Festival discute derramamento de petróleo e novas formas de trabalho em sessões seguidas de debate
Filmes abordam questões polêmicas como a saúde na Venezuela, o desastre de Chernobyl, a organização dos trabalhadores rurais nos EUA e o lixo eletrônico em Gana
Entre os dias 5 e 11 de dezembro, Salvador receberá pela primeira vez a itinerância da Mostra Ecofalante de Cinema, festival considerado o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado à temática socioambiental.
Realizado na Sala Walter da Silveira, o evento contará com 12 filmes de diversos países, trazendo reflexões sobre temas urgentes ligados a questões socioambientais contemporâneas, como o desconhecido transporte global marítimo e suas consequências para os oceanos e ao meio ambiente como um todo, as mudanças no mundo do trabalho e a uberização, a situação do sistema de saúde na Venezuela atual ou da epidemia de Ebola em Serra Leoa, o desastre de Chernobyl, a organização dos trabalhadores rurais nos EUA e o lixo eletrônico em Gana. Todas as sessões são gratuitas e abertas ao público.
Festival pauta derramamento de petróleo em debate sobre transporte global marítimo
Além das exibições de filmes, serão realizados dois debates. No dia 5 de dezembro, quinta-feira, a sessão do filme “O Custo do Transporte Global” (Espanha/França, 2016, 83') será seguida de um debate com Eduardo Mendes da Silva, professor do Instituto de Biologia da UFBA. O documentário apresenta uma audaciosa investigação sobre o transporte marítimo de mercadorias e aborda os custos ambientais e sociais por trás dessa indústria, como as consequências na vida marinha, as condições de trabalho nas embarcações e a poluição dos oceanos.
Festival discute novas formas de trabalho com filme e debate sobre a uberização
Já na sexta-feira, dia 6, haverá um debate após a exibição do filme “GIG - A Uberização do Trabalho” (Brasil, 2019, 60’), com Bruno Durães e Graça Druck, integrantes do Centro de Estudos e Pesquisas e Humanidades (CRH/UFBa). O documentário, que venceu o Prêmio do Público na 8ª Mostra Ecofalante, aborda o crescimento do trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais. Conhecido como “gig economy” ou “uberização”, esse fenômeno vem despertando debates sobre a precarização e a intensificação do trabalho.
O filme vencedor do Prêmio do Júri na Competição Latino-Americana também será exibido nesta itinerância: o documentário “Está Tudo Bem” (Venezuela/Alemanha, 2018, 70’), que aborda a falta de medicamentos no centro da crise do sistema de saúde na Venezuela. Na temática “saúde”, teremos também “Ebola: Sobreviventes” (EUA, 2018, 83’). Através das lentes de um cineasta serra-leonês, o filme segue as histórias de três personagens no centro da epidemia de Ebola na Serra Leoa, uma das mais graves crises de saúde pública dos últimos tempos.
Destacam-se ainda “Bem-Vindo a Sodoma” (Áustria, Gana, 2018, 92’), que retrata um dos lugares mais contaminados do planeta: Agbogloshie, em Gana, o maior depósito de lixo eletrônico do mundo; e “Idade da Água” (Brasil, 2018, 82’), de Orlando Senna, que traz um alerta sobre a questão da falta de água e sobre a cobiça internacional pela Amazônia, o maior reservatório de água doce do planeta.
Na temática “economia”, teremos “Golpe Corporativo” (Canadá/EUA, 2018, 90’), que retrata como corporações e bilionários gradualmente assumiram o controle do processo político nos EUA, e “Superalimentos” (Canadá, 2018, 70’), que aborda os fatos e mitos por trás de alimentos considerados “super-nutricionais” e revela o efeito cascata dessa indústria nas famílias de agricultores e pescadores mundo afora.
O desastre nuclear de Chernobyl é o tema de “O Suplício: Vozes de Chernobyl” (Luxemburgo/Áustria, 2015, 87'). Baseado no livro vencedor do prêmio nobel “Vozes de Tchernóbil - A história oral do desastre nuclear”, de Svetlana Alexievich, o filme traz relatos de testemunhas oculares, que falam sobre suas antigas vidas cotidianas e então da vida depois da catástrofe.
O documentário “Dolores” (EUA, 2017, 95') conta a história de Dolores Huerta, uma das mais importantes, embora pouco conhecidas, ativistas da história dos Estados Unidos. Co-fundadora da Farm Workers Union, ela contribuiu enormemente para a luta dos trabalhadores rurais, além da igualdade racial e paridade de gênero.
Em “A História do Porco (em Nós)” (Bélgica, 2017, 120’), o narrador nos leva em uma jornada centrada no porco, da pré-história ao presente e ao redor do mundo. Já “A Verdade sobre Robôs Assassinos” (EUA, 2018, 82’) é um filme revelador que toma incidentes em que robôs causaram a morte de humanos como uma janela para a automação global e suas consequências.
