A birra é um comportamento comum em crianças, especialmente entre 1 e 4 anos, período em que estão desenvolvendo habilidades emocionais e linguísticas..
Estudos como os realizados pela American Psychological Association (APA) e pela Universidade de Yale trazem contribuições valiosas para compreender esse comportamento. A seguir, explicamos os principais fatores que desencadeiam a birra e estratégias eficazes para lidar com ela, segundo especialistas.
O que leva as crianças a fazerem birra?
Desenvolvimento emocional limitado
Até os 4 anos, o córtex pré-frontal — responsável pelo controle emocional e pela tomada de decisões — ainda está em desenvolvimento. Isso dificulta que as crianças lidem com frustrações e expressem emoções de forma racional.
Comunicação insuficiente
Muitas crianças não conseguem verbalizar necessidades ou sentimentos, como fome, sono ou desconforto. A frustração de não serem compreendidas pode desencadear explosões emocionais.
Necessidade de autonomia
Entre os 2 e 3 anos, as crianças começam a desenvolver um senso de independência. Elas podem reagir com birra quando se sentem controladas ou limitadas em suas escolhas.
Excesso de estímulos
Ambientes barulhentos, rotinas desestruturadas ou excesso de atividades podem sobrecarregar emocionalmente as crianças, levando a comportamentos de birra.
Recompensas inconscientes
Se os pais cedem à birra para evitar conflitos, as crianças podem entender que esse comportamento é uma forma eficaz de conseguir o que querem.
Segundo a educadora parental Taisa Raphael, algumas crianças não querem ouvir nada no momento da raiva. "Mas mostrar-se presente e tranquilo é o único movimento possível para ajudá-la a retornar à calma. A raiva, como qualquer outra emoção, é legítima. Às vezes, vem como uma onda pequena e, às vezes, como um tsunami."
Quando se sentem frustradas, com raiva ou medo, a parte do cérebro responsável pelas atitudes instintivas se sobrepõe à razão e os pequenos só pensam em atacar, fugir ou bater, é instinto de sobrevivência, explica a terapeuta.
Estratégias para lidar com a birra
1. Mantenha a calma
De acordo com o Child Mind Institute, a reação dos adultos é crucial. Elevar a voz ou demonstrar frustração pode intensificar a birra. Em vez disso, manter um tom de voz tranquilo ajuda a desescalar o comportamento.
2. Valide os sentimentos da criança
Dizer algo como "Eu sei que você está bravo porque não pode brincar agora" ajuda a criança a se sentir compreendida e a identificar suas emoções.
3. Ofereça escolhas controladas
Para crianças que buscam autonomia, oferecer opções simples — como "Você prefere arrumar os brinquedos ou guardar os livros primeiro?" — pode evitar conflitos.
Evite gatilhos previsíveis
Identifique e minimize situações que frequentemente resultam em birras, como sair de casa sem descanso suficiente ou ir ao mercado com fome.
Ensine formas adequadas de expressar emoções
Promova jogos, desenhos ou histórias que ensinem as crianças a comunicar sentimentos. Segundo a pesquisa da Universidade de Yale (Center for Emotional Intelligence), crianças que aprendem a nomear emoções têm menos probabilidade de recorrer à birra.
Use o reforço positivo
Elogie comportamentos desejáveis, como a capacidade de esperar ou seguir instruções. Estudos mostram que reforços positivos são mais eficazes do que punições.
A grande resposta para a questão “Como ajudar as crianças a encontrarem o equilíbrio em momentos de raiva?” mora na regulação emocional dos pais e responsáveis, explica a educadora parental Taisa Raphael. "Adultos desregulados não conseguem inspirar a segurança que elas tanto precisam nos momentos desafiadores", diz.
"Regular-se não é um movimento fácil e rápido. É um acertar e errar diário. É preciso persistência. É necessário acreditar que a calma precisa transbordar do adulto em momentos de repreensão para que a criança se sinta segura e saia do modo de sobrevivência. Talvez uma ordem de 'engole o choro', ou 'pare de bobeira' seja mais fácil e resolva instantaneamente o problema, mas a raiva fica guardada lá num cantinho e, em algum momento, volta a dar seus sinais."
Quando procurar ajuda profissional?
Embora a birra seja comum na infância, comportamentos muito frequentes, intensos ou que persistem após os 5 anos podem indicar dificuldades emocionais ou de desenvolvimento. Nesses casos, buscar orientação de um psicólogo infantil pode ser necessário.