Cidade

Prefeitura fecha praças e academias de saúde ao ar livre em Salvador

Salvador tem mais de 450 áreas de convivência e lazer

Foto: Bruno Concha
Equipamentos de ginástica foram interditados

As principais praças e academias de saúde ao ar livre em Salvador voltarão a ser interditadas pela Prefeitura a partir desta quarta-feira (24 de fevereiro).

A ação, a ser realizada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), vinculada à Secretaria Municipal de Manutenção da Cidade (Seman), visa ampliar o isolamento social para conter o avanço da Covid-19.

Os equipamentos serão interditados no Imbuí, Nossa Senhora da Luz, Centenário, Ana Lúcia Magalhães, Lord Cochrane, João Mangabeira e Mussurunga. Para o presidente da Desal, Virgílio Daltro, os espaços públicos necessitam ser evitados neste momento, devido ao decreto do prefeito e às medidas de isolamento social.

“A interdição das praças e academias de saúde ao ar livre e de musculação serão realizados nos locais onde há maior circulação de pessoas, criando assim uma zona de prevenção para que o vírus não se espalhe entre os soteropolitanos. Por isso, pedimos a colaboração de toda cidade”, disse Daltro.

Ele lembra ainda que outras praças vão passar por vistorias e será realizada uma ação de conscientização pela equipe da Desal nas redes sociais para que os equipamentos não sejam utilizados. “Caso as pessoas continuem frequentando os locais, outras praças serão lacradas para preservar a saúde e a vida de todos”, completou o titular da Desal.

Salvador tem mais de 450 áreas de convivência e lazer e cerca de 230 academias em diversos bairros da cidade.

Praias

As praias de Salvador estarão interditadas até 2 de março, devido ao crescente número de casos de Covid-19 na capital. Nesta terça-feira (23), a Secretaria Municipal de Manutenção deu início à instalação de tapumes nos principais trechos de orla, visando isolar esses locais e fazer com que o decreto municipal que determina a interdição da faixa marítima seja respeitado.

Os tapumes já começaram a ser instalados nas praias do Rio Vermelho e Amaralina e, na Barra, também há materiais de bloqueio. A fiscalização será feita pela Guarda Civil Municipal (GCM), dentro da Operação Maré de Março, que envolverá 80 agentes, 20 viaturas, sete motocicletas e dois quadriciclos para fiscalizar o trecho de quase 60 quilômetros, entre São Tomé de Paripe e Praia do Flamengo. A operação terá o apoio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Polícia Militar e Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar).

A GCM vai fazer rondas regulares durante todo o dia, orientando a população e fazendo cumprir o decreto municipal, como foi feito no ano passado. Apenas os pescadores e as pessoas que praticam esportes náuticos estão autorizados a utilizar a faixa de areia. Em caso de descumprimento das medidas, os banhistas serão orientados pelos agentes municipais e até retirados dos locais.

Orientação e alerta – O inspetor-geral da GCM, Marcelo Silva, explica que as abordagens são feitas com o intuito de orientar a população e, apenas nos casos de desacato e de resistência, os agentes realizam a condução do cidadão até a delegacia mais próxima. Desde que as operações começaram em março do ano passado, apenas 18 pessoas foram conduzidas por situações de exaltação e de desacato aos agentes.

“Essa ação, sobretudo, vai passar uma mensagem de que precisamos novamente adotar mais cuidados, de que não podemos ir à praia e nem aglomerar. As praias têm sido um ambiente propício aos riscos de contaminação, principalmente, porque as pessoas têm uma resistência em utilizar a máscara no local. Estamos vendo o crescimento do número de casos de pessoas infectadas pela Covid-19, então o momento agora é da colaboração de todos, de pensar na coletividade, nos amigos, familiares e no próximo”, alerta o inspetor.

No final de março, período de início da transmissão do coronavírus em Salvador, o acesso às praias já havia sido proibido, com o objetivo de conter a proliferação da doença e proteger vidas. As praias começaram a ser reabertas na segunda quinzena de setembro, diante da redução do número de casos, da ocupação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19 e de óbitos. Agora, diante do crescimento dos casos, uma nova interdição precisou ser feita pela Prefeitura.

Protocolos

A infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Adielma Nizarala, explicou a necessidade de os cidadãos reforçarem os cuidados e seguirem os protocolos de biossegurança no combate à doença.

“O reforço nas medidas de cuidado e prevenção contra a Covid-19 são essenciais para conter o vírus. Não aglomerar é um ponto muito importante. Precisamos ter o distanciamento social, ou seja, conversar com as pessoas sempre de longe. Também não se deve fazer a retirada da máscara quando estiver na presença de outras pessoas, e o uso do álcool deve ser constante. Temos certeza de que a probabilidade de transmissão é praticamente zerada quando a máscara é utilizada de forma adequada e há um distanciamento superior a 1,5 metros entre as pessoas”, disse.

A especialista avalia que Salvador vive este momento crítico da pandemia com a nova onda de contaminação, em decorrência da má interpretação da flexibilização. “Acredito que, desde setembro, quando começamos a ter uma diminuição do número de casos aqui em Salvador e começou a ser feita uma flexibilização, na tentativa de retomar aos poucos as atividades econômicas e sociais, as pessoas não tenham entendido muito bem que isso não se traduzia por liberdade total. Trocaram a palavra flexibilização por liberação, começaram a relaxar com as medidas de proteção. Somado a isso, vieram as festas de final de ano e o verão, que, apesar de não ter sido igual aos outros anos, existiu aglomeração”, afirmou Adielma.

A infectologista lembrou que a Covid-19 pode se apresentar em pacientes de forma assintomática, por isso, é importante restringir o contato, mesmo com pessoas da família. “Se eu tenho que conviver com alguém sem máscara, essas pessoas são as que eu convivo todos os dias, dentro da mesma casa. Nesse momento, não devemos considerar seguro o contato com um primo que veio visitar, um tio que chegou de viagem. No ponto de vista de segurança contra o vírus, eles não fazem parte do núcleo familiar e o risco pode ser alto”, explicou.

Segundo a médica, a reclusão é a única forma eficiente para diminuir o número de casos em curto prazo e evitar a propagação da doença. “Não vejo nos próximos 15 dias uma possibilidade de redução de casos, a não ser realmente que as pessoas adotem medidas de proteção extrema. Adotar a reclusão, só sair realmente quando for necessário e jamais deixar de fazer uso da máscara são as únicas formas de barrar a evolução da doença. Só assim vamos conseguir melhorar”, disse.

Adielma acredita que o aumento no número de casos também esteja relacionado à presença de uma nova cepa, além da falta de cuidado das pessoas. “Ainda não podemos dizer que essa nova cepa é mais agressiva. No entanto, o fato dela ser mais transmissível deixa a população mais suscetível a ter casos graves. Além disso, a gente também observa que a faixa etária dos casos graves diminuiu. Antes, víamos casos graves em pacientes de 60, 70, 75 anos, agora já acontece em pessoas de 34, 40 anos nas UTIs”, finalizou.