Livros

Paulo Atto lança livro sobre Censura ao Teatro nos anos 80 na Bahia

"Atto em 3 Atos & Memórias da Censura" terá lançamento virtual com depoimentos de artistas consagrados

Waldson Alves

Paulo Atto optou pela construção do livro como uma espécie de inventário emotivo

O dramaturgo Paulo Atto lança no próximo dia 14 de julho (quarta-feira), seu livro “Atto em 3 Atos & Memórias da Censura” (298 páginas, Editora do Teatro Popular de Ilhéus).

O lançamento acontecerá às 19h, de forma virtual, através do Youtube do Festival de Teatro da Caatinga (Link: https:// www.youtube.com/channel/UCDhrtISr1eeN9IIXto4QgNw). Em um vídeo especialmente criado para o momento, o autor falará sobre sua obra, formada pela trilogia de textos teatrais de Paulo Atto nos anos 1980 : “A Confissão”, “As Máquinas ou A Tragédia em Desenvolvimento” e “Até Delirar / O Banquete”.

Para o lançamento foram gravados em vídeo depoimentos e interpretação de trechos do livro atores e  atrizes consagrados que participaram das montagens como Hebe Alves, Frank Menezes, Andrea Elia, Selma Santos, Hamilton Lima e Rafael Magalhães.

Foram também especialmente convidados a atriz Claudia di Moura e o ator Ricardo Castro, que não atuaram nas montagens, mas que eram profissionais que Paulo Atto  desejava ver interpretando seus textos.

Os jovens atores de Irecê, Marcos de Assis e Mozar Nunes, do Núcleo Caatinga da Cia Avatar também interpretarão textos do livro.

 A obra, que tem prefácio de Luiz Marfuz, além dos textos de dramaturgia, possui um inventário das montagens – com o registro das encenações pela imprensa, memória fotográfica e outros documentos que buscam aproximar o público de hoje do que as montagens representaram para o autor e para os envolvidos. Há também depoimentos e narrativas sobre a censura ainda vigente na época.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Concepção

Paulo Atto optou pela construção do livro como uma espécie de inventário emotivo, histórico, dramatúrgico e artístico do período em que um grupo de atores e artistas vivenciaram a sua produção.

Esta estratégia reforça a ideia de ultrapassar a fugacidade e o efêmero das obras teatrais recuperando-as no aqui e agora com o referido contexto em que ocorreram há tempos atrás.

A obra recorre à trilogia inicial do autor - que completa em 2021 exatos 38 anos de carreira - para recuperar e contribuir com a história do teatro de grupo na Bahia, num período que, embora em processo lento e gradual de abertura, o teatro enfrentava a censura, que em alguns momentos chegou a ser branda, mas que criava um permanente conflito dos criadores e grupos com os censores.

Assim, acompanham os textos, as matérias mais importantes publicadas na imprensa relativas às montagens, fotos dos espetáculos, texto/depoimento do próprio autor sobre as condições de produção, processos criativos e contexto da época.

Fazem parte ainda do volume uma apresentação sobre cada montagem e uma espécie de “memorial afetivo” - como o próprio dramaturgo define, composto de bilhetes deixados pelos autores, histórias de bastidores, anotações de cena, fac-símiles dos programas, cartazes, convites, folhetos e panfletos; anotações da direção, pequenas histórias, cartas, observações sobre ensaios.