Neste sábado (29) é comemorado o Dia do Dublador. Antes de dar voz aos personagens, os profissionais dessa área precisam ter formação em artes cênicas e, depois, fazer um curso de dublagem. Completos, esses artistas usam o talento da interpretação para transmitir as emoções dos personagens por meio da voz, e essas vozes ficam eternizadas e são reconhecidas em várias cantos do país.
Personagens como a Priscila da "TV Colosso" (Globo, 1993-1997), a Cuca do "Sítio do Pica Pau Amarelo" (2001-2007), a Rose de "Titanic" (1997) e a Meredith Grey de "Grey’s Anatomy" (2005) foram alguns dos trabalhos de Mônica Rossi, que tem 40 anos de experiência como atriz, dubladora e diretora de dublagem. "Acho que eu não escolhi a profissão, foi a profissão que me escolheu", conta.
Aos 15 anos, Mônica começou a frequentar os estúdio de dublagem, acompanhando o dublador Mario Jorge de Andrade, na época seu marido. Ela fez um cursinho de dublagem na Herbert Richers e em três meses foi contrata como estagiária. "Nos desenhos e nos filmes nós recriamos uma coisa que já existe. O ideal é que se faça o mais próximo do original possível, embora muitas vezes, no caso de desenhos, nós temos uma certa liberdade de criação, e a dublagem fica até melhor que a versão original", conta.
A atriz Mônica Rossi | Foto: Arquivo Pessoal
O ator Manolo Rey marcou a infância de muitas crianças da década de 1990 dando voz a tipos como o Gaguinho, da animação "Looney Tunes", e ao divertido personagem de Will Smith, na série "Um Maluco no Pedaço" (1990-1996). "Desde pequeno, eu queria ser ator. Na época, nem sabia que existia a dublagem. Eu via as novelas e filmes e tentava imitar as cena. Fui fazer teatro e descobri a dublagem em 1986", lembra.
Antes de trabalhar como dublador, Rey foi vendedor e bancário, mas sua vontade era ser artista. Além de ator e dublador, ele também é diretor de dublagem e dirigiu a versão dublada das animações "Phineas e Ferb" e "Meu Malvado Favorito 3" (2017).
Manolo Rey dá voz ao Gaguinho de "Looney Tunes" | Foto: Arquivo Pessoal
O ator Guilherme Briggs também se apaixonou muito cedo pela arte de dublar e interpretar personagens. Quando criança, o pai o incentivou para que ele seguisse carreira artística. "Meu pai foi o responsável por eu virar dublador. Nós criávamos historinhas e gravávamos num gravador, e isso incentivou muito a minha carreira", conta.
Com quase 30 anos na área, Briggs já dublou personagens que marcaram época, como Buzz Lightyear, da franquia "Toy Story"; o rei Julien, da franquia "Madagascar" (2005); e Cosmo, da animação "Os Padrinhos Mágicos" (2001-2017). Mas Daggett de "Castores Pirados" (1997-2001) e o personagem-título de "Freakazoid" (1995-1997) são aqueles que Briggs mais se identificou. "Coloquei todo meu lado infantil nesses personagens, e também acrescentava algumas coisas no texto, mudava o que os diretores permitiam", comenta.
Parceiro de Briggs na dublagem de "Toy Story", o ator e radialista Marco Ribeiro é quem interpreta o cowboy Woody na animação. Ele também é o homem por trás da voz de Homem de Ferrro, vivido nos cinemas por Robert Downey Jr., há 25 anos.
Outros trabalhos de destaque da carreira de Ribeiro são as dublagens dos atores Jim Carrey e Tom Hanks. "É difícil escolher um personagem que eu mais gostei de dublar. É como ter que escolher um filho predileto, é difícil. Amo todos. Esses personagens me fizeram chegar até aqui", reflete.
Marco Ribeiro (à esq.) e Guilherme Briggs dublam personagens de "Toy Story" | Foto: Arquivo Pessoal
Fred Mascarenhas, além de ator e dublador, é músico, diretor de dublagem e comediante. Ele dublou o Donatello, no filme "As Tartarugas Ninjas – Fora das Sombras" (2016), e o Gênio, em "Smurfs e a Vila Perdida”(2017), entre outros. "Tudo que eu gostava quando criança hoje estou dublando. Isso é muito nostálgico", reflete.
O ator Fred Mascarenhas | Foto: Arquivo Pessoal
Tiaggo Guimarães também é um dos dubladores que vem ganhando destaque em sua carreira. Ele já interpretou o personagem Chase, o Ranger Paranosaauro Preto de "Power Ranger: Dino Charge" (2015-2016), e a Tia Lidia, da franquia "Hotel Transilvania" (2012).
Atualmente, o personagem Berlim da série "La Casa de Papel" (2017) é o deu mais visibilidade a Guimarães. "Não esperava tanta repercussão do personagem e da série, apesar de saber que ela tinha um grande potencial. No entanto, durante as aspirações do personagem, fui vendo que não era uma séria qualquer, que tinha algo a mais. Isso foi o que deu mais notoriedade", conta o ator.
O ator Tiaggo Guimarães dubla Berlim de "La Casa de Papel" | Foto: Arquivo Pessoal