A itinerância da 8ª Mostra Ecofalante em Salvador é uma realização da Ecofalante em parceria com a Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural da Bahia, e tem apoio do Mercado Livre, da White Martins, da Kimberly Clark e da Pepsico.
Anote
8ª Mostra Ecofalante de Cinema - Itinerância Salvador
Data: 5 a 11 de dezembro
Local: Sala Walter da Silveira
Entrada gratuita
Programação – Salvador (BA)
05/12 (quinta-feira)
15h: Ebola: Sobreviventes (EUA, 2018, 83’ - dir. Arthur Pratt)
17h: O Custo do Transporte Global (Espanha/França, 2016, 83' - dir. Denis Delestrac)
*Sessão seguida de debate com Eduardo Mendes da Silva (UFBA), do Instituto de Biologia
06/12 (sexta-feira)
15h: A Verdade sobre Robôs Assassinos (EUA, 2018, 82’ - dir. Maxim Pozdorovkin)
17h: GIG - A Uberização do Trabalho (Brasil, 2019, 60’ - dir. Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício Monteiro Filho)
*Sessão seguida de debate com Bruno Durães (UFRB) e Graça Druck (UFBA), do Centro de Estudos e Pesquisas em Humanidades (CRH/UFBa)
07/12 (sábado)
15h: Idade da Água (Brasil, 2018, 82’ - dir. Orlando Senna)
17h: O Suplício: Vozes de Chernobyl (Luxemburgo/ Áustria, 2015, 87' - dir. Pol Cruchten)
09/12 (segunda-feira)
15h: Superalimentos (Canadá, 2018, 70’ - dir. Ann Shin)
17h: Golpe Corporativo (Canadá/EUA, 2018, 90’ - dir. Fred Peabody)
10/12 (terça-feira)
15h: Está Tudo Bem (Venezuela/Alemanha, 2018, 70’ - dir. Tuki Jencquel)
17h: Dolores (EUA, 2017, 95' - dir. Peter Bratt)
11/12 (quarta-feira)
15h: A História do Porco (Em Nós) (Bélgica, 2017, 120’ - Jan Vromman)
17h: Bem-Vindo a Sodoma (Áustria, Gana, 2018, 92’ - Florian Weigensamer, Christian Krönes)
Sinopses
A História do Porco (em Nós)
Bélgica, 2017, 120’ - Jan Vromman
Histórias e imagens de porcos estão presentes em todo o mundo. O animal causa repulsa e desejo. A maneira com que o tratamos reflete-se em nossa ação como 'seres humanos'. Poderia este animal glutão ser uma metáfora da nossa ganância infinita? O narrador nos leva em uma jornada centrada no porco, da pré-história ao presente e ao redor do mundo. Visitamos de laboratórios a museus, de matadouros a fazendas orgânicas. Vemos o que o homem faz com os animais e, em última instância, com o mundo. Poderia haver uma transição para um mundo menos ganancioso e mais respeitoso com os seres humanos, animais e meio ambiente?
A Verdade sobre Robôs Assassinos
EUA, 2018, 82’ - Maxim Pozdorovkin
Um filme revelador que toma incidentes em que robôs causaram a morte de humanos – desde uma fábrica da Volkswagen na Alemanha até um dróide policial em Dallas –, como uma janela para a automação global e suas consequências. Quando um robô mata um humano, de quem é a culpa? Quando se apropria de uma série de empregos, qual é o futuro do trabalho? Mas a maior ameaça que os robôs representam para a humanidade vai além da substituição do trabalho e até mesmo desses casos fatais. À medida em que nos ajustamos ao ritmo das máquinas, nossas capacidades se atrofiam, a conexão humana se enfraquece e se torna cada vez mais remota.
Bem-Vindo a Sodoma
Áustria, Gana, 2018, 92’ - Florian Weigensamer, Christian Krönes
“Sodoma é como uma Besta. Às vezes, você mata a Besta, às vezes a Besta mata você”. Agbogloshie, em Gana, é um dos lugares mais contaminados do planeta: é o maior depósito de lixo eletrônico do mundo. Cerca de seis mil mulheres, homens e crianças vivem e trabalham aqui. Eles o chamam de SODOMA. Todos os anos toneladas de computadores, smartphones, tanques de ar condicionados e outros dispositivos de um distante mundo eletrônico e digitalizado terminam aqui. Ilegalmente. As vozes intimistas dos vários protagonistas permitem uma visão profunda da vida e do trabalho neste local. Se todos aqui estão, de uma maneira ou de outra, vivendo das bênçãos da era do computador, muitos morrem delas.
