Bahia

Número de mortes na Bahia em 2020 é o maior em 46 anos

Salvador também registrou um número recorde de mortes

Foto: IBGE
Mais mortes e menos casamentos, na Bahia e em Salvador

O número de mortes na Bahia e em Salvador deum um salto em 2020, primeiro ano da pandemia do novo coronavírus.

Foram registradas 102.189 mortes na Bahia. O número é 13% maior do que o verificado em 2019 (90.404), o que representou um saldo de mais 11.785 mortes em apenas um ano. Esse aumento não apenas foi um recorde desde o início da série histórica do IBGE, em 1974, como também foi, em números absolutos (+11.785), quase o triplo do registrado entre 2018 e 2019, quando o saldo havia sido de mais 4.175 mortes no estado.

Considerando um período mais longo, de 2000 a 2019, o aumento médio anual no número de mortes do estado fica em 1.484, ou seja pouco mais de 1/10 (12,6%) do saldo registrado entre 2019 e 2020 (+11.785).

Ainda assim, o crescimento fora da curva das mortes na Bahia, entre 2019 e 2020, foi menor do que no Brasil como um todo. No país, as mortes aumentaram 14,9% no ano passado, indo a 1.513.575, com 196.283 a mais. O total cresceu em todos os 27 estados, com taxas de dois dígitos em 24 deles.

Em termos absolutos, a Bahia (+11.785) teve o quarto maior aumento, abaixo de São Paulo (+44.152 mortes), Rio de Janeiro (+28.033) e Pernambuco (+12.090). Já em termos percentuais, a taxa de crescimento baiana (+13%) foi a sétima mais baixa, num ranking liderado por Amazonas (+32%), Pará (+28%) e Mato Grosso (+27%).

Em Salvador, o aumento da mortalidade foi ainda mais intenso do que no estado como um todo. Em 2020, foram registrados 21.139 mortes na capital baiana, 24,7% a mais do que 2019 (quando haviam ocorrido 16.955). Isso correspondeu a um saldo de mais 4.184 mortes em apenas um ano. Também foi o maior crescimento do número de mortes na capital desde o início da série histórica do IBGE, em 1974.

O aumento em termos absolutos (+4.184) equivaleu a quase cinco vezes o registrado na passagem de 2018 para 2019 (+883). Considerando-se o período de 2000 a 2019, em média foram registradas mais 198 mortes por ano na capital, isto é, o saldo de 2019 para 2020 equivaleu a 21 vezes a média dos 20 anos anteriores.

Dentre as 27 capitais, Salvador teve o quarto maior aumento absoluto de mortes entre 2019 e 2020, atrás de São Paulo (+13.962), Rio de Janeiro (+11.848) e Fortaleza (+5.491). Já em termos percentuais, o aumento de Salvador foi o décimo terceiro, num ranking liderado por Porto Velho/RO (+51,1%), Cuiabá/ MT (+41,1%) e Belém/PA (+37,6%).

As mortes causadas por doenças, chamadas mortes por causas naturais, são predominantes em toda a série das Estatísticas do Registro Civil, representando, na Bahia, entre 80% e pouco mais de 90% do total.

Em 2020 foram registradas 83.711 mortes por causas naturais, que representaram 81,9% do total no estado. As mortes por causas não naturais ou externas (acidentes, homicídios, suicídios, afogamentos, quedas) somaram 10.170, ou 10% do total. Já 8.308 mortes (8,1%) tiveram causa ignorada.

Todos os três grupos de mortes mostraram crescimento entre 2019 e 2020, mas foram as doenças (causas naturais) que puxaram o aumento geral, com uma alta de 12,8%, que correspondeu a mais 9.492 pessoas mortas por doença, na Bahia.

O aumento absoluto do número de mortes por doença no estado (+9.492) foi quase o triplo do verificado na passagem de 2018 para 2019 (+3.681). Foi ainda dez vezes maior do que o aumento médio anual de mortes por causas naturais registrado entre 2000 e 2019, de mais 842 mortes dessa natureza ao ano.

As por causas ignoradas, embora muito menos numerosas, também tiveram um crescimento importante entre 2019 e 2020, na Bahia, de 34,5%, chegando ao patamar recorde (8.308 mortes dessa natureza).

A alta da mortalidade em 2020, na Bahia, também foi muito influenciada pelo aumento de casos entre idosos. Em 2020, 67.126 pessoas de 60 anos ou mais de idade morreram no estado. O número foi 14,8% maior do que o registrado em 2019 e representou mais 8.633 idosos mortos de um ano para o outro. Esse saldo foi um pouco mais que o dobro do registrado na passagem de 2018 para 2019, quando mais 3.925 pessoas desse grupo etário haviam morrido na Bahia.

A situação foi bem parecida em Salvador. As mortes por doença cresceram 25,2% entre 2019 e 2020, chegando a 17.746 no ano passado, 3.571 a mais do que em 2019. O saldo foi pouco mais que o triplo do verificado na passagem de 2018 para 2019 (mais 1.082 mortes por causas naturais).

Já o número de pessoas de 60 anos ou mais de idade que morreram em 2020 chegou a 13.910, 27,5% maior do que o registrado em 2019, o que representou mais 3.004 mortes de idosos na capital. Esse saldo foi pouco mais que o triplo do verificado na passagem de 2018 para 2019 (+890).

Acidentes

A pandemia não impediu que, em 2020, as mortes por causas externas (acidentes, homicídios, suicídios, afogamentos, quedas) voltassem a crescer entre homens de 15 a 24 anos de idade, tanto na Bahia quanto em Salvador, após dois anos seguidos de quedas nesse indicador.

