A maior redução no número de nascimentos do país, por um lado, e a manutenção da maior migração de saída dentre os estados, por outro, deverão fazer a população baiana começar a diminuir daqui a menos de 20 anos. A Bahia deverá ser o segundo estado brasileiro a iniciar o processo de decréscimo populacional, a partir de 2035, depois apenas do Piauí, que deverá ver sua população começar a diminuir em 2032.
A redução da população baiana, a ser iniciada em 2035, deverá levar o estado a ter, em 2060, 13.825.958 de moradores, 6,7% ou 986.659 pessoas menos do que se estima que tenha hoje, em 2018 (14.812.617 pessoas).
A população baiana vai começar a diminuir bem antes da população brasileira como um todo, que só deve recuar a partir de 2048, 13 anos depois, e, por isso, deve chegar, em 2060, a 228.286.347 pessoas, ainda 9,5% maior que a estimada em 2018 (208.494.900 pessoas).
Além de ser a segunda a começar a diminuir, a queda percentual da população da Bahia até 2060 (-6,7%) será também a segunda mais profunda, menor apenas que a redução populacional projetada para o Piauí (-9,8%). Comparando-se os extremos do período considerado (2018 e 2060), somente outros dois estados terão saldo populacional negativo: Rio Grande do Sul (-3,4%) e Alagoas (-2,8%).
Dos 27 estados brasileiros, 8 não devem ter nenhuma redução populacional até 2060: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre. São unidades da Federação em que a natalidade ainda está crescendo e/ou têm saldo migratório positivo, recebendo pessoas de fora.
Mesmo perdendo população, a Bahia deverá se manter, ao longo de todo o período 2018/ 2060, como o quarto estado mais populoso do país. Continuará abaixo de São Paulo (que deverá ter aumento de 11,1% na população, comparando-se 2060 com 2018), Minas Gerais (+0,6%) e Rio de Janeiro (+2,8%) e acima do Paraná (+8,8%).
Entre 2018 e 2060, Bahia deve ter maior queda percentual no total de crianças nascidas e manterá maior migração de saída
A queda da natalidade é um dos fatores determinantes para a projeção de redução populacional na Bahia. Entre 2018 e 2060, o estado deverá ter o maior recuo percentual no número de crianças nascidas do país: -43,8%, passando de 211.097 para 118.648 nascimentos nesse período. O percentual de redução é o mesmo esperado para o Piauí.
A diminuição do número de nascimentos na Bahia deverá ser significativamente maior que no país como um todo, onde a redução será de 29,4% entre 2018 e 2060, e que a média do Nordeste (-38,4%). Dentre os estados, apenas Roraima, com uma projeção de crescimento de 1,6%, não deverá ter queda de natalidade 2018 e 2060.
Entre 2018 e 2060, a previsão é que a taxa de fecundidade (número médio de filhos tidos pelas mulheres de uma determinada faixa etária) caia mais entre as adolescentes de 15 a 19 anos (de 61 filhos a cada mil mulheres para 40 filhos a cada mil mulheres nesse grupo de idade) e, em seguida, entre as jovens de 20 a 24 anos (de 83 nascimentos para 71 nascimentos por mil mulheres).
Assim, a faixa etária de maior fecundidade média no estado avançará do grupo de 20 a 24 anos para o grupo seguinte, das mulheres de 25 a 29 anos, onde, em 2060, 82 em cada mil mulheres deverão ser mães. A segunda maior fecundidade média, em 2060, deverá ocorrer entre as mulheres de 30 a 34 anos, passando dos atuais 65 filhos para 71 filhos a cada mil mulheres.
As mulheres de 40 a 44 anos e de 45 a 49 anos de idade terão os maiores aumentos na fecundidade média, na Bahia, embora, em 2060, a previsão é que ainda permaneçam com as taxas mais baixas: de 12 filhos a cada mil mulheres de 40 a 44 anos e 2 filhos tidos por cada mil mulheres de 45 a 49 anos.
A migração de saída é também um fator decisivo para a redução da população na Bahia. Ainda que se projete uma redução de 20,5% no volume de migrações entre os estados até 2060, a Bahia deverá manter o saldo migratório mais negativo do país. A partir de 2030, estima-se que, em média, 34.692 pessoas deverão deixar o estado por ano, frente a uma estimativa, em 2018, de saída anual de 43.613 pessoas.
Redução da população masculina, entre 2018 e 2060, deve ser quase o triplo da feminina
A redução de 986.659 pessoas, na população da Bahia, entre 2018 e 2060, deverá ser puxada pela queda no número de homens. A população masculina deverá reduzir-se em 9,8%, dos atuais 7,2 milhões para 6,5 milhões em 20160, o que equivale a menos 703.184 homens no estado, no período. Esse recuo deverá ser quase o triplo do esperado para a população feminina (-3,7%, de 7,6 milhões para 7,3 milhões, ou menos 283.475 mulheres).
