A ação humana atinge as mais variadas populações de seres. Mas o desmatamento é a principal atividade que atinge em cheio a vida das abelhas, esses seres que possuem uma importância maior do que se imagina. Algo como a escassez de vegetais em grande escala seria um dos maiores problemas ambientais enfrentados pela humanidade, que não se dá conta do quanto o papel das abelhas é importante nesse processo.
São as abelhas os animais capazes de realizar a polinização com mais eficiência do que qualquer outro e dessa forma, se tornam responsáveis por 80% da polinização na natureza.
O uso de agrotóxicos também tem uma parcela de contribuição no risco de extinção das abelhas e uma das soluções para o combate à extinção desses seres é a criação de colônias para promover a multiplicação da espécie.
O papel dos meliponários
As abelhas sem ferrão são bem comuns na natureza e quando se trata do Brasil, isso é mais normal ainda. A uruçu é a abelha mais comum em Salvador, por ser uma espécie que tem uma ocorrência facilitada em região de matas úmidas, como a Mata Atlântica, vegetação predominante na cidade.
A criação dessas espécies de abelhas sem ferrão é chamada meliponicultura e a coleção de colmeias controladas é conhecida como meliponário. É nesse local onde é possível realizar a multiplicação desses seres.
O professor Guido Castangnino, pós-doutor em patologia apícola e que trabalha na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA, está à frente do meliponário que existe na Universidade, no Campus de Ondina, e costuma promover visitas de escolas ao local para levar o conhecimento e alertar para a importância da perpetuação desses seres no ambiente.
“Reflorestar é importante, é nas árvores que as abelhas firmam seu habitat e conseguem alimento. É nas plantas que elas conseguem o néctar e o pólen necessário para se alimentar [...] não adianta desmatar e plantar alguns hectares de eucalipto como desencargo de consciência, sendo que são árvores que não dão flores para a multiplicação desses animais”, diz o professor.
O meliponário da UFBA ainda tem um perfil no instagram criado pelos alunos o @meliponarioufba, onde é possível ver muitos dos registros feitos durante as atividades realizadas. Além disso, o professor Guido é o coordenador do GEMEL, o Grupo de Estudos em Meliponicultura, do curso de Zootecnia, aberto ao público e com o objetivo de espalhar o conhecimento da meliponicultura, desenvolvendo projetos de extensão com comunidades rurais, participação de congressos e publicação de estudos que são feitos pelo grupo.
“É um local de ensino, pesquisa e extensão, aqui se desenvolvem atividades, algumas voltadas para o público em geral, que é muito importante para espalhar o conhecimento e espero que a meliponicultura possa se espalhar muito mais.”
Período de enxames
Quando as estações mais quentes se aproximam, é comum que ocorram alguns enxames de abelhas provenientes do interior, quando a seca começa a aumentar e os recursos para esses animais ficam mais escassos.
Esse fenômeno é mais comum com as abelhas apis, conhecida também como abelha-europeia. Essas, sim, possuem ferrão e perturbar esses animais pode trazer sérios riscos às pessoas.
A importância da polinização
A fecundação das flores, o transporte do pólen de uma flor para outra, tem interferência significativa na qualidade dos frutos que irão se desenvolver posteriormente.
A maçã e o maracujá, por exemplo, seriam frutas completamente diferentes se não houvesse interferência desse processo que é fundamental para o desenvolvimento de sementes e impactaria diretamente na vida de muitos animais que são herbívoros.
A quebra de um ciclo como esse, a partir da escassez das abelhas em alguns espaços, impacta de maneira significativa a vida animal e, principalmente a dos seres humanos.