células-tronco ou de medula óssea.