Fui mexer em vespeiro quando, ontem, enumerei a falta de educação do baiano, tomando como base o decreto que o prefeito de La Toba (lá neles) da Espanha fez publicar para educar os moradores que têm hábitos terríveis, como escarrar no passeio público e ficar coçando o toba e cheirando.
Minha mãe foi a primeira a ligar para dizer que eu pare de tomar conta da vida dos outros e me apontou como contumaz mal educado lembrando que eu não lavo as mãos antes de sentar à mesa – coisa que eu garanto fazia quando pequeno, mas que hoje não repito.
Ela diz que odiava quando a professora me perguntava: “sua mãe não lhe deu educação”, quando na escola eu tinha a mania de pegar a merenda dos colegas para dar uma mordidinha, que muitas das vezes, por falta de controle da queixada terminava por levar metade da fruta.
Realmente, assumo, até hoje tenho a mania de pegar comida do prato dos outros. Coisa mais feia, mas que vou regular juro.
Não pense que a falta de trato com os outros é coisa da modernidade. É algo que já preocupava até mesmo Dom João VI quando chegou à Bahia.
Enquanto a classe abastada e os condes, barões e viscondes tinham escravos que pegavam o pinico com as abluções, as cagadas e a mijadas da noite, cobria com linho e jogava dentro de tonéis, sendo que os tonéis eram depois carregados por escravos para jogar nos rios, lagos, mar e ao ermo, o populacho português ( assim como seus parentes faziam lá por Lisboa desde sempre) arrumavam o que a garotada chama de “pombo sem asa”. Para quem não sabe, é defecar no papel, fazer um embrulho e jogar pela janela.
Enquanto a classe abastada e os condes, barões e viscondes tinham escravos que pegavam o pinico com as abluções, as cagadas e a mijadas da noite, cobria com linho e jogava dentro de tonéis, sendo que os tonéis eram depois carregados por escravos para jogar nos rios, lagos, mar e ao ermo, o populacho português ( assim como seus parentes faziam lá por Lisboa desde sempre) arrumavam o que a garotada chama de “pombo sem asa”. Para quem não sabe, é defecar no papel, fazer um embrulho e jogar pela janela.
Dizem até que Dom Pedro I, no Rio de Janeiro, levou nos chifres um pombo sem asas, certa vez, que partiu de uma casa aristocrática na Rio Branco. Mas também dizem que seu pai, Dom João tinha, além da mania de carregar uma asinha de frango no capote, o hábito de peidar em qualquer lugar; comia e não lavava as mãos. Tomar banho sequer era cogitado.
Hoje, em Salvador, pode ser um condomínio do “Minha Casa, Minha Dilma” ou mesmo no caro metro quadrado do Corredor da Vitória, os moradores jogam bagana de cigarro, papel de bala, lenço, cutão, saco de papel, saco plástico e lixo em geral. Cospem pela janela, assoam o nariz e deixam que o ar-condicionado fique pingando no apartamento de baixo ou na área comum do edifício.
Anos 60. Show da Jovem Guarda no Cine Roma, na Cidade Baixa, onde hoje está o Memorial de Irmã Dulce. Vão se apresentar Roberto Carlos, Vanderleia, Renato e seus Blue Caps e outros. A luz apaga e o show começa. Nisso voa um “pombo sem asas” que cai no meio da plateia. O show não foi suspenso, mas ficou insuportável respirar dentro do cinema com o terrível olor que o embrulho espalhou ao se esparramar. Coisa de baiano. Mas éramos todos moleques.