Dolores
EUA, 2017, 95' - Peter Bratt
Dolores Huerta é uma das mais importantes, embora pouco conhecidas, ativistas da história dos Estados Unidos. Co-fundadora da Farm Workers Union, contribuiu enormemente para a luta por direitos trabalhistas, igualdade racial e paridade de gênero, tornando-se uma das mais notórias feministas do século XX. O filme conta a história de uma vida dedicada à mudança social.
Ebola: Sobreviventes
EUA, 2018, 83’ - Arthur Pratt
O ebola na Serra Leoa é uma das mais graves crises de saúde pública dos últimos tempos. Através das lentes de um cineasta (e pastor) serra-leonês, seguimos as histórias de três personagens no epicentro da epidemia: um motorista de ambulância, um menino de rua e uma enfermeira do centro de tratamento de ebola. O filme explora não apenas como a epidemia devastou famílias e comunidades, mas também os profundos mal-entendidos entre ONGs internacionais e as comunidades que elas atendem, além de desvelar tensões políticas latentes da longa e recente Guerra Civil no país que ainda perduram.
Está Tudo Bem
Venezuela / Alemanha, 2018, 70’ - Tuki Jencquel
A dona de uma farmácia, um jovem cirurgião, um ativista social e dois pacientes com câncer enfrentam a falta de medicamentos que está no centro da crise do sistema de saúde da Venezuela. Sua rotina inclui percorrer diariamente várias farmácias em busca de remédios, que demoram a chegar e nunca vêm em quantidade suficiente, e vasculhar a internet em busca das caixas que sobraram dos pacientes mortos.
GIG - A Uberização do Trabalho
Brasil, 2019, 60’ - Carlos Juliano Barros, Caue Angeli & Maurício Monteiro Filho
O trabalho mediado por aplicativos e plataformas digitais cresce no mundo todo. Mas o avanço da chamada 'Gig Economy', fenômeno também conhecido no Brasil por 'uberização', vem despertando debates sobre a precarização e a intensificação do trabalho numa sociedade cada dia mais conectada.
Golpe Corporativo
Canadá/EUA, 2018, 90’ - Fred Peabody
“Donald Trump não é a doença, é o sintoma.” Este filme narra a história por trás do “golpe corporativo” que se deu muito antes das últimas eleições. Tal golpe seria a origem de muitos dos problemas na democracia atual, controlada por lobistas e pelo corporativismo. Acompanhamos as consequências desastrosas para os mais vulneráveis da sociedade, incluindo residentes das chamadas “zonas de sacrifício”, como o Cinturão da Ferrugem nos EUA, onde a indústria do aço já foi muito próspera, mas que hoje sofre com o fechamento de fábricas e a terceirização. O filme capta ainda histórias devastadoras dos moradores de Camden, na Nova Jersey, que vêm sofrendo os efeitos de ideologias e políticas neoliberais, globalistas e corporativistas.
Idade da Água
Brasil, 2018, 82’ - Orlando Senna
Um alerta sobre a questão da falta de água no planeta e sobre a cobiça internacional pela Amazônia, o maior reservatório de água doce do planeta. Além de concentrar 20% da água potável do mundo, a Amazônia é a região com maior possibilidade de manter seus mananciais nas próximas décadas, graças à umidade de sua floresta.
O Custo do Transporte Global
Espanha/França, 2016, 83' - Denis Delestrac
Noventa por cento dos bens que consumimos sa?o fabricados em terras distantes e trazidos ate? no?s por navios. O filme é uma audaciosa investigação sobre o funcionamento e a regulamentação dessa indústria.
O Suplício: Vozes de Chernobyl
Luxemburgo/ Áustria, 2015, 87' - Pol Cruchten
Baseado no vencedor do prêmio nobel “Vozes de Tchernóbil - A história oral do desastre nuclear”, de Svetlana Alexievich, este filme não trata de Chernobyl, mas sim do mundo de Chernobyl, sobre o qual sabemos muito pouco. Sobreviveram relatos de testemunhas oculares: cientistas, professores, jornalistas, casais, crianças... Eles falam de suas antigas vidas cotidianas e então da vida depois da catástrofe. Suas vozes formam um longo, terrível, mas necessário suplício que atravessa fronteiras e nos estimula a questionar nosso próprio status quo.
Superalimentos
Canadá, 2018, 70’ - Ann Shin
Todos os anos um novo “superalimento”, com propriedades nutricionais extraordinárias, é apresentado ao ocidente. Este filme explora os fatos e mitos por trás dos superalimentos. Revela o efeito cascata dessa indústria nas famílias de agricultores e pescadores mundo afora, explorando paisagens e povos da Bolívia, Etiópia e do arquipélago de Haida Gwaii, no Canadá. Divulga ainda os grandes problemas gerados pela globalização dos superalimentos, incluindo efeitos imprevistos na saúde, segurança alimentar, agricultura sustentável e nas práticas de comércio justo.