Um experimento conduzido na Estação Espacial Internacional (ISS) conseguiu criar o quinto estado da matéria, o chamado "condensado de Bose-Einstein" (BEC).
Previsto pelo alemão Albert Einstein e pelo indiano Satyendra Nath Bose há quase um século, esse estado aparece em temperaturas próximas do "zero absoluto" (-273,15ºC), quando os átomos se movem mais como ondas do que como partículas.
A pesquisa foi coordenada por Robert Thompson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), e publicada na revista Nature. O quinto estado da matéria foi obtido em um dispositivo levado para a ISS em 2018, o "Laboratório de Átomo Frio" (CAL, na sigla em inglês).
Como os BECs são extremamente frágeis, basta a menor interação com o mundo externo para esquentá-los, o que torna quase impossível estudá-los na Terra. "A microgravidade nos permite confinar átomos com forças muito mais fracas, já que não precisamos colocá-los contra a gravidade", disse Thompson à agência AFP.
Segundo o estudo, os BECs reproduzidos na Terra duram apenas alguns milissegundos antes de se dissipar. Na ISS, no entanto, o quinto estado da matéria resistiu por mais de um segundo, oferecendo aos cientistas uma oportunidade sem precedentes de estudar suas propriedades.
Para alcançar esse resultado, os pesquisadores resfriaram bósons quase até o zero absoluto usando lasers para mantê-los no lugar. Quanto menos os átomos se movem, mais frios eles se tornam, e, à medida em que perdem calor, um campo magnético é introduzido para impedi-los de se movimentar.
No momento em que essa armadilha magnética é liberada para que os cientistas estudem o condensado, os átomos começam a se repelir, dissipando o estado. O resultado do estudo pode abrir caminho para testes da teoria da relatividade geral e pesquisas sobre a energia escura e ondas gravitacionais.