A poucas vezes ácido e na maioria das vezes candy, o antropólogo Roberto Albergaria, de excelente massa cinzenta – pois que de Roma até a Ribeira nunca se ouviu falar de gente burra e o menos favorecido pela massa cinzenta vira patrão (a não ser que faça a jeguice de ser jornalista, professor ou escritor) -, meu confrade lá do enclave de Itapagipe, que com certeza sócio vitalício da mais famosa instituição da Cidade Baixa a APA.
Uma entidade não constituída, instituída em homenagem ao deus Onã dos aquáticos e somente para os iniciados, cuja catequização começa por volta dos 10 anos de idade, pois hoje até os hormônios estão precoces.
Dentro de um comentário, esta semana com meu amigo Mário Kertész na Rádio Metrópole, se disse chateado com o valor da sua aposentadoria, pois ela vem sendo corroída pela elevação constante dos valores do plano de saúde e que às vezes falta até grana para dar um presentinho, claro que merecido, para suas amigas piriguetes ladronas.
Em minha opinião, não tem nada mais charmoso e de utilidade pública, bom para os olhos, para a alma e para todos e todas a existência neo-sacro-santa da instituição periguetélica.
Quando se fala em ser livre, deslocado, feliz com a vida, que o mundo se exploda, que os cães ladrem enquanto a caravana passa, que tudo mais vá pro inferno, que deixe a vida de quelé, deixe a vida me levar, me deixe em paz e não to nem aí..., a essência disso tudo, o amálgama, a liga, o barro, o cristal, o carbono e o diamante estão sintetizados na figura da piriguete (assim mesmo, com i).
Elas destilam sua felicidade, de bem com a vida e deixando a vida de outrem numa boa. Seu modo único de andar balanceado, com suas calças apertadas nas partes, cofrinho à parte, canela em palmo e com ou sem celulites à mostra, pois celulite não desmerece ninguém e tem quem goste a fazem parecer o estereótipo das moças suburbanas cariocas em grandes raves nas lajes. As piriguetes baianas, entretanto, têm um plus a mais. Elas chegam junto, sem vergonha de ser feliz.
E, claro que quem faz alguém feliz merece, de vez em quando um presentinho, pois é importante deixar claro que periguete é uma coisa. Escort ou menina de programa é outro. Veja o perfil de uma periguete, para você identificar de pronto uma assim que a vir:
- Riem à toa; de qualquer coisa.
- Passam a liberdade e felicidade no olhar.
- Destilam bom humor.
- Mascam chiclete e se comem um McDonald guardam o chiclete mastigado. Ou te oferecem.
- Não rebolam. Andam com firmeza em seus saltos.
- Saltos só bem altos
- As calças são do tipo leg.
- As blusas são minimalistas que é para mostrar o sutiã bem armado.
- Umbigo de fora.
- Calça de cós baixo.
- Corrente dourada ou prateada na cintura.
- Nada de brincos. Grandes argolas do tipo escravas.
- Relógio dourado de R$ 10
- Chapinha ou alisamento químico. Feitos em casa mesmo.
- Bolsas grandes a tiracolo ou capangas na cintura.
- Maquiagem carregada.
- Tem SalvadorCard embora não estude.
- Tem Carteira de Estudante que é para o acompanhante pagar meia-entrada no cinema, embora tenha deixado os estudos ou no primeiro ou no segundo grau.
- Fala tocando nas pessoas e não tem vergonha de abraçar e beijar.
- Nunca tem grana, nem para pegar uma Van.
- Não exige presente, mas é de bom tom oferecer de vez em quando.
- Se der bobeira tiram algum – nunca levam tudo – da carteira.
- Adoram Vodca.
- São enlouquecidas por um filé a parmegiana.
- Não resistem a um automóvel que tenha som alto no porta-mala.
E o resto é ser feliz, pois a companhia é agradável, pois mesmo tendo filho não fica a falar dele como se fosse o centro do universo. Se tem dívidas, quem tem de se preocupar é o banco que deu o Cartão de Crédito. Se mora longe, não é nada, pois o que não falta é carona.
A única preocupação é o que dizer ao pai, mãe ou padrasto porque está chegando tarde em casa. Nada que não possa ser esclarecido no dia seguinte, com lágrima nos olhos, pedido de perdão e charme.
E vem um novo dia. Ah! Estão sempre procurando emprego nos shoppings.
A única preocupação é o que dizer ao pai, mãe ou padrasto porque está chegando tarde em casa. Nada que não possa ser esclarecido no dia seguinte, com lágrima nos olhos, pedido de perdão e charme.
E vem um novo dia. Ah! Estão sempre procurando emprego nos shoppings.
E vem o governo querer congelar a aposentadoria de quem sabe reconhecer uma boa companhia. E gente boa é produto cada vez mais raro. Albergaria está certo em chiar. Tem meu apoio.