De uma forma geral, as mortes por causas externas aumentaram 1,6% na Bahia, de 10.006 em 2019 para 10.170 em 2020 (+164 em um ano). Dessas, 3.041 (29,9%) foram de rapazes de 15 a 24 anos, 3,6% a mais do que em 2019, ou mais 107 em números absolutos.

A Bahia se manteve, portanto, como o estado com maior número de mortes por causas externas de homens jovens no país, posto que ocupa desde 2015. Entretanto, em 2020, pela primeira vez, o estado foi acompanhado nessa liderança pela capital.

O total de mortes por causas externas registradas em Salvador cresceu 9,0% entre 2019 e 2020, de 1.758 para 1.917 (mais 159 vítimas). Dessas, 706 foram homens entre 15 e 24 anos (quase 4 em cada 10, ou 36,8%).

O número de jovens do sexo masculino vítimas fatais de causas externas cresceu 14,1% em Salvador, em relação a 2019, o que representou mais 87 vítimas fatais em um ano. Foi o segundo maior aumento absoluto entre as capitais, abaixo apenas do verificado em Fortaleza/CE (+113).

Isso levou Salvador, em 2020, a ultrapassar o Rio de Janeiro/RJ e assumir, pela primeira vez na série do IBGE, o posto de capital com maior registro de mortes por causas externas entre homens jovens.

Menos nascimentos

Em toda a Bahia, 187.578 pessoas nasceram e foram registradas em 2020. Foi a menor natalidade em 23 anos, desde 1997, quando 178.802 crianças haviam nascido e sido registradas no estado.

Frente a 2019 (quando haviam nascido 196.951 pessoas), houve uma queda de 4,8% no número de registros na Bahia, o que representou menos 9.373 nascimentos. Foi o maior recuo em 19 anos, desde 2001, quando os nascimentos haviam caído 5,0% no estado (menos 11.816 em relação a 2000).

A redução absoluta no número de nascimentos na Bahia entre 2019 e 2020 (-9.373) foi a segunda maior do país, abaixo apenas da verificada no estado de São Paulo, mais populoso do Brasil, onde houve, em 2020, menos 30.529 nascimentos.

No ano passado, houve queda no registro de nascimentos no Brasil como um todo e em todas as 27 unidades da Federação. Foram registrados no país 2.678.992 nascimentos, 133.038 a menos do que em 2019 (-4,7%). Atrás de São Paulo e Bahia, Minas Gerais teve o terceiro maior recuo absoluto (menos 9.045 nascimentos). As maiores quedas proporcionais ocorreram em Amapá (-14,1%), Roraima (-12,5%) e Acre (-10%). Nesse indicador, a Bahia ficou em 14o lugar.

A queda da natalidade foi ainda mais intensa em Salvador. Em 2020, nasceram e foram registradas 29.731 pessoas na capital baiana, um número 9,3% menor do que o de 2019, com menos 3.049 nascimentos em um ano.

O total de crianças nascidas e registradas em Salvador foi o menor desde 1974, início da série das Estatísticas do Registro Civil, quando 28.787 pessoas haviam nascido e sido registradas no mesmo ano. Naquela época, porém, registros tardios (realizados mais de um ano após o nascimento) representavam quase metade do total (47,9%).

A redução do número de crianças nascidas e registradas na capital entre 2019 e 2020 (-9,3% ou menos 3.094 nascimentos) foi a maior em 20 anos, desde 2000 (-5.271 nascimentos frente a 1999 ou -12,3%).

Todas as capitais apresentaram recuo no número de nascimentos em 2020. Salvador teve a quarta maior queda absoluta, atrás de São Paulo/SP (menos 12.446 nascimentos), Rio de Janeiro/RJ (-4.447) e Brasília/DF (-3.070). Em percentuais, os maiores recuos ocorreram em Rio Branco/AC (-14,8%), Macapá/AP (-13,4%) e São Luís/MA (-13,1%). A queda percentual de Salvador (-9,3%) foi a 8a maior.

Menos casamentos

As restrições impostas pela pandemia da COVID-19, em 2020, tiveram forte impacto ainda na realização de casamentos civis.

Na Bahia, o número de uniões caiu 31,1% frente a 2019 e chegou a seu menor patamar em 17 anos (desde 2003): 45.888 casamentos formalizados, 20.669 a menos do que no ano anterior. Já em Salvador, o número de casamentos caiu 26,9% em 2020, para 10.656 uniões registradas, 3.922 a menos do que em 2019 e o menor número desde 2006.

Houve quedas tanto dos casamentos entre mulheres e homens quanto daqueles entre pessoas do mesmo sexo.

Na Bahia, as uniões entre mulheres e homens recuaram 31,0%, de 66.232 para 45.697 (menos 20.535). Já aquelas entre pessoas do mesmo sexo, por serem bem menos numerosas, tiveram uma queda percentual ainda mais acentuada: -41,2%, de 325 em 2019 para 191 no ano passado. Em Salvador, os casamentos entre pessoas de sexos diferentes recuaram 26,7% (de 14.399 para 10.560), enquanto aqueles entre pessoas do mesmo sexo caíram quase pela metade (de 179 para 96, -46,4%).

Todos os recuos foram recordes nas suas respectivas séries históricas.

No Brasil como um todo, o número de casamentos civis também caiu de forma expressiva. Em 2020 foram registradas 757.179 uniões formais no país, 26,1% a menos do que em 2019 (o que representou menos 267.497 casamentos em um ano).

Houve quedas em quase todos os estados, à exceção de Tocantins, onde o número de casamentos aumentou 11,8% (de 6.119 para 6.842). A redução na Bahia foi a quarta em termos absolutos e a oitava em termos percentuais. Entre as capitais, somente João Pessoa/PB teve aumento no número de casamentos (3%, de 4.369 para 4.500). Salvador teve a quinta maior queda absoluta e a 16a em termos percentuais.