A migração e os maiores índices de mortalidade masculina, sobretudo entre os jovens, são fatores de forte influência nesse cenário.
Assim, embora o número projetado de mulheres também caia, a participação delas na população total deverá aumentar um pouco, passando de 51,3% dos moradores da Bahia em 2018 para 52,9% em 2060.
Número de idosos deverá mais que duplicar (+156,5%) até 2060; população de 15 a 24 anos deve ter maior queda (-44,2%)
Frente a 2018, em 2060 a previsão é que haja redução da população em todas as faixas até 50 anos de idade, na Bahia. Considerando os grandes grupos etários, que representam as diferentes etapas da vida, deverá haver aumento apenas para a população de idosos (60 anos ou mais de idade). Ela deverá mais que duplicar no estado, passando de 1.858.383 pessoas em 2018 para 4.767.653 em 2060, um crescimento de 156,5% ou mais 2.909.270 idosos nesse período.
Por outro lado, a população de adolescentes e jovens de 15 a 24 anos de idade deverá ter a maior redução percentual, -44,2%, passando de 2.531.611 em 2018 para 1.412.037 em 2060 (menos 1.119.574 pessoas).
Em seguida, virão as crianças de 0 a 14 anos, que, nesse cenário, passarão de 3.248.390 em 2018 para 1.926.402 em 2060, uma redução de 40,7%, que resultará em menos 1.321.988 pessoas nesse grupo de idade. Já os adultos, entre 25 e 59 anos de idade, grupo populacional mais numeroso, terá a menor redução em termos percentuais: passarão de 7.174.233 em 2018 para 5.719.866 em 2060, -20,3% (ou menos 1.454.367 pessoas).
O crescimento populacional concentrado nas faixas etárias mais avançadas deverá levar a um significativo aumento da participação dos idosos (60 anos ou mais) na população da Bahia. Estima-se que em 2018, eles representem 12,6% dos moradores no estado, percentual que iria a 34,5% em 2060, ou seja, pouco mais de 1 em cada três pessoas na Bahia seria idosa.
Como se espera que o aumento do número de mulheres idosas (+166,3%) seja maior que o de homens (+144,2%), a participação delas entre as pessoas de 60 anos ou mais deverá crescer dos atuais 55,9% para 58,0% - chegando a 7 em cada 10 pessoas de 90 anos ou mais.
A esperança de vida ao nascer das mulheres deverá se manter maior que a dos homens em todos os anos, até 2060, chegando para elas a 82,6 anos e, para eles, a 75,13 anos.
Envelhecimento na Bahia deverá ser mais intenso que no Brasil como um todo
O processo de envelhecimento populacional na Bahia deverá ser mais intenso que no Brasil como um todo.
A projeção é que o estado saia de uma população menos idosa que a brasileira em 2018 (12,6% têm 60 anos ou mais na Bahia, contra 13,4% no país) e de uma mediana de idade mais baixa (31,7 anos na Bahia contra 32,6 anos no Brasil) e chegue a 2060 mais envelhecida que a média, com 34,5% da população idosa (frente a 32,2% do país) e uma mediana de idade maior (48,0 anos na Bahia contra 45,6 anos para o Brasil em geral).
Nesse cenário, o índice de envelhecimento da população baiana, que hoje é o 11º mais alto dentre os 27 estados brasileiros, chegaria, em 2060, ao 3º maior do país. Passaria dos atuais 39,7 idosos de 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos (39,7%), para 196,4 idosos de 65 anos ou mais de idade a cada 100 crianças, ou quase 2 idosos para cada criança. Acima da Bahia estariam apenas Minas Gerais (217,4 pessoas de 65 anos ou mais para cada 100 de 0 a 14) e, empatados, Rio Grande do Sul e Distrito Federal (cada um com 207,1 idosos para cada 100 crianças).
A projeção de uma significativa redução da população em idade de trabalhar (-20,5% pessoas entre 15 e 64 anos entre 2018 e 2060) também deverá levar a Bahia a uma maior razão de dependência, que é a proporção de pessoas fora da idade de trabalhar e consideradas economicamente dependentes (0 a 14 anos + 65 anos ou mais de idade) em relação àquelas que estão na idade de trabalhar (15 a 64 anos).
Em 2018, estima-se que, no estado, para cada 100 pessoas em idade de trabalhar, existam 44 economicamente dependentes, ou seja, a razão de dependência é de 44,2%, apenas a 14ª mais alta dentre os 27 estados. Entretanto, confirmando-se o cenário projetado, em 2060, esse indicador irá a 70,2%, ou seja, para cada 100 pessoas em idade de trabalhar, haveria 70 economicamente dependentes – o quinto maior percentual do país.