Os partidos de esquerda estão construindo candidaturas próprias para a disputa pelo comando da Presidência da República em 2018 e com o PSOL isto não é diferente.
De acordo com o deputado estadual do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL-RJ), a legenda vem se articulando para lançar o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, para concorrer ao cargo.
Em entrevista ao LeiaJá, neste sábado (25), Freixo disse que a possibilidade de ter o líder do MTST na disputa tem animado o PSOL; sob a ótica dele, este é o momento dos partidos construírem uma postulação que possa dialogar com os movimentos sociais.
“O PSOL terá candidato à Presidência. Estamos construindo a candidatura do Guilherme Boulos. É uma possibilidade, mas isso não está dado [como certo] ainda. É uma candidatura que vem do movimento social mais importante do Brasil, que é o por moradia. E ele é uma liderança que desponta nesta discussão. Não é uma construção simples de nome, mas dialoga muito com o século 21 e permite que a esquerda diga o que está pensando do Brasil”, salientou.
Para Freixo, a esquerda hoje se faz pelos partidos, mas também por movimentos que vão além dos quadros apresentados pelas legendas.
“Uma parte da esquerda está lá com Lula, é o projeto do PT, que é importante na defesa do Lula e do papel do PT, isso são eles. Nós temos um outro projeto, que é construir um plano nacional, um projeto de Brasil e construir uma candidatura à luz desse programa e que possa dialogar com esses movimentos que hoje representam algo maior da esquerda do que o que cabe em qualquer partido”, disse. “Vai ganhar a hegemonia da esquerda um partido que souber dialogar com esse conjunto de movimentos”, acrescentou o psolista.
Questionado se há como por este plano de unidade entre partidos de esquerda e movimentos, sem que as legendas tomem posse das entidades, Marcelo Freixo argumentou que sim.
“Existe uma possibilidade grande de diálogo com esses movimentos sociais, sem se apropriar deles, querer comandar ou cooptar. Se o Guilherme Boulos vier para ser candidato pelo PSOL é uma filiação democrática, mas ele é liderança do MTST. Isso não significa que o movimento será do partido. Muito pelo contrário, não é para ser. Não é para pertencer a partido nenhum. O movimento dos sem-teto é dos sem-teto, então tem que ter uma grandeza nas relações entre movimentos e partidos, cada um tem seu papel, mas podem e devem seguir juntos”, observou.
Freixo está no Recife desde essa sexta-feira (24). Ele desembarcou na capital pernambucana para participar de um debate sobre segurança pública com o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol).
Antes dele discorrer sobre a articulação do PSOL com Guilherme Boulos, Freixo explicou que a agenda dele pelo país não tem um teor eleitoral para a corrida pelo Planalto. Nos bastidores, comenta-se que o deputado estadual do Rio de Janeiro seria uma opção do PSOL para concorrer à Presidência.
“Na verdade eu sou candidato a deputado federal. Essa minha agenda nacional, venho fazendo para ajudar na construção do PSOL enquanto trabalho de base, para estimular novas candidaturas. Acho que a gente tem que entender esse momento da política agora, tem que trazer novas pessoas para a política. A sociedade está pedindo isso. O PSOL é um partido que está conseguindo passar por tudo isso sem arranhões e pode representar algo novo para a esquerda e a política nacional. Vai haver uma disputa da esquerda do pós-Lula, seja quando for, e o PSOL tem um papel a cumprir”, cravou.
Marcelo Freixo fica no Recife até este domingo (26), na noite de hoje participa de um encontro do Vamos!, uma das alas do PSOL que tem como liderança, apesar de não ser filiado ao partido, Guilherme Boulos.