A moça estava sentada no banco da clínica esperando atendimento na recepção. Gripada, com febre e de tão mole nem resguardava suas vergonhas e o atendente no balcão fingindo que não estava olhando o par de coxas e ela realmente não ligava até que ele exagerou e se abaixou um pouco para ver melhor.
Foi demais. A moça descruzou as pernas, levantou e já partiu com a lixeira na mão e arremessou sem dor nem piedade na cabeça do voyeur e foi sangue para todos os lados. Como estava na clínica – hoje a maior da cidade em atendimento de urgência e emergência é só o que posso dizer–, ali mesmo foi atendido e logo em seguida recebeu uma suspensão, pois não era coisa de se fazer, ficar bisbilhotando as partes das moças e senhoras que chegam desvalidas para atendimento.
O caso só não ganhou repercussão porque o médico de plantão implorou que a moça aceitasse as desculpas e nem precisava usar o Plano de Saúde, ficava tudo por conta da casa. Mas ela me contou e eu estou contando para vocês. Então me lembrei de algumas cenas vividas em que por mais que se disfarce, o branco do olho entrega o bisbilhoteiro. Lá no Colégio Presidente Costa e Silva tinha uma professora boazuda, de nome Rizete.
Coisa maravilhosa de se ver e nenhum garoto perdia sua aula, embora não aprendesse nada de francês. Era época da minissaia e ela com os pernões à mostra e de vez em quando se espichava para escrever no quadro negro e de quando em vez o giz caia no chão e então era um suspiro retido em toda a sala.