Jolivaldo Freitas

Cada policial frouxo que me aparece

 Uma colega jornalista, recentemente desabafou pelo Facebook toda sua decepção com a polícia baiana. O desabafo dela foi o de muita gente que é atendido nas delegacias ou recebem muxoxo dos PMs nas ruas.

Ela conta que estava passando às 23h30 do dia 12 passado, pela orla da Barra, em frente ao Hospital Espanhol, quando presenciou uma mulher sendo cercada por quatro marginais. Sua angústia era imensa, pois a menos de dois meses tinha passado por cena igual.


Não podia dar uma de super-herói e acelerou em direção ao Farol da Barra onde tinha uma blitz. Ela reconhece que foi mal: - Estava errada de procurar aqueles “bolhas” - observou.

A blitz estava a menos de 100 metros do local onde a mulher tinha sido abordada, e a menos de 50 metros do módulo policial que tem no Porto da Barra. Mas, quando chegou afobada para poder avisar o que tinha acabado de presenciar, um deles virou na ironia e perguntou: “Qual a roupa que eles estavam vestindo???” 
 
Ela, indignada pensou “Qual a porra da roupa que eles estavam vestindo??? Eu tava por acaso na delegacia fazendo um B.O. é???”. Enfim, respondeu: “ Senhor, eu não prestei atenção em roupa, porque não ia ser louca de ficar parada ali, mesmo que de dentro do carro, analisando que tipo de roupa que cada um dos quatro estavam vestindo... “Eu estou dizendo que tem quatro elementos cercando uma mulher desesperada, a menos de 100 metros de vocês...”  Aí mais uma vez ele olhou para ela, desdenhando, e falou: “ É. Assim fica difícil”. Ela respirou fundo.
 
Então lembrei que certa vez uma jornalista me contou que tinha presenciado um assalto nas imediações da Praia de Amaralina. Correu e pediu ajuda a uma patrulha que estava no largo das baianas e ouviu dos policiais - que estavam armados até os dentes e comendo acarajé - que nada poderiam fazer porque os bandidos eram muito perigosos. Na verdade eles estavam certos. Os idosos já diziam que sair correndo depois de comer é mesmo um perigo para a saúde. E pediram mais uma rodada, desta vez de abará. E sem pimenta para não arder.
 
De outra vez, em Juazeiro, presenciei quando dois rapazes arrombaram uma loja, pegaram sapatos e correram para o matagal na beira do rio São Francisco. Dois policiais faziam a ronda e eu dei a informação e fui mostrando onde eles entraram. O policial mais velho me disse que não podia fazer nada, pois a mata era cheia de bicho, portanto sendo perigoso entrar. “Tem cobra, aranha, rato, taturana”. Não aguentei e pirracei: - Você está é se borrando de medo do escuro. De alma penada.
 Ameaçou me dar voz de prisão.
 
E uma profissional da área de medicina caiu na besteira de se envolver com um “rapaz simpático” de Jacobina para “relação séria” pela internet. Caiu no golpe e ele sumiu com o carro dela. A senhora foi dar queixa na Furtos de Veículos e ao invés do delegado mandar investigar e correr atrás do espertalhão, quedou-se a dar lição de moral à vítima. Que segurasse a bacurinha. O toucinho. A melindrosa. A pixixita (cês sabem!). Aquietasse o facho.
 
A vítima saiu mais traumatizada do que entrara e achando que a perda do carro foi o mínimo dos males. O maior foi ir buscar ajuda da polícia. Decidiu não pagar mais